Congresso em Foco - Pré-candidato à Presidência da República, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) sofreu uma dupla derrota no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (7). Por unanimidade, os ministros da Primeira Turma rejeitaram recursos apresentados pela defesa do parlamentar contra a abertura de dois processos – por incitação ao crime de estupro e por uma queixa-crime por injúria, apresentada pela deputada Maria do Rosário (PT-RS). Os ministros confirmaram, assim, a decisão tomada em junho do ano passado de tornar o deputado réu nos dois processos.
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Bolsonaro discute com Maria do Rosário no Plenário. Foto: Fotógrafo/ABr. |
Bolsonaro
responderá aos processos por ter dito, em discurso no plenário da Câmara, em
dezembro de 2014, que Maria do Rosário “não merecia ser estuprada”. O deputado
reiterou os ataques à colega em entrevista publicada no dia seguinte pelo
jornal gaúcho Zero Hora. “É muito feia, não faz meu gênero, jamais a
estupraria”, declarou.
Nos
embargos de declaração, Bolsonaro alegava “obscuridade” na decisão da Turma,
sob o argumento de que a campanha da deputada [#eunãomerecoserestuprada] não
teria se iniciado em razão da fala dele. Ele também questionava o não
reconhecimento da incidência da imunidade parlamentar no caso.
Relator
dos recursos e dos processos, o ministro Luiz Fux concluiu pela “absoluta
ausência dos vícios alegados” pelo deputado. Fux ressaltou que, para a análise
da decisão do recebimento da denúncia, é insignificante verificar a data em que
teve início a referida campanha. O acórdão cuidou unicamente de distinguir o
lema da campanha, do sentido e da conotação que simbolicamente foram empregados
pelo deputado, tendo o ato sido caracterizado, de início, como delituoso. “O embargante visa, pela via imprópria,
rediscutir os temas que já foram objeto de análise quando da apreciação da
matéria defensiva no momento do recebimento da denúncia pela Primeira Turma”,
alegou o ministro, no que foi acompanhado pelos demais ministros.
O
Supremo aceitou a abertura das duas ações penais contra Bolsonaro em 21 de
junho de 2016, por quatro votos a um, Em 2014, o deputado subiu à tribuna logo
depois de um discurso feito por Maria do Rosário sobre os 50 anos do golpe
militar de 1964. Com severas críticas ao regime de exceção, a deputada
despertou a indignação do colega de Parlamento (veja no vídeo abaixo), capitão
da reserva e ferrenho defensor do militarismo.
“Não
saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos
dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não a
estuprava porque você não merece. Fique aqui para ouvir”, disse Bolsonaro em 9
de dezembro de 2014, logo após discurso da deputada sobre o Dia Internacional
dos Direitos Humanos e a divulgação do relatório final da Comissão Nacional da
Verdade.
“A
violência sexual é um processo consciente de intimidação pelo qual as mulheres
são mantidas em estado de medo”, disse o ministro-relator, Luiz Fux, ao emitir
o parecer pelo acolhimento das denúncias. Os ministros Edson Fachin, Rosa Weber
e Luis Roberto Barroso acompanharam o voto do relator. “Imunidade não significa
impunidade”, destacou Rosa Weber.
Com
a decisão, o deputado passa a responder formalmente por uma acusação no STF,
passando da condição de alvo de inquérito para investigado em ação penal. Se
for condenado, pode pegar de 3 a 6 meses de prisão, além de multa. Na ocasião,
Bolsonaro publicou em seu Twitter uma imagem informando sobre a decisão da
corte: “Diante de tantos escândalos no país, a ética e a moral serão
condenadas?”.
A
defesa do parlamentar alega que ele não fez qualquer incitação ao estupro e que
é autor de projetos que endurecem punição a estupradores. “Ele é conhecido por
projetos de lei que tendem a aumentar as penas de crimes e para que condenado
por crime sexual deve ser submetido a castração química para obter benefícios.
É uma mentira insinuar que o deputado tenha incitado a prática de qualquer
crime”, alega a defesa.
Veja o vídeo.
Veja o vídeo.
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