Representantes
e emissários de Michel Temer, aproveitando a nova campanha publicitária do
governo federal ''Intervenção federal no Rio: Guerra e você, tudo a ver'',
começaram a circular a informação de que o ocupante do Palácio do Planalto
passou a ser um nome viável para as eleições presidenciais de outubro.
Logo
ele, que continua menos popular que aquela broca mais fininha do dentista.
Diante
disso, colegas com boa fé passaram a calcular suas chances, abusando do uso do
tempo condicional. Ou seja, se as Forças Armadas entregarem o esperado efeito
placebo na capital carioca, se houver geração em massa de empregos formais, se
o Brasil não levar outro chocolate alemão na Copa.
Ou
se Mercúrio retrógrado fizer com que os brasileiros esqueçam a forma como
enxergam Temer. Em outras palavras, um denunciado por corrupção que comprou
votos com dinheiro público para escapar; um vice que, ao invés de esperar o
desenrolar do processo de impeachment, conspirou contra sua colega de chapa; um
homem que no Dia Internacional da Mulher disse que a maior participação do
gênero feminino na economia era através da administração do orçamento doméstico;
um presidente que mentiu, afirmando que fiscais do trabalho haviam caracterizado
escravidão em uma construtora devido à falta de uma mera saboneteira em um
chuveiro de um alojamento, escondendo mais de 40 outras irregularidades.
Temer
é um político pragmático. A menos que esteja usando alguma droga forte, sabe
bem que é mais fácil o tal camelo passar pelo buraco da tal agulha do que ele
conseguir se eleger. Sobre esse feito, deixo claro que há dúvidas se o camelo
do trecho bíblico é mesmo o animal ou uma tradução da palavra ''corda'' e se a
agulha refere-se, na verdade, a uma passagem em um muro. Mas esse questionamento
é uma informação completamente irrelevante para o texto, tanto quanto uma
análise eleitoral, hoje, com Temer no páreo.
Caso
se candidate, dirá que é para resgatar um mínimo de respeito público através da
defesa do seu, digamos, ''legado''. Mas é provável que esteja tentando vender
alto o apoio da máquina do governo a outro candidato, seja no segundo turno
(caso ele resolva sair candidato) ou já no primeiro.
O
custo para isso pode ser a garantia de um foro privilegiado para ele, que
ficará descoberto sem mandato, diante de pendências criminais. O oferecimento
de um ministério, como o das Relações Exteriores pode ajudar ao futuro
ex-presidente a não cair nas mãos da Lava Jato na primeira instância e, portanto,
estaria de bom tamanho.
Claro
que esse combinado teria que ser garantido por baixo do pano, afinal poucos
candidatos competitivos gostariam de Temer a menos de 100 metros de distância
de suas campanhas. Por outro lado, se ele resolver sair, será o para-raios mais
que perfeito, atraindo todas críticas ao seu mandato e aliviando para os
aliados.
Particularmente,
se eu fosse ele, tomaria cuidado com promessas. Tem gente que garante que vai
estar junto até o fim. Mas, quando fareja o poder, abandona qualquer um no meio
da rua. Imagino que ele conheça pessoas desse tipo. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).
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(Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters). |
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