Grupo de Estudos Preta Simoa compartilhará experiências antirracistas em sala de aula

 

( 📷 Reprodução | Redes Sociais).

Por Valéria Rodrigues, Colunista

O professor José Nicolau criou o Grupo de Estudos Preta Simoa (GEPS). Segundo ele, a iniciativa visa compartilhar experiências antirracistas desenvolvidas por professoras, professores e estudantes da educação básica.

Nicolau destaca ainda que o grupo terá momentos de aprofundamento teórico a partir da leitura de artigos científicos e de livros de profissionais de diversas áreas do conhecimento que tenham como foco a educação antirracista.

A primeira reunião do GEPS será em Agosto. Pensando em atender as pessoas que residem em outros municípios, os encontros ocorrerão quisenalmente aos sábados, sempre a partir das 14h , via Meet.

"Quer se juntar a nós? Entre em contato por meio de nossas redes sociais ou por e-mail. Venha fortalecer a nossa causa", asseverou Nicolau.

Quem foi Simoa

A Preta “Tia Simoa” foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido (José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 em Fortaleza – Ce , episódio que ficou conhecido como a “Greve dos Jangadeiros”, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde. No entanto, apesar de sua importante participação para a mobilização popular que impulsionou os acontecimentos, esta mulher negra teve sua participação invisibilizada na história deste Estado onde, ainda hoje, persiste a falsa premissa da ausência de negros, conforme pontuou a historiadora Karla Alves.

Saiba mais sobre ela aqui.

Como ressignificar o 13 de maio?

 

I Semana Afro-Cultural da Frente Negra Altaneirense realizada em 2014 dentro do Projeto ARCA, em Altaneira. (FOTO/ Acervo do Blog).

 O 13 de maio é uma data para reflexão crítica. Isso porque é muito transparente o fato de o fim do trabalho escravo não ter significado cidadania aos ex-escravizados e às pessoas negras. Nos primeiros anos e décadas pós 1888, reconhecia-se essa data, especialmente na comunidade negra, como sendo uma data relevante, mas a realidade se impôs de forma absoluta: liberdade sem dignidade, liberdade com racismo”. É o que aponta a historiadora Wania Sant'Anna, consultora de Diversidade e Inclusão da Daniel Advogados.

Apesar do 13 de maio ser marcado pela assinatura da Lei n.º 3.353, conhecida como Lei Áurea, fato que coloca a Princesa Isabel como a pretensa salvadora dos negros escravizados, a data não é comemorada pelo movimento negro brasileiro, por diversos motivos, que incluem o contexto histórico em que a assinatura da lei estava inserida.

A socióloga e professora Najara Costa, ativista e ex-candidata à Prefeitura Municipal de Taboão da Serra pelo PSOL, explica que a abolição de 1888 foi inconclusiva, pois não atendia às necessidades do povo preto. Questões como educação, moradia, trabalho e saúde não foram debatidas de forma que os negros e ex-escravizados pudessem conquistar os acessos, segundo ela.

É importante destacar que mesmo com o 13 de maio de 1888, não houve políticas para que a população negra ocupasse os espaços institucionais, pelo contrário, se consolidou no Brasil um projeto de embranquecimento da nação, inclusive com a vinda de imigrantes europeus para trabalhar nas indústrias”, aponta a socióloga.

Segundo a História, a abolição não foi uma ação benevolente da princesa e do Senado, derivada do modelo econômico baseado no trabalho escravo, que precisava ser substituído pelo trabalho livre. O fim da escravidão no Brasil foi impulsionado por diversos fatores, entre eles, uma importante participação popular. Cada vez mais escravizados, negros livres e brancos se juntaram aos ideais abolicionistas, sobretudo, na década de 1880.

Pré e pós-abolição

As principais táticas que antecederam o 13 de maio eram reuniões em diferentes associações abolicionistas, bem como a realização de eventos artísticos para angariar apoio ao movimento negro. Segundo o doutor em História, Willian Lucindo, é necessário também destacar as rebeliões e fugas de pessoas escravizadas e a atuação dos abolicionistas negros para que o caminho até a data de abolição pudesse ser trilhado. As organizações quilombolas, de acordo com o especialista, também foram marcos de suma importância para o decreto que botava fim na escravidão.

Ainda, podemos olhar para a legislação abolicionista, mas não como meros marcos legais do processo. É preciso observar as ações e reações das populações negras. Lucimar Felisberto dos Santos apontou que, após a promulgação da conhecida ‘Lei do Ventre Livre’, em 28 de setembro de 1871, aumentou o número de casos de mulheres escravizadas participando de fugas com suas crianças porque elas entendiam que podiam perdê-las quando completassem oito anos de idade”, pondera o doutor.

Willian Lucindo ainda destaca que é necessário ponderar o que aconteceu a partir de 13 de maio. De acordo com o doutor em História, os dias subsequentes tiveram verdadeiras ondas de comoção bastante complexas.

De um lado, muitos abolicionistas negros e brancos buscaram criar instituições voltadas para a integração de ‘libertos’ – como acabaram denominando todas as pessoas negras na época, na sociedade pautada pelo trabalho livre – por meio de escolas, associações de ajuda mútua”, explica.

De outro lado, alguns antigos escravocratas pediam que o governo obrigasse os ‘libertos’ a ocupar algum ofício, outros pediam que se reforçasse a política de imigração. As pessoas negras, de um modo geral, deram demonstração de que entendiam a liberdade como igualdade às pessoas brancas, era mais do que o direito a trabalhar em troca de salário”, avalia William.

Ele destaca ainda que, de um modo geral, as instituições governamentais buscaram controlar as populações negras e garantir que se mantivessem nos postos de trabalho do período do escravismo, enquanto as populações negras procuraram se distanciar ao máximo das situações e lugares que lembravam o cativeiro.

Também foram nos dias subsequentes que se tornou mais forte a ideia de que as pessoas negras eram mais propensas a vadiagem, ao crime e, no caso específico das mulheres negras, à prostituição”, pontua.

A historiadora Wania Sant’Anna complementa e afirma que muito importante compreender o papel do Estado na implementação de políticas a partir de 14 de maio de 1888 e como isso, efetivamente, beneficiou pessoas brancas e funcionou como um dos alicerces na efetivação das teorias racistas contra a população negra e recém liberta.

Os negros, homens e mulheres, foram descartados e interditados pós-13 de maio e o que nós temos de desigualdade étnico-racial no Brasil de hoje tem raízes em decisões como essas da política de imigração europeia. E, nesse caso, ainda orientada com o objetivo de embranquecer o país”, ressalta.

Para além do 13 de maio

Historicamente, outros momentos foram marcantes para o fortalecimento do povo negro e, diferentemente do 13 de maio – em que até hoje uma mulher branca é a protagonista – houve representatividade preta e brasileira. Para Amailton Magno Azevedo, professor do Departamento de História da PUC-SP, o movimento negro não reconhece o 13 de maio por que elegeu outras datas que melhor expressam a luta contra o racismo e valorização da negritude.

Temos o 20 de novembro em 1971, data conquistada pelo movimento negro gaúcho. O 20 de novembro relembra a importância e relevância do papel de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo dos Palmares e morto pelo sistema escravocrata, exatamente no dia  20 de novembro de 1694. Essa data alterou o marco histórico da consciência e libertação negra, até então centrado no dia 13 de maio de 1888”, avalia o pesquisador.

Em 1798, por exemplo, aconteceu a Conjuração Baiana, revolta negra e popular. Também conhecida como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, o levante tomou ruas de Salvador (BA) e foi uma das maiores manifestações do tempo em que o país vivia uma monarquia. A luta era por uma sociedade mais democrática, republicana e com condições que permitissem a equidade racial no Brasil. A independência do Haiti, primeira república negra do mundo, e a Revolução Francesa influenciaram a organização da revolta.

Já em 1835, ocorreu no Brasil a Revolta dos Malês. Contra a escravidão e pela liberdade religiosa, negros oriundos de vários países, mas em sua maioria muçulmanos, protagonizaram um importante levante pela liberdade. A revolta teve uma liderança feminina importante para o país: Luísa Mahin, que lutou pela liberdade de seu povo até ser presa. Seu filho, Luís Gama, seguiu os passos da mãe e é considerado um dos maiores abolicionistas do Brasil.

A Revolta dos Malês, em 1835, segue sendo um marco histórico na luta por liberdade, porque nos oferece a oportunidade da complexidade da comunidade negra escravizada, como o papel das Irmandades Negras na compra das alforrias”, salienta Wania Sant’Anna.

Entre 1838 e 1841 acontece a Balaiada, levante em que o povo negro se uniu aos vaqueiros e camponeses no Maranhão contra as péssimas condições de vida que levavam. O movimento, também conhecido como Guerra dos Bem-te-vis, visava o combate à pobreza e à miséria que tomavam conta da província. Foi a mais longa e numerosa revolta popular ocorrida na região.

No pós-abolição, em 1910, aconteceu a Revolta da Chibata. Liderada por João Cândido, também conhecido como “Almirante Negro”, o levante foi organizado por marujos negros contra os castigos físicos, baixos salários e as péssimas condições de trabalho da época. Mesmo com a escravidão abolida em 1888, práticas escravagistas continuavam violentando os negros como punições com chicote.

A Greve dos Queixadas, que aconteceu entre 1962 e 1969 também teve protagonismo negro. Contra as péssimas condições de trabalho, o movimento, também conhecido como a Greve dos Perus, foi a primeira grande greve sindical brasileira. O levante começou numa fábrica de cimentos no bairro de Perus, na cidade de São Paulo. A greve durou sete anos, em plena ditadura militar.

Temos muitos atos individuais e coletivos que merecem ser lembrados, reconstituídos, informados à sociedade brasileira como sendo a história das pessoas negras, africanas e seus descendentes no Brasil”, pontua a historiadora Wania Sant’Anna”.

Como ressignificar o 13 de maio?

Para Amailton Magno, é possível ressignificar o 13 de maio, considerando as novas pesquisas históricas sobre o tema. Ele explica que a historiografia realça que a abolição não deve ser compreendia apenas por um ato pessoal de uma representante da monarquia, mas da participação ativa de abolicionistas negros, como André Rebouças e José do Patrocínio, bem como das pessoas escravizadas que organizaram suas revoltas contra o sistema escravocrata.

Ainda que conservadores, como José de Alencar, defendessem a continuidade escravidão, a pauta abolicionista e negra saiu vitoriosa. Sob esse prisma, o 13 de maio foi também uma obra e conquista negra”, salienta o professor.

A professora e socióloga Najara Costa reforça que é imprescindível lembrar do 13 de maio como uma data de luta, voltada a pautar o Estado e a política. Ela pondera que observar a questão racial para analisar os espaços sociais é necessário, bem como problematizar esses assuntos, a fim de trazer políticas para que as instituições assumam o compromisso contra a desigualdade.

Portanto, o 13 de maio serve como data para trazer à memória o que foi a violência da escravização, mas também essa violência moderna, que permite que as desigualdades ainda persistam”, finaliza.

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Com informações do Alma Preta.

Expocrato: Não é sobre os ingressos

 

Expocrato:  Não é sobre os ingressos. (FOTO |UP Movies). 
 

Por Alexandre Lucas, Colunista 

 

Surgida em 1944, como Exposição Agropecuária do Crato, atualmente Exposição Centro-Nordestina de Animais e Produtos Derivados, se caracteriza como um dos maiores eventos agropecuários do Norte-Nordeste, dentro do seu complexo de atividades se destaca o festival de shows musicais (Expocrato). Esse evento precisa ser rediscutido do ponto de vista de gestão e de função socioeconômica, por ser uma concessão pública.     

A “Exposição do Crato”, como ficou conhecida ao longos dos anos, tem uma forte ligação com a cidade e a economia local, possui um fervor afetivo com a região e suas identidades culturais, local de reencontros de gerações, mas desde o seu nascedouro mostra a cara perversa da desigualdade social e da estratificação socioespacial. A “exposição” é um espaço de mistura segregado.

A festa popular, vai dando lugar a festa de quem pode pagar.  É preciso estudar a movimentação econômica da Expocrato para compreender o seu fluxo, os investimentos públicos e o retorno para as cadeias produtivas regionais. É possível esse evento gerar desenvolvimento econômico para a região numa escala de ampliação para os setores mais populares da região metropolitana do Cariri? Possivelmente essa questão merece estudo e tomada de posição política.   A sensação que temos é que somos um Brasil de Portugal dentro desta festa. Somos tratados como colônia e daqui retiram as nossas economias.

Essa festa não pode ser só visitada pela sua população, mas deve ser também consumida de forma acessível, não podemos permitir que a Expocrato tenha tabela de aeroporto, preços exorbitantes.    

A Exprocrato não pode ser tratada como espaço público de interesse privado.  Se faz necessário estabelecer critérios que orientem para princípios de desenvolvimento econômico regional, que reduzam impactos ambientais e que promovam a diversidade e a pluralidade estética, artística e cultural da região num parâmetro de equidade, sem ser gueto e sem ser colônia.

As universidades públicas da região metropolitana do Cariri devem ser incluídas no processo de gestão da Expocrato, pelo papel político que cabem em contribuir com o desenvolvimento regional, como é o caso da URCA e da UFCA. A Agricultura Familiar e os movimentos agroecológicos devem também compor essa arquitetura gestacional.

As empresas devem se submeter a lógica do Estado e não o contrário, na parte dos shows por exemplo, o norte  deve ser o Sistema Estadual de Cultura (SEC), principal marco legal das políticas públicas para Cultura no Ceará. Vale lembrar que SEC não é uma política da Secretaria de Cultura, mas antes de tudo uma política de estado para cultura.   

A Expocrato não é uma festa apenas, ela alimenta várias cadeias produtivas, tem uma dimensão empreendedora imensa, conecta o Cariri a várias partes do país, essa capacidade de negócios é estratégica para a região. É primordial defender a descentralização de recursos gerados pela Expocrato e que esses recursos sirvam de aterro econômico para o Cariri.    

Território Criativo do Gesso realiza atividades com fotografia neste sábado

 

Território Criativo do Gesso realiza atividades com fotografia neste sábado. (FOTO/ Reprodução/ WhatsApp).

Por Naju Sampaio

Neste sábado vai ocorrer mais uma vez o Passeio Fotográfico, às 8:30 da manhã, com local de encontro na sede do Coletivo Camaradas, que é responsável pela atividade.  A ação é realizada no Território Criativo do Gesso sempre no segundo sábado do mês e possui como objetivo observar o território e trazer um debate sobre o espaço urbano e o direito à cidade.

Nesse encontro será debatido sobre a existência de uma "Cidade Desplanejada" e contará com a participação das arquitetas e urbanistas, Ráyra Fêlix e Flávia Alves, que são integrantes do Núcleo de Direito à Cidade. Para além do debate sobre a cidade, o Passeio Fotográfico possibilita também a partilha de conhecimentos sobre a linguagem fotográfica.

De acordo com Cristóvão Teixeira, professor do curso de direito da Universidade Federal do Cariri (URCA), os passeios fotográficos permitem que as pessoas tenham contato com a realidade social e produzam fotografias que  servem à divulgação da situação da ocupação da cidade e dos espaços urbanos. A atividade permite a formação de um senso de pertencimento ao território, estimulando o olhar para o entorno e criando novas perspectivas de criação da imagem urbana.

Ainda no sábado, o professor Cristóvão, juntamente com Fabiana Cruz, membro do GEDHUF e estudante do curso de direito da UNILEÃO, ministrarão uma Oficina Fotográfica sobre a Construção da Imagem. A oficina ocorrerá na URCA, Campus São Miguel, às 14:30. A atividade foi idealizada para fomentar o debate sobre o patrimônio cultural e ambiental da região do Cariri, juntando o poder da imagem, com o compartilhamento de técnicas fotográficas, e também a partilha de imagens já produzidas por excelentes fotógrafas e fotógrafos que  construíram e constroem a imagem territorial da região.

Ailton Krenak recebe título de Doutor Honoris Causa pela UnB nesta quinta (12)

 

(FOTO | Neto Gonçalves|Divulgação).

líder indígena Ailton Krenak receberá da Universidade de Brasília (UNB) o título de Doutor Honoris Causa. A homenagem será realizada na quinta-feira, 12, às 16h30. Para convidados, a cerimônia acontece no auditório da instituição. A comunidade poderá acompanhar o evento em transmissão ao vivo pelo canal da UnBTV no YouTube.

O título de Doutor Honoris Causa a Krenak foi aprovado pelo Conselho Universitário (Consuni) da UnB em dezembro de 2021. Na ocasião, o vice-reitor Enrique Huelva, disse que “Krenak é um filósofo imprescindível para este momento. Ele acrescenta novas ontologias que transcendem a divisão entre a natureza e o ser humano”.

A data da entrega do título foi definida em memória ao lançamento oficial da Aliança dos Povos da Floresta ocorrida em 12 de maio de 1989, em São Paulo, sob a liderança de Ailton Krenak, da União das Nações Indígenas (UNI), e Chico Mendes, do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS).

A partir da década de 1980, Ailton Krenak passou a se dedicar à articulação do movimento indígena. Em 1987, durante as discussões da Assembleia Constituinte, foi autor de um gesto marcante que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso dos direitos indígenas.

Honoris Causa

A concessão do título pela UnB é atribuída a personalidades que tenham se destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. A recomendação da homenagem ao líder indígena foi feita pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da universidade.

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Com informações do Geledés.

O Sítio Urbano do Gesso é exemplo para a Cidade

(FOTO |Reprodução |WhatsApp).

Por Naju Sampaio

O Sítio Urbano é um espaço de cultivo de plantas frutíferas e medicinais desenvolvido no Território Criativo do Gesso. Às margens da linha férrea são cultivadas as mais diversas plantas pelos próprios moradores, que cuidam e usufruem, de forma comunitária, dos frutos e ervas produzidas. Em novembro de 2019 foi aprovada uma lei, de número 3.612/2019, reconhecendo o sítio urbano e responsabilizando a secretaria de desenvolvimento agrário, meio ambiente e urbanismo e a SAEEC no sentido de subsidiar o Sítio Urbano do Gesso com orientação técnica e insumos.

Segundo, Arlene Pessoa, bióloga e professorada da URCA, o Sítio Urbano é muito importante, uma vez que auxilia na diminuição da poluição e da temperatura, como também na drenagem da água das chuvas. Além disso, também contribui para a melhoria da qualidade de vida dos moradores, reduzindo o estresse, servindo de alimento e oferecendo o acesso ao tratamento de diversas doenças com as plantas medicinais.

A manutenção do espaço é organizada de forma comunitária pelos moradores e as organizações do seu entorno, como Coletivo Camaradas e Projeto Nova Vida, apoiam e auxiliam na divulgação. Joana Araújo, que tem sua residência de frente para o sítio urbano, disse que ela e os vizinhos se articularam para a plantação e o cuidado. São estipulados limites onde cada um rega e poda as plantas e limpa o espaço, deixando o território bonito e agradável, tanto para os moradores quanto para os visitantes.

A moradora, Eliete Silva, que cuida e mantém as plantas, alegou que muitas pessoas vão até sua casa pedir as plantas, desde malva, capim-santo, manjericão, erva-cidreira, limão, maracujá e tantas outras que são cultivadas no sítio. São distribuídas também as mudas para quem deseja fazer o cultivo na própria residência. De acordo com Eliete, o cultivo e o cuidado com a área verde, funcionam como uma terapia.

Para Arlene, no cuidado do Sítio Urbano é necessário um trabalho de conscientização junto à comunidade voltado para a importância de se manter um projeto dessa magnitude, sendo necessário sempre o comprometimento das pessoas dispostas. Como também é importante o auxílio da secretaria de meio ambiente do município para apoio e valorização do projeto.

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Naju Sampaio é estudante de jornalismo e bolsista/integrante do Coletivo Camaradas.

Comunidade do Gesso: Urbanização para o encontro

 

Comunidade do Gesso, em Crato. (FOTO/ Reprodução/ Whatsapp).

Por Alexandre Lucas, Colunista

O largo do Gesso (Crato-CE), onde fica localizada sua quadra, funciona como epicentro da comunidade, a partir de seus condicionadores históricos e sociais. O Largo abrigou por anos um depósito de gipsita (Gesso), nas margens da linha férrea, onde eram transportadas nos vagões de trem para serem beneficiadas na capital cearense. O que deu origem ao nome da comunidade. O depósito e a linha férrea são elementos importantes para compreensão dos processos de organização e estratificação socioespacial.

O largo do Gesso, tinha um triangulação inscrita pela linha férrea que serviu como divisor de pessoas e demarcação de uma das maiores zonas de prostituição da região Sul do Estado do Ceará, o “Cabaré do Gesso”, composto por cerca de 4 quadras preenchidas por bares, boates e quartos que serviam como residências para as profissionais do sexo. A Zona de prostituição teve início na década de 50 do século passado por ordem judicial, uma juíza da época determinou que todas as casas de prostituição localizadas no centro da cidade deveriam se instalarem na localidade e estipulou um prazo de alguns dias.

Esses dois fatores, a triangulação férrea e a zona de prostituição são elementos estruturantes para refletir sobre ocupação do lugar, as relações identidades e organização comunitária e o perverso processo histórico de estigmatização social e exclusão das políticas de urbanização e planejamento urbano.

Quando tomamos como objeto de estudo, o largo do Gesso e o colamos como epicentro da comunidade, podemos perceber que suas ramificações de circulação de  transportes são interrompidas e a as vias de acessibilidade são caracterizadas por obstáculos, o que demonstra de forma nítida o significado das intervenções urbanas como ações indissociáveis das relações humanas.

Outro fator que deve ser considerado neste aspecto é a localização  geográfica da comunidade que tem no seu entorno cinco bairros da cidade do Crato (Palmeiral, São Miguel, Santa Luzia, Pinto Madeira e Centro), o qual denominamos desde Território Criativo do Gesso desde 2015. A criação e animação do conceito desse Território, é uma estratégia politica de articulação em rede das organizações da sociedade civil e do poder público visando contribuir para integração territorial, no sentido de aproximação ações e de reduzir as distâncias entre Lugar e Território.

O Território Criativo do Gesso, surge em 2015, por iniciativa do Coletivo Camaradas pela necessidade de tentar entender como a lugar (comunidade do Gesso) se relacionava como o seu entorno, bem como o inverso.

Quando é realizada a somatória de organizações da sociedade civil e do poder público no Território Criativo do Gesso fica evidente a sua potência a partir da cultura, tendo em vista, o conjunto de iniciativas no campo da educação  e da cultura que atuam de forma direta e indireta no Território (escolas, universidade, ONGs, coletivos, grupos da tradição, igrejas, centros espiritas, terreiros, pousadas, hotéis, bibliotecas, espaços de memória, etc.).

O Território Criativo do Gesso fortalece a ideia de retirar as linhas divisórias que separam as pessoas e os seus espaços e aponta como caminho de urbanização a reparação histórica, a criação de linhas de encontros entre as gerações, redução de impactos ambientais e reconhecimento da sua potência criativa.

Uma urbanização para encontro neste caso especifico, pressupõe ter o largo do Gesso, como centro de gravitação da mistura de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Possibilitar a criação de um espaço com condições envolver as diversas gerações é essencial para combater a estigmatização social e as zonas de conflito. Uma urbanização que contemple a segurança e o bem estar social das crianças, mulheres e idosos é essencial para promover uma lógica que se afaste da dureza dos planejamentos urbanos construído na frieza e na distância da realidade de quem constrói as paisagens sociais e culturais locais.

Nesta perspectiva,  a linha férrea, é algo que essencialmente deve desaparecer para constituir um novo fluxo de circulação na comunidade que possibilite condições de acessibilidade, iluminação e mobiliários urbanos, o que incluir também abertura de novas vias de acesso.

A política urbana do improviso, populista e a ausência do planejamento urbano tem gerado consequências diretas como: alagamentos, redução de ruas, pavimentações inconsistentes e o desenfreado asfaltamento.

No quesito asfaltamento é preciso reconhecer que o largo do Gesso recebe um volume significativo de água provindas de diversas ruas asfaltadas das áreas mais altas gerando uma situação temerosa e de dificuldade de trânsito.      

A urbanização deve considerar a sua área verde, impulsionando um paisagismo que potencialize o Sítio Urbano do Gesso, uma imensa conquista comunitária reconhecida por lei municipal que prevê plantio de árvores frutíferas e plantas medicinais nas margens da linha férrea.

A iluminação pública é uma questão primária para promover o encontro e a circulação de pessoas, o largo do Gesso, precisa ter um sol artificial durante a noite, como forma de tornar uma rota segura para população.

A comunidade do Gesso precisa se integrar espacialmente ao seu território para não ser uma espacialidade isolada e excluída da cidade como vem se caracterizando ao longo dos anos. 

Entretanto, qualquer processo de urbanização na comunidade exige escuta, percepção das histórias e das afetividades comunitárias o que pressupõe um planejamento urbano participativo e norteado por uma perspectiva estruturante e civilizatória que se paute na redução dos impactos ambientais e na promoção da qualidade de vida da presente e das futuras gerações. O improviso, o tapa buraco e o ouvido de mercador atrofiam o direito à cidade. Uma outra urbanidade exige soluções para resolver o quebra-cabeça esfacelado por longos anos  exclusão socioespacial, logicamente, isso exige ciência e a uma gestão democrática e participativa, o que não acontece com receitas, muito menos do dia para noite.     

Artistas e políticos comentam lançamento da pré-candidatura de Lula nas redes sociais

 

Durante o discurso, ex-presidente defendeu a classe artística e criticou o atual governo por tratar a cultura como inimiga - Leandro Molina.

O ato que oficializou a pré-candidatura à presidência da república de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Geraldo Alckmin (PSB) como vice, em São Paulo, contou com apoio de artistas, intelectuais, lideranças de movimentos populares e políticos de diversas orientações ideológicas. Como as falas ficaram restritas aos pré-candidatos, os apoiadores usaram as redes sociais para expressar a opinião sobre o evento e o lançamento do movimento Vamos juntos pelo Brasil.

Nomes como o do escritor Raduan Nassar, do jornalista Fernando Morais, do sociólogo Jessé de Souza, do historiador Luiz Felipe de Alencastro e de celebridades do reality show, Big Brother Brasil, como João Luiz, Arthur Picoli e Gleici Damasceno marcaram presença no ato em defesa da pré-candidatura de Lula.

Uma nova versão do jingle histórico da campanha eleitoral de 1989, "Lula lá", foi apresentada com a participação de nomes como Pabllo Vittar, Paulo Miklos, Duda Beat, Zélia Duncan, Lenine, Chico César, Martinho da Vila e outras expressões da música popular.

A cantora e sambista Teresa Cristina, que também aparece no vídeo, interpretou o Hino Nacional ao lado do músico e violonista João Camareiro. E a chef Bela Gil também marcou presença no ato como uma das mestres de cerimônia.

Nas redes, os artistas elogiaram a fala do ex-presidente sobre a cultura e se mostraram entusiasmados com as ideias apresentadas no ato. A cantora Ludmila postou um vídeo em que dança a música "vai dar PT", com a marca da campanha de Lula. Parlamentares, dirigentes partidários e líderes dos movimentos populares também registraram a passagem pelo evento.

Em defesa da cultura

No trecho do discurso em que falou sobre a cultura, o ex-presidente condenou o fato do governo de Jair Bolsonaro (PL) transformar os artistas e a cultura em inimigos.

"A arte preenche nossa existência. Não haverá soberania enquanto o atual governo continuar tratando a cultura e os artistas como inimigos a serem abatidos, e não como geradora de riqueza para o país e um dos maiores patrimônios do povo brasileiro", afirmou Lula.

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Com informações do Brasil de Fato. Clique aqui e confira a repercussão.

A juventude com a bola da mudança na eleição

 

Flávia Oliveira. (FOTO/ Arquivo/ O Globo).

É o futuro que nos acena com esperança quando a juventude responde ao chamado de se habilitar ao voto. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Edson Fachin, anunciou que o prazo de regularização dos títulos de eleitor para o pleito deste ano chegou ao fim com incremento de 2,042 milhões de adolescentes de 16 a 18 anos aptos a votar. A mobilização intensa — do TSE aos famosos locais e estrangeiros, passando por coletivos de juventude e brasileiros comuns, todos preocupados com o destino de uma democracia sob permanente ataque — impactou brasileiras e brasileiros menores de idade, que disseram “sim” à participação política, mesmo desobrigados de ir às urnas.

— A juventude brasileira foi convocada a participar das eleições em outubro, e a resposta foi impressionante — festejou Fachin.

Nesta semana, o ministro já tinha proferido no Supremo Tribunal Federal (STF) discurso contundente contra a atmosfera golpista que emana do Planalto:

— O respeito entre as instituições e a harmonia entre os Poderes dependem hoje não só da abertura para o diálogo, mas também de uma posição firme: não transigir com as ameaças à democracia; não aquiescer com informações falsas e levianas; não permitir que se corroa a autoridade do Poder Judiciário.

O engajamento da juventude do Brasil ao processo eleitoral é bem-vindo e necessário. Lembrou muito a corrida à Casa Branca, em 2020, quando a participação de eleitores jovens, negros e latinos bateu recorde e foi essencial para eleger a chapa democrata, de Joe Biden e Kamala Harris. Lá, chamou a atenção a atuação da advogada negra Stacey Abrams. Em 2018, ela perdeu a eleição para o governo da Georgia por margem pequena de votos, após 53 mil eleitores, 70% afro-americanos, terem o registro suspenso por uma norma feita sob medida para excluí-los. Os nomes nas listas de votação tinham de estar exatamente iguais às identidades estaduais, sem um acento ou hífen fora do lugar.

Após a derrota, Abrams fundou a organização Fair Fight (Luta Justa, em tradução livre) para denunciar falhas no sistema eleitoral e atrair jovens e minorias étnicas para votar. Dois anos atrás, às vésperas do pleito que livrou os EUA da reeleição de Donald Trump, o movimento conseguira registrar 800 mil novos eleitores na Georgia, dos quais 45% negros e igual parcela de jovens com menos de 30 anos. O estado deu maioria aos democratas pela primeira vez desde 1992, quando Bill Clinton se elegeu presidente.

Num Brasil em que, a cada eleição, cresce o total de abstenções, votos nulos e brancos, o engajamento do eleitorado jovem é auspicioso. A faixa etária está mergulhada em problemas e carece de políticas públicas. Pesquisa da FGV Social sobre percepções da juventude mostrou que o índice de felicidade dos jovens despencou de 7,3 (de zero a dez) em 2013 para 6,4 em 2020. Foi o mais baixo nível de satisfação com a vida já registrado no grupo. Ao todo, 59% se declaravam preocupados, outro recorde; e 32% com raiva. A satisfação com o sistema educacional, que atingira 56% em 2018, caiu para 41% no primeiro ano da pandemia. “Dos jovens brasileiros, 30% não acreditam que podem subir na vida com trabalho. Foi o pior resultado entre países latino-americanos. No Peru, a proporção era de 3%”, informou o economista Marcelo Neri, da FGV Social.

Na convocação geral à juventude para as eleições 2022, houve muita ênfase na escolha do próximo presidente. Mas é preciso lembrar a moças e rapazes que o Brasil escolherá também governadores, um terço do Senado Federal (27 nomes, um por unidade da Federação), deputados federais, estaduais e distritais. São todas funções essenciais à elaboração e à aplicação de leis e políticas públicas. Quatro anos atrás, além de Jair Bolsonaro, presidente, e Hamilton Mourão, vice, o Brasil escolheu para a Câmara dos Deputados, entre 513 parlamentares, 77 mulheres e 125 pretos e pardos. Quase um terço da casa do povo tinha entre 51 e 60 anos. Somente em 2018 o Brasil elegeu a primeira deputada federal indígena, Joenia Wapichana (Rede-RR). Antes dela, só o cacique xavante Mário Juruna (PDT-RJ), em 1982.

Os brasileiros de 15 a 29 anos beiram um quarto da população. Têm capacidade de contribuir para aumentar a representatividade de gênero, raça e idade nos espaços de poder. Não por acaso, a Uneafro, organização do movimento negro, anunciou instalação de 25 comitês Brasil afora para debater participação política e agenda antirrascista nas eleições 2022. Coalizão Negra por Direitos e PerifaConnection, entre outras entidades, lançaram campanha pelos dez anos da Lei de Cotas, marco reparatório que viabilizou a entrada na universidade pública de milhares de jovens negros e de baixa renda.

O coletivo Engajamundo ocupou ruas de Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Porto Alegre, Belém e Fortaleza com ações para incentivar o eleitorado jovem a tirar o título de eleitor.

— Somos 50 milhões de jovens no Brasil. Temos o poder de mudar o resultado das eleições. Para isso, é preciso trazer os jovens para participar ativamente da construção de um país que tenha nossa cara, idade e linguagem — disse Larissa Pinto Moraes, diretora executiva.

A mudança está com eles.

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Por Flávia Oliveira, originalmente no O Globo e reproduzido no Geledés.

Lula é oficializado como pré-candidato pelo PT à presidência

 

Ex-presidente defendeu legado petista para o Brasil e conclamou população a reconstruir o país durante lançamento do Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil em São Paulo - Ricardo Stuckert.

O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou, neste sábado(07), a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da república. Esta será a sexta vez que o ex-metalúrgico disputará o cargo. Lula terá como candidato a vice-presidente o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), uma aliança inédita que ganhou um título bem-humorado no encontro: "Lula com Chuchu". 

Adversários em outros momentos da história política do país, tanto Lula como Alckmin citaram o educador Paulo Freire, que dizia que "é preciso unir os divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos".

"Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos. O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências para construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam", afirmou o ex-presidente.

A pré-candidatura foi oficializada durante o ato Vamos Juntos pelo Brasil, no Expo Center Norte, na Zona Oeste de São Paulo. Apenas Lula, Alckmin e Rosângela da Silva (Janja) discursaram. Mas contou com a presença de diferentes lideranças dos movimentos populares, personalidades, parlamentares e partidos políticos apoiadores da chapa do pré-candidato, incluindo PCdoB, PSB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede.

Lula desponta como favorito nas pesquisas de intenção de voto e pode retornar ao Palácio do Planalto vinte anos depois da primeira vez em que foi eleito.

A fala, concentrada no tema da defesa da soberania nacional e da reconstrução da democracia do país, costurou um comparativo entre as conquistas dos anos em que o PT esteve no governo com o que tem sido "desconstruído", como definiu Lula, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Também falou em sonhos e esperança de mudar o país.

"Nós temos um sonho. E não há força maior que a esperança de um povo que sabe que pode voltar a ser feliz. Que pode voltar a comer bem, ter um bom emprego, salário digno e direitos. Que pode melhorar de vida e ver os filhos crescendo com saúde."

Tópicos como defesa das estatais, articulação com a América Latina e defesa dos bancos públicos tiveram destaque ao lado de assuntos como o apoio a resistência dos povos indígenas, a denúncia do extermínio da juventude negra, a defesa do meio ambiente, da cultura e das leis trabalhistas.

Ao defender o legado de sua passagem pela presidência, Lula lançou uma questão para um auditório lotado de militantes vindos de diversas regiões do país: "o Brasil terá a oportunidade de decidir que país vai ser pelos próximos anos, e próximas gerações. O Brasil da democracia ou do autoritarismo? Do conhecimento e tolerância ou do obscurantismo e da violência? Da educação e cultura ou dos revólveres e fuzis?".

Em outro momento, Lula criticou a postura do atual presidente da república com as mais de 600 mil vítimas fatais da pandemia e com as instituições. "Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, de chantagens verbais, tensões artificiais. O país precisa de calma e tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá livremente, no momento que a lei determina, quem deve governá-lo".

O discurso também teve espaço para críticas à condução da pandemia e a situação do Ministério da Saúde pontuando, sobretudo, o "falso cristianismo" de Bolsonaro que, para o ex-presidente, "não ama o próximo". Além disso, Lula criticou os rumos do Ministério da Educação, que esteve no foco de denúncias de corrupção nos últimos meses.

"Nos nossos governos, triplicamos os investimentos em educação. Saltaram de R$ 49 bilhões em 2002 para R$ 151 bilhões em 2015. Mas o atual governo vem reduzindo a cada ano. O resultado é que o orçamento do MEC para 2022 é o menor dos últimos dez anos."

Lula também fez referência aos episódios de violência e ataques bolsonaristas. "Não vamos ter medo de provocação, ter medo de fake news. Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, amor e carinho", afirmou o ex-presidente, que teve o carro cercado por meliantes bolsonaristas e manifestantes de extrema direita, ao sair de um condomínio em Campinas (SP) na última quinta-feira (5).

O agora oficial pré-candidato a presidente da república pelo PT concluiu o discurso relembrando que os governos petistas fizeram uma revolução pacífica no país e conclamou a população a reencontrar este caminho.

"Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e mulheres de todas as gerações, todas as classes, religiões, raças e regiões do país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania."

Aliança com Alckmin

O ato também formalizou a indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), para compor a chapa como candidato a vice-presidente. Com covid-19, Alckmin não participou presencialmente do evento e entrou ao vivo, por vídeo-chamada. No seu discurso, classificou esta aliança como "um chamado à razão".

O ex-governador definiu o atual momento como uma grande oportunidade do Brasil reencontrar o caminho do desenvolvimento econômico, da preservação do meio ambiente e da justiça social. Por fim, respondeu às críticas que recebeu por esta aliança com bom-humor: "o prato da moda agora será Lula com Chuchu".

Por sua vez, Lula também ressaltou que esta eleição exigirá uma aliança muito ampla com diversos espectros políticos. "Alckmin foi governador quando eu era presidente. Fomos adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o diálogo institucional e o respeito pela democracia".

Chapa ampliada

No palco estavam presentes os dirigentes partidários, governadores, ex-governadores e parlamentares das siglas que fecharam apoio à candidatura de Lula, como PSB, PCdoB, Rede, PV, Solidariedade e PSOL. A ex-presidenta Dilma Rousseff também esteve no ato, a quem Lula se dirigiu fazendo um agradecimento e enaltecendo a grandeza política da aliada.

Lideranças das Centrais Sindicais, movimentos populares, intelectuais e artistas também manifestaram apoio ao projeto Vamos juntos pelo Brasil. Pelos estados, os Comitês Populares de Luta, sedes dos partidos e dos movimentos populares organizaram atividades para acompanhar a transmissão do ato de lançamento da pré-candidatura.

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Com informações do Brasil de Fato.