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Helio Santos. (Foto: Alberto Lima). |
A
fala do capitão Jair Bolsonaro, candidato do PSL, no programa Roda Viva (TV
Cultura em 30/7/2018), CONTRA as políticas afirmativas para negros (apelidadas
de cotas pela mídia), foram referendadas em 2012 pelo STF por unanimidade.
Todos os estudos – e são vários – confirmam que essa é uma das políticas que
mais reduziu a desigualdade brasileira; nosso mal maior. Sou professor há mais
de 40 anos e posso afirmar que nossa Universidade Pública melhorou, pois
conquistou mais diversidade o que enriquece o ambiente e facilita o
desenvolvimento geral. Sei que diversos analfabetos políticos antes de
terminarem de ler o texto dirão que é mimimi ou fake. Muitos são cegos de
boa-fé, mas não todos. Por isso o link para que se possa ver o programa vai
abaixo.
Na
ocasião, Bolsonaro insinuou que se estava a “dividir o país entre negros e
brancos”. Falou coisas piores como: “o negro não é melhor” e que “não há dívida
histórica” e finalmente “passa um sabão” nos negros determinando que estes
deveriam estudar. Quanto a dividir o país, o capitão demonstra um brutal
desconhecimento (imperdoável para quem quer presidir o Brasil) sobre um
sem-número de dados que escancaram essa divisão já posta na sociedade. “O negro
não é melhor”; uma verdade. Mas não pode ser também o pior, pois quem vem na
condição de escravizado e não na de imigrante já saí em larga desvantagem.
Quanto a “dívida histórica” está pontuada ao longo de 354 anos de escravidão.
Assusta um ex-oficial do exército ser tão analfabeto em Brasil. Algum tempo
antes (3/abril/2017), no Clube Hebraica no Rio, o candidato do PSL se referiu
aos quilombolas como se estes fossem animais. Por essa afirmação houve até
denúncia de racismo ao STF em que Bolsonaro escapou por um triz.
Duas
perguntas preciso fazer e gostaria da atenção de todos, mas em particular dos
pretos e pardos (negros):
Com
problemas tão graves a serem enfrentados na Educação Brasileira, não lhe parece
estranho o foco do capitão em RETIRAR DIREITOS dos negros que o próprio STF
assegurou?
Tratar
negros dessa forma lhe parece razoável para alguém que pretende ser presidente
de um país de MAIORIA NEGRA (54 % segundo o IBGE)?
A
primeira coisa que a sociedade brasileira já deveria saber, e em particular a
população negra, é que o capitão Bolsonaro é um cão que ladra e morde. Ele e
seus seguidores não ameaçam (rosnam) apenas; partem para a ação com destemor.
Como exemplo, vejam o absurdo da destruição da placa que homenageia uma mulher
negra brutalmente fuzilada no Rio: Marielle Franco.
Trago
para as negras e negros e aos demais grupos étnicos que não compactuam com o
RACISMO uma PROPOSTA-CONCEITO: DESVOTAR.
Aqueles
que votaram ou que sabem de algum conhecido que votou em Bolsonaro no primeiro
turno devem DESVOTAR. Ou seja: mudar o seu voto a favor de um Brasil sem ódios.
Para aqueles eleitores negros que forem seus conhecidos, sugiro esclarecê-los
com a verdade. Para aqueles que não conseguem votar no PT, apesar do Segundo
Turno ser um aglomerado novo de setores e não mais apenas um só partido – peço
que anulem seu voto. Nunca fui petista, mas nunca antes exercerei meu direito
de voto com mais determinação: votarei no Professor Fernando Haddad, que nesse
momento encarna a possibilidade de não mergulharmos num Brasil que será
particularmente mais hostil ainda para nós negros.
O
que não podemos fazer de maneira alguma é fortalecer o nosso algoz, que a bem
da verdade não esconde o seu desprezo por nós – ele e seus seguidores, que já
estão se revelando fora do controle. Afinal, a população negra não pode ser
confundida com uma imensa esquadrilha de kamicazes. Amamos a vida. (Por Hélio
Santos, no Brasil de Carne e Osso).
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