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Estimativa de 70 mil pessoas na Lapa pela Democracia. |
Aos
gritos de “Ele, não!” e “Lula presente, Haddad presidente”, cerca
de 70 mil pessoas estiveram nos Arcos da Lapa, zona central do Rio de Janeiro,
na noite desta terça-feira (23) para o “Ato da Virada – Brasil pela
Democracia”, realizado em apoio ao candidato do PT à Presidência da República,
Fernando Haddad.
O
ato, que teve a participação de artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso,
foi marcado pelo repúdio às recentes declarações do candidato do PSL, Jair
Bolsonaro, que ontem (22) ameaçou seus opositores com “a prisão ou o exílio” e afirmou que colocará as forças de segurança
do país para “dar no lombo” dos “petralhas” e dos “bandidos do MST e do MTST”.
Haddad,
que passou o dia no Rio em atividade na Favela da Maré e em reuniões com
representantes das comunidades judaica, evangélica e católica, criticou as
afirmações de Bolsonaro: “Ele disse que
depois das eleições eu teria dois destinos: a prisão ou o exílio. Eu fiz uma
opção: resolvi derrotar Jair Bolsonaro. Eu não o quero preso nem exilado. O que
eu quero é que ele viva com saúde para ver os negros na universidade, as
mulheres emancipadas e donas do seus destinos, as terras indígenas demarcadas,
os nordestinos progredindo com água, comida, trabalho e educação”, disse.
O
candidato do PT adotou um tom duro contra o adversário: “Ele disse que quer acabar com o ‘coitadismo’ de mulheres, negros,
nordestinos e gays. O meu recado pra ele é: Jair, se olha no espelho, o coitado
é você, que não passa de um soldadinho de araque e só fala grosso porque tem
gente armada à sua volta. Você não é capaz de enfrentar um debate, não é capaz
de enfrentar uma entrevista sem censurar jornalista livre”.
A
atividade pública de Bolsonaro também foi criticada: “Foram sete mandatos de nada, com o dinheiro público pagando o teu
salário. São 28 anos no Congresso Nacional propagando o ódio, sem apresentar
uma ideia, medíocre que fosse. Não sai nada dele que não seja o pior do ser
humano. Ele só sabe agredir, difamar e caluniar, e agora se sabe como: através
das fake news nas redes sociais bancadas por amigos empresários que apoiam o projeto
neoliberal que ele representa”.
Haddad
falou também sobre a possibilidade de virar o jogo até o dia da votação e a
necessidade de "dar razão às pessoas' para conquistar as pessoas. "Não estou falando dos coxinhas que sempre
nos odiaram, mas das pessoas que estão revoltadas porque estão desempregadas ou
deixaram a universidade", explicou. "A essas pessoas nós precisamos abraçar e sentar para conversar daqui
até o domingo. Vamos dialogar, eles não são nossos inimigos. Vamos fazer um
projeto fraterno e avançar do ponto de vista social. Domingo nós vamos ganhar a
eleição. Estou sentido no ar uma virada. Nós começamos a crescer e ele começou
a cair. Nós temos cinco dias para fazer crescer ainda mais essa onda positiva."
Frente ampla pela democracia
Representantes
de todos os partidos do campo progressista usaram o microfone para confirmar o
apoio a Haddad e defender a democracia contra a ameaça representada pelas
propostas de Bolsonaro: “Esta eleição
está ocorrendo sob fraude, crime eleitoral e mentira. Neste momento, o Brasil
está correndo o sério risco de legitimar pelo voto uma ditadura no país.
Corremos o risco de eleger um ditador corrupto e mentiroso. Queremos defender o
direito de discordar e a democracia”, disse a deputada federal Jandira
Feghali, do PCdoB.
Candidato
do Psol no primeiro turno, Guilherme Boulos também mandou um recado a
Bolsonaro: “Esse é um momento de luta
pela democracia no nosso país. É preciso ter lado, ter coerência. Não cabe
ficar em cima do muro, não cabe neutralidade porque neutralidade em um momento
como esse significa cumplicidade. Há um candidato a presidente que ameaça as
instituições, que ameaça seus opositores com a prisão ou o exílio, que diz que
vai tratar como terroristas os movimentos sociais. O único jeito de acabar com
o MTST é construir 6 milhões de casas no país”.
Ao
lembrar Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, o deputado
federal eleito Marcelo Freixo, do Psol, proporcionou um dos momentos mais
emocionantes da noite: “Bolsonaro, a sua
capacidade de provocar medo não é e nunca será maior do que a nossa capacidade
de sonhar por liberdade e democracia. É a eleição mais importante da história
das nossas vidas porque precisamos derrotar um projeto fascista. Pelo terror,
tiraram de nós a Marielle, que estaria aqui conosco neste momento”, disse.
O
senador petista Lindbergh Farias que, segundo Bolsonaro, irá em breve para a
cadeia “apodrecer” ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também
alertou para o risco que corre a democracia no país: “Está muito claro que o plano do Bolsonaro é levar o Brasil em direção a
uma ditadura. Bolsonaro vem dizendo há muito tempo o que quer fazer no Brasil.
O símbolo dele não é Geisel, não é Médici, é o Brilhante Ustra”, disse.
Lindbergh também criticou o Supremo Tribunal Federal: “Impressiona a covardia do STF neste momento da nossa história. Nenhuma
resposta à indústria de fake news que foi montada no país”.
Falando
em nome do PSB, o deputado federal reeleito Alessandro Molon comparou Bolsonaro
ao presidente Michel Temer, do PMDB: “Estamos
aqui nesta praça porque acreditamos na força transformadora da educação. Por
isso vamos votar em quem defende dar para cada criança do nosso país um livro,
um lápis e uma borracha e não uma arma. Quem faz uma campanha suja não pode
fazer um governo limpo. Temos que tirar o Brasil do atoleiro em que Temer,
Bolsonaro e sua turma o colocaram”, disse.
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Desde os anos 1970 Chico Buarque e Caetano Veloso não dividiam as mesmas paixões no mesmo palco juntos e ao vivo. (Foto: Ricardo Stuckert). |
Importantes
figuras da história política nacional também foram lembradas durante o ato: “Se estivesse vivo, Leonel Brizola certamente
estaria neste palco. Nós trabalhistas, brizolistas, nacionalistas votaremos em
Haddad no domingo”, disse Vivaldo Barbosa, fundador e militante histórico
do PDT.
Representando
o PV, o deputado federal Fabiano Carnevale afirmou: “Somos o partido de Chico
Mendes, que também estaria aqui apresentando ao mundo a ameaça que é a
candidatura do Bolsonaro que quer entregar a Amazônia e retirar o Brasil do
Acordo de Paris”.
Chico e Caetano
A
participação de artistas rendeu momentos emocionantes durante o ato: “Temos que
apagar da mente brasileira a ideia de que o cafajeste é quem nos representa. É
isso que precisamos negar dentro de nós. Precisamos encontrar meios de dizer
àqueles que se deixaram hipnotizar por essa onda. Eu estou aqui por causa
disso, para evitar a ‘cafajestização’ do homem brasileiro. A eleição de
Fernando Haddad e Manuela D'Ávila representará a dignidade do povo brasileiro,
de cada homem brasileiro”, disse Caetano Veloso.
Chico
Buarque afirmou que “a eleição de Haddad é difícil”, mas disse preferir crer
que ainda é possível virar o jogo: “Imagino
que lá fora, muita gente – cidadãos conservadores, de direita, cristãos, os
chamados coxinhas – tenham votado no candidato fascista e agora estejam vendo a
onda de boçalidade que toma conta das ruas cada vez mais e que depois do
primeiro turno só fez piorar e ninguém sabe onde vai parar a matança de gays,
de mulheres, de trans, de estudantes, de capoeiras que ousaram dizer que
votaram no PT. Nas periferias, onde afinal está o povo que mais sofre com a
miséria e a violência, e votaram por mais miséria e mais violência, eles talvez
na última hora virem o voto. Não queremos mais mentiras, não queremos mais
força bruta. Queremos paz, queremos alegria, queremos Fernando e Manuela”. (Com informações da RBA).
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