Brasil de Fato - O número de entidades da sociedade civil que se posicionam contra a
reforma da Previdência, que tramita atualmente na Câmara Federal como Proposta
de Emenda Constitucional (PEC) 287, aumenta a cada dia, e até parlamentares da
base aliada do governo de Michel Temer estão se manifestando contra a medida.
Até
esta quarta (1º), mais de 150 entidades da sociedade civil assinaram uma carta
aberta contra a reforma. O documento foi divulgado no final de janeiro pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), após ser aprovado por unanimidade pelo
Conselho Pleno, instância máxima da instituição.
A
carta afirma que a PEC “está fundamentada
em premissas equivocadas e contém inúmeros abusos contra os direitos sociais”.
Citando os Artigos 194 e 195 da Constituição Federal, a entidade critica ainda
o discurso governista de que haveria um déficit previdenciário e lembra que a
Previdência integra o sistema de Seguridade Social, tendo, portanto, múltiplas
fontes de financiamento.
Também
há desaprovação de algumas normas impostas pela reforma, como a exigência de
idade mínima de 65 anos para homens e mulheres; o tempo de 49 anos de
contribuição para acesso à aposentadoria integral; a precarização da
aposentadoria do trabalhador do campo; e o impedimento de acumulação de
aposentadoria e pensão.
Por
fim, o documento reprova a campanha midiática em favor da PEC 287 e destaca que
“informações questionáveis” estão sendo levadas à população. Diante disso, a
OAB pede que o governo federal divulgue as receitas da Seguridade Social com
total transparência, mostrando, entre outras coisas, as renúncias fiscais que
têm sido concedidas.
Segundo
dados da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), tais
renúncias chegam a R$ 69 bilhões (assista ao vídeo abaixo). A entidade, que é
uma das que acompanham o fluxo de caixa previdenciário, também apoia a carta da
OAB.
Congresso
No
Legislativo, membros da base aliada do governo afirmam que a proposta é
excessivamente austera com o trabalhador. Um deles é o primeiro vice-presidente
da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), que, na última quinta-feira (23),
anunciou o rompimento com o governo de Michel Temer.
Ao
comunicar a ruptura, o peemedebista justificou a atitude pela indicação do
deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o cargo de ministro da Justiça e
aproveitou para criticar a PEC 287. “Sou favorável à reforma, mas não da forma
como ela está”, disse, acrescentando que a matéria não deve passar na Câmara.
Ramalho
está atualmente à frente da bancada mineira, que conta com 53 deputados federais,
e tem dito que irá trabalhar para dissuadir os colegas de votarem
favoravelmente à PEC.
O
peemedebista promete ainda mobilizar todos os parlamentares insatisfeitos com o
governo para que o texto da reforma da Previdência seja reeditado. Ou seja, ele
deve causar boas dores de cabeça ao Planalto, uma vez que a vice-presidência é
também um cargo bastante estratégico no atual momento político.
Como
o país está sem vice-presidente da República, sempre que Temer se ausentar do
Brasil, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), irá substituí-lo no
cargo, enquanto Ramalho assumirá interinamente a chefia da casa legislativa.
Nesses momentos, ele terá em suas mãos o poder de definir a pauta de votações
da Câmara.
![]() |
De carater austero, reforma endurece as regras de acesso aos benefícios previdenciários. Foto: Marcelo Casal Jr./ Agência Brasil. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!