Apesar
da recomendação do Ministério Público para ampliar as religiões representadas
no centro ecumênico dos Jogos Olímpicos, o Comitê Organizador Rio 2016 não vai
contemplar religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé.
O
locai vai oferecer cerimônias do cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo e
budismo das 7h às 22h, com rituais em português, espanhol e inglês. Ao todo,
mais de 10 mil atletas olímpicos e 4 mil paralímpicos de 200 países ficarão
abrigados na Vila Olímpica.
Publicado
originalmente no Brasil Post
Em
6 de julho, o Ministério Público Federal recomendou ao presidente do comitê,
Carlos Arthur Nuzman, que revisse a medida. Ele tinha o prazo de cinco dias
para responder, o que não aconteceu. O comitê também não se reuniu com a
Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.
“O Brasil conta com mais de 588 mil adeptos
de religiões de matriz africana, sendo que o estado do Rio de Janeiro concentra
significativo número de seguidores dessas religiões”, argumentam os
procuradores regionais de Direitos do Cidadão Ana Padilha e Renato Machado.
Segundo o último censo do IBGE, há pouco mais de 148 mil seguidores fluminenses
de religiões de matriz africana.
Eles
citam o artigo 5º da Constituição, de acordo com o qual, todos são iguais e é
"inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
liturgias".
O
Ministério Público lembra ainda que, de acordo com o artigo 215 da
Constituição, o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
A
Lei 12.288/2010 determina que o poder público adotará medidas para o combate à
intolerância com religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus
seguidores.
Além
das religiões de matriz africana, que respondem por 0,3% do total de
praticantes de religião no Brasil, o espiritismo, com 2% dos brasileiros
religiosos, também não terá representantes de plantão no local.
O
comitê não respondeu aos questionamentos da reportagem do HuffPost Brasil.
Antes da recomendação do MP, o órgão informou que havia priorizado as cinco
religiões mais seguidas pelos atletas que participarão das competições com base
em levantamento estatístico. O comitê disse ainda que o centro estará aberto
para adeptos de todas as religiões.
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Seguidores de religiões afrobrasileiras não estão representadas no Rio 2016 / Tomaz Silva /Agência Brasil |
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