Um
grande juazeiro transplantado da Caatinga acolhe os visitantes na entrada do
Museu Cais do Sertão e antecipa a personalidade ali homenageada. Era também à
sombra de uma dessas árvores que Luiz Gonzaga lamentava a perda do amor e
cantava ai juazeiro/ela nunca mais voltou/diz, juazeiro/onde anda meu amor. O
compositor e instrumentista pernambucano, morto em 1989, aos 76 anos, seria
velado na cidade de Juazeiro do Norte antes de partir para a sua Exu natal. Seu
legado musical é relembrado no espaço inaugurado no Recife, em mostra que
permanecerá por cinco anos, quando outro artista deve tomar o local.
Adaptado
a um antigo armazém portuário, ao custo de 97 milhões de reais, o Cais do
Sertão é um projeto multimídia em que a tecnologia se alia a obras e
instalações específicas, sob a idealização de Isa Grinspum Ferraz, uma das
responsáveis pelo Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. No caso da mostra a
Gonzaga, o espaço expositivo de 2 mil metros quadrados soma objetos pessoais,
como trajes e sanfonas, alguns são réplicas, seus roteiros de programas de
rádio, gravações, imagens e documentos.
![]() |
Em torno do mandacaru de Luis Hermano se espraia e universo de Gonzaga. |
A
herança pessoal, porém, se amplia ao universo do Sertão, com maquetes, cenários
que replicam residências típicas, ferramentas de trabalho e obras de técnicas
artísticas tradicionais. É o caso das xilogravuras de J. Borges, um dos mestres
do folclore nacional também no cordel, cerâmicas de Mestre Vitalino, fotos de
Miguel Rio Branco e uma árvore de alumínio de Luis Hermano, desta vez um
mandacaru.
O
material audiovisual contextualiza a cultura sertaneja desde o filme do
pernambucano Marcelo Gomes que dá início ao percurso. Como ele, outros
realizadores locais registraram o cotidiano daquele ambiente, caso de Lírio
Ferreira, Paulo Caldas, Kleber Mendonça Filho e Camilo Cavalcanti. A percepção
do Sul na influência de Gonzaga e seu entorno se qualifica nos filmes de Leandro
Lima, com a contribuição de José Miguel Wisnik, Carlos Nader, Sérgio Rozemblit,
entre outros. O Cais do Sertão ainda será ampliado em mais 5,5 mil metros
quadrado com salas para exposições temporárias, auditório e restaurante. (Via Carta Maior)
Confira
a música que inspirou a criação desse espaço
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!