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Segundo dados do censo 2010 do IBGE, Altaneira -CE continua tendo uma população de maioria católica. Na imagem, jovens e pessoas acima de 30 anos na novena de São José. Foto: João Alves |
Segundo
pesquisa divulgada na segunda-feira, (22/07) pela ONG Católicas pelo Direito de
Decidir, 56% dos jovens católicos (de 16 a 29 anos) e 43% dos que têm mais de
30 anos apoiariam se a igreja decidisse ser favorável à união entre pessoas do
mesmo sexo.
O estudo foi encomendado ao Ibope Inteligência para analisar o perfil dos brasileiros a respeito de questões como aborto, união entre pessoas do mesmo sexo, uso da pílula do dia seguinte, proibição do sacerdócio para mulheres, celibato e punição para religiosos envolvidos com pedofilia ou corrupção.
Considerando
a pesquisa globalmente, incluindo católicos, evangélicos, outras religiões,
agnósticos e ateus, os números são inferiores: 51% dos jovens e 41% dos que já
passaram dos 30 apoiariam a união homossexual. Nesse recorte, o perfil mais
conservador é dos que se declaram evangélicos, entre os quais apenas 34% dos
jovens até 29 anos e 28% dos que têm mais de 30 apoia total ou parcialmente.
Entre
os pesquisados católicos, 62% dos jovens discordam total ou parcialmente da
prisão de uma mulher que precisou recorrer ao aborto e, entre os que têm mais
de 30 anos, o índice cai para 59% (no geral, incluindo todas as religiões, os
dados são muito próximos: 63% e 58%, respectivamente). O estudo mostra que 82%
dos jovens católicos e 76% dos mais velhos acham que a igreja deveria
“permitir” que as mulheres católicas usassem a pílula do dia seguinte.
Quando
o Ibope perguntou aos católicos sobre a punição rigorosa aos religiosos
envolvidos em pedofilia, assédio sexual ou corrupção, 90% dos jovens e 88% dos
mais velhos apoiariam totalmente ou em parte.
Para
a coordenadora da ONG, Regina Soares Jurkewicz, nas questões relativas à moral
e à sexualidade, a pesquisa mostra distanciamento entre a realidade social e a
política da igreja. “Há uma tendência de dissonância entre o que a igreja prega
e a prática das pessoas.” Segundo ela, o levantamento revela a grande
insatisfação dos católicos em relação “à política do silêncio” com a qual o
Vaticano tenta impedir o aprofundamento das investigações sobre pedofilia e
corrupção na igreja. “São católicos, mas não praticam o que a igreja diz”,
afirma Regina, não só em relação à pedofilia, mas em relação às questões morais
e sexuais em geral.
Estratificado
por escolaridade, o estudo do Ibope demonstra que, quanto menos a pessoa
estudou, mais conservadoras são suas opiniões. Por exemplo, 52% dos que têm até
a 4ª série discordam total ou parcialmente da prisão da mulher que recorrer ao
aborto por necessidade, número que sobe para 59% da 5ª à 8ª série e entre os
que têm ensino médio e para 67% com nível superior. “A pesquisa mostra a
influência do acesso à educação na sociedade. Quanto mais as pessoas estudam,
mais têm condições de refletir e ter acesso à informação”, diz Regina.
Sobre
o papa Francisco, em visita ao Brasil esta semana, a coordenadora do Católicas
pelo Direito de Decidir considera que o novo pontífice, pelo menos até o
momento, tem um aspecto positivo e outro negativo ou ainda por esclarecer. “Ele
tem posturas muito simpáticas ao focar sua atenção mais nos pobres, não
ostentar nada muito rico. Mas no que tem a ver com moral sexual não tivemos
nenhum sinal positivo”, lembra. “Enquanto bispo, aliás, ele se mostrou contra o
casamento entre pessoas do mesmo sexo.”
Para
Regina Soares Jurkewicz, “não é só o papa, mas a cúria como um todo precisa
olhar com mais atenção para essa e outras questões”.
A
pesquisa foi realizada entre maio e junho de 2013. O Ibope Inteligência ouviu a
opinião de 4.004 brasileiros, entre os quais 62% (2.496) se declaram católicos,
23% evangélicos e 15% são adeptos de outras religiões, agnósticos ou ateus.
Cerca de 31% do total (1.224) tinham entre 16 a 29 anos de idade e 2.780 mais
de 30 anos. (Via RBA/Pragmatismo Político)
Vamos nós: O posicionamento
dos jovens entrevistados é louvável e significa um avanço para a classe
religiosa católica tida como conservadora. É significante, porém não basta. Só
apoiar não levará a uma mudança de postura desse gueto que tem sido e vem sendo
um dos maiores entraves para a superação da intolerância e um dos empecilhos
para a conquista efetiva da laicidade em nosso país. A iniciativa dessa mudança
quanto aos temas levantados acima precisa ser tomada pelos fieis também. Não
basta apoiar, tem que incitar. Tal postura deve ser feita nos diversos
municípios brasileiros, como por exemplo, em Altaneira – CE, onde, de acordo
com os dados do censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, a população continua sendo de maioria católica. O que não impede que os
fieis de outros grupos religiosos também os faça.
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