O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (7) o texto principal da medida provisória que reformula o ensino médio (MP 746/16). Foram 263 votos favoráveis, 106 contrários e 3 abstenções.
Publicado
originalmente no Portal da Câmara
Os
destaques, que são tentativas de modificar o texto, serão analisados na próxima
terça-feira (13). Já foram apresentados 11 pedidos de modificação.
O
aumento da carga horária e a divisão dos temas a serem estudados, com a
possibilidade de os alunos optarem por áreas de afinidade, são os principais
pontos da proposta enviada pelo Poder Executivo.
Segundo
o parecer aprovado na comissão mista que analisou a MP, o aumento da carga
horária do ensino médio terá uma transição dentro de cinco anos da publicação
da futura lei, passando das atuais 800 horas para 1.000 horas anuais. O tempo
será dividido entre conteúdo comum e assuntos específicos de uma das áreas que
o aluno deverá escolher: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências
humanas e formação técnica.
No parecer da comissão, as disciplinas de artes e educação física voltaram a ser obrigatórias. A comissão também aumentou, de quatro para dez anos, o período em que o governo federal deverá ajudar estados com recursos para o ensino integral.
A
discussão da MP nesta quarta-feira sofreu forte obstrução de PT, PCdoB, Psol e
outros partidos de oposição. Os contrários ao texto argumentam que a falta de
investimento do setor vai inviabilizar medidas propostas, como o ensino
integral.
Queda na qualidade
Já
os deputados favoráveis destacaram que a queda na qualidade do ensino médio
obriga uma mudança metodológica. O deputado Thiago Peixoto (PSD-GO) lembrou que
essa queda é demonstrada nos resultados do Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes (Pisa). A pontuação do Brasil no Pisa caiu nas três áreas
avaliadas: ciências, leitura e matemática. No ranking mundial, o País ficou na
63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª em matemática.
“Só sete países são piores que nós. E isso
impõe a necessidade de medidas rápidas e urgentes. Vamos dar ao jovem a
oportunidade de escolher o seu destino”, disse Peixoto.
Para
o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), a medida provisória marca o início de uma
mudança no ensino. “Não poderíamos ficar
com os braços cruzados vendo a educação brasileira ir para o brejo. Estamos
apenas avançando e precisamos avançar muito mais”, disse.
A
queda na qualidade do ensino médio também foi apontada pelo deputado Rogério
Marinho (PSDB-RN), para quem a medida provisória rompe com um “imobilismo” na
discussão de mudanças mais profundas. “O
governo faz bem em romper esse imobilismo, esse tema é discutido há mais de 20
anos”, disse. Para ele, as corporações trabalham contra mudanças. “Quando se fala na necessidade de discutir
métodos de alfabetização, as corporações de sindicatos de professores não
deixam”, disse.
Falta de recursos
O
deputado Bacelar (PTN-BA), no entanto, afirmou que o investimento deveria se
concentrar na infraestrutura das escolas públicas brasileiras e na qualificação
de professores. “Essa reforma vai bagunçar o ensino brasileiro e é impossível
de ser implementada. Nas nossas escolas, quando chove, molha mais dentro do que
fora”, criticou.
O
líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), disse que a realidade da educação
brasileira é de escassez de recursos. “Falar em reforma do ensino médio
massacrando professores com a reforma da Previdência e a PEC dos Gastos é uma
mentira”, disse ele. Para Valente, a proposta tem um viés elitista do ensino
público, ao focar em educação profissionalizante.
Os
professores foram defendidos pelo deputado Chico Alencar (Psol-RJ). “Qualquer mudança educacional precisa do
envolvimento não só do setor docente, mas da valorização de sua formação
educacional”, afirmou.
Alcance da reforma
O
deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que poucos alunos serão beneficiados. “A
proposta traz aumento de 1.400 horas só no enunciado, mas a meta é de 500 mil
alunos e somos 8,3 milhões de estudantes. Estamos fazendo duas escolas no País:
uma que vai ter tudo e uma que não vai ter nada”, declarou.
O
presidente da comissão mista que analisou a reforma do ensino médio (MP
746/16), deputado Izalci (PSDB-DF), disse que o texto que está em discussão no
Plenário inclui a reivindicação de 90 emendas e sugestões propostas em
audiências públicas e pela população, por meio do portal e-Democracia.
“Vamos colocar o aluno como protagonista,
para que ele possa decidir aquilo que gosta, a sua vocação. Só no Brasil temos
este modelo ultrapassado”, disse Izalci.
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Plenário aprovou aumento da carga horária e divisão de temas a serem estudados no ensino médio. Foto: Luís Macedo/Câmara do Deputados. |
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