Igualdade, paz e direitos humanos - 76 anos da Assembleia Geral da ONU

 

(FOTO/ UN Photo).

Em 10 de janeiro de 1946 aconteceu a primeira reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (AGNU), no Methodist Central Hall, em Londres. O evento ocorreu poucos meses após o fim da Segunda Guerra Mundial, com a participação de representantes de 51 países. Nos anos seguintes , a segunda e terceira reunião foram realizadas em Nova York (EUA) e Paris (França), respectivamente.

A primeira reunião ocorreu seis meses após a elaboração da Carta das Nações Unidas, em 26 de junho de 1945, em São Francisco (EUA). O documento foi ratificado pelos países membros em 24 de outubro do mesmo ano, data considerada de criação da ONU. A entidade conta atualmente com 193 países, o Brasil é um deles.

A AGNU é o principal órgão de deliberação e formulação de políticas da ONU, também responsável por nomear o Secretário-Geral por recomendação do Conselho de Segurança, aprovação do orçamento da organização e eleger os membros não permanentes do Conselho de Segurança. Atualmente é presidida por Abdulla Shahid, das Maldivas, que tomou posse em setembro de 2021, para liderar a 76ª sessão da AGNU.

A Central de Jornalismo de Dados do O POVO - DATADOC levantou os países e o gênero de todos os líderes que ocuparam a principal cadeira da AGNU. Já passaram pelo cargo 77 pessoas, mas apenas quatro eram mulheres. Diversos foram os países de origem dos presidentes, mas Nigéria, Equador e Argentina já levaram ao cargo seis presidentes, sendo dois cada um. Em 1947, o Brasil foi o segundo país a liderar, o eleito foi o advogado, político e diplomata Oswaldo Euclides de Sousa Aranha (1884-1960).

O Secretário Geral é o principal cargo da ONU, considerado seu porta-voz. É escolhido em votação pelos países membros, seguindo a recomendação do Conselho de Segurança, tem mandato de cinco anos, podendo ser reeleito, não há uma definição escrita por quantos mandatos pode reeleger-se, tem prevalecido gestões de dois mandatos.

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Com informações do O Povo

Inscrições para chamada de emendas participativas do deputado Idilvan Alencar vão até próximo dia 17

Idilvan Alencar. (FOTO/ Reprodução/WhatsApp).

O deputado federal Idilvan Alencar (PDT-CE) deu início, no mês passado, à 1ª Chamada de Projetos de Emendas Participativas, uma ação inovadora no estado do Ceará que vai selecionar iniciativas através de votação popular para a destinação de recursos de emendas parlamentares individuais impositivas. R$ 1,2 milhão será destinado para execução de ações em seis áreas: Causa Animal; Cuidado com o Idoso; Cultura; Esporte; e Meio Ambiente. Cada projeto vencedor será beneficiado com até R$ 200 mil.

As inscrições se darão por meio das prefeituras que têm até o dia 17 de janeiro para enviar os projetos. Entidades, organizações e grupos populares devem procurar o setor da administração pública do seu município que represente o interesse da sua proposta e solicitar a inscrição. Por exemplo, uma quadrilha junina pode submeter seu projeto através da secretaria de cultura ou órgão afim. As prefeituras também poderão inscrever ações a serem desenvolvidas pelas suas secretarias.

Os projetos inscritos serão analisados por critérios definidos em edital (disponível em: http://idilvanalencar.com.br/chamada-emendas-participativas/). Serão selecionadas dez propostas em cada uma das áreas para a fase de votação popular, que acontece entre 21 de janeiro a 10 de fevereiro. A divulgação dos vencedores ocorre no dia 11 de fevereiro.

Estamos abrindo a oportunidade das pessoas participarem da decisão de como investir o dinheiro público em projetos que impactem diretamente a sua realidade. É um processo democrático”, avalia Idilvan. Segundo o parlamentar, esse tipo de ação aproxima o mandato da população. “Mais do que fiscalizar, as pessoas devem participar dos mandatos dos políticos que elegem para lhe representar”, pontua.

Não há limite de projetos inscritos por município. Para formalizar a inscrição, basta acessar o formulário (disponível em: https://url.gratis/r85hDi), preencher todos os campos e anexar um vídeo de até dois minutos sobre a ação. Depois, é só aguardar o e-mail de confirmação de recebimento do projeto e acompanhar o cronograma das próximas etapas da chamada.

Estou muito empolgado com essa iniciativa. Esperamos receber um grande volume de projeto, finaliza Idilvan.

MAIS INFORMAÇÕES:

1ª CHAMADA DE PROJETOS DE EMENDAS PARTICIPATIVAS

DEPUTADO FEDERAL IDILVAN ALENCAR

Edital: http://idilvanalencar.com.br/chamada-emendas-participativas/

Formulário: https://url.gratis/r85hDi

CRONOGRAMA

Inscrições de projetos: 17 de dezembro a 17 de janeiro

Análise de projetos: 18 de janeiro a 20 de janeiro

Divulgação dos projetos classificados: 21 de janeiro

Votação popular: 21 de janeiro a 10 de fevereiro

Divulgação dos projetos vencedores: 11 de fevereiro

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Texto encaminhado a redação do Blog por Aglécio Dias, Assessor de Comunicação do Deputado.

 

Índio carrega pai nas costas por seis horas pra se vacinar

 

Indígena carrega o pai nas costas. Foto: Erik Jennings/Instagram/Reprodução


O jovem índio Tamy Zoé foi flagrado pelo médico Erik Jennings carregando o pai, Wahu Zoé, por quilômetros dentro da mata fechada até o posto de saúde. O objetivo, de acordo com o médico, era aplicar no pai uma dose da vacina contra o coronavírus.

De acordo com Jennings, em postagem na sua conta do Instagram compartilhada pela Articulação dos Povos Indígenas, este foi para ele “o momento mais marcante de 2021. Tawy Zoé trazendo o pai Wahu Zoé para a primeira vacina contra a covid-19. Tawy carregou o pai, por 6 horas dentro de uma floresta com morros, igarapés e obstáculos até a nossa base. Feito a vacina, colocou o pai nas costas novamente e andou por mais 6 horas até sua aldeia. Chega o ano de 2022, e não se registrou nenhum caso de COVID-19 na população Zoé.

Etnia Zoé

Depois, os dois regressaram de caminhada até a aldeia. Localizada no Norte do estado do Pará, os indígenas da etnia Zoé vivem em uma região entre dois rios: Cuminapandema e Erepecuru.

A cena foi compartilhada pela Articulação dos Povos Indígenas. Na publicação em seu perfil do instagram, Erik escreveu ainda sobre os impactos da pandemia na tribo que, até o momento, vive sem casos da doença.

Vacinação indígena no Brasil

O Ministério da Saúde informa que, até setembro do último ano, 80% da população indígena brasileira, acima de 18 anos, já havia recebido as duas doses do imunizante contra a COVID-19. Até a data, cerca de 87% do público-alvo já havia tomado ao menos uma dose.

Em outubro, 180 mil doses de reforço foram destinadas para o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSus). As primeiras doses chegaram nas áreas indígenas em 19 de janeiro de 1021.

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Com informações da Revista Fórum.

O mito da democracia racial e sua contribuição negativa para o campo político da esquerda

 

O mito da democracia racial e sua contribuição negativa para o campo político da esquerda. (FOTO/ Divulgação).

Maria Raiane Felix Bezerra[1]

 

A formação do Brasil veio por meio de muitas ruínas e extermínios de povos racializados, que por consequência da colonização europeia ocupa um lugar determinado a partir do racismo estrutural. Mas em Gilberto Freyre, podemos notar como o autor pensa a formação do Brasil, que segundo o referido, partiu de um equilíbrio de antagonismos onde permitiu que houvesse uma mistura entre as raças de forma “harmoniosa”. Freyre (2005) acredita que o colonizador português teve uma capacidade maior de “flexibilidade” do que os outros colonizadores, sendo o português “mais adaptável às situações” e por isso seria tranquilo para eles manterem relações com pessoas negras e indígenas. Isso para Freyre resultaria no “grande sucesso da colonização e da miscigenação brasileira” (Freyre, 2005).  

Freyre localiza a família patriarcal2e destaca-a em suma importância, pois afirma que por terem a “regalia da escravidão”, miscigenação e produção, tornava-os o grande domínio rural que foi responsável pela construção da mão de obra que sustentou a escravidão, que para Freyre foi fundamental para a formação do Brasil, deixando explicito o seu posicionamento que o problema do Brasil não era de cunho racial, e sim, econômico (FREYRE, 2005).  

É por meio desse desfecho do último parágrafo que daremos início a discussão a qual esse texto se propõe, que é demonstrar como a metodologia de Gilberto Freyre auxilia na escrita de autores politicamente de esquerda.

São muitos os autores contribuintes para a Sociologia brasileira e Florestan Fernandes é um deles. É considerado um grande nome do pensamento social brasileiro pelo seu desempenho com a escrita revolucionária e inovadora ao que se refere a ortodoxia marxista.

Fernandes (2017) em “o significado do protesto negro” vai nos alertar sobre os processos da falsa abolição e como isso foi o agravante para que a população racializada se mantivesse nas margens da sociedade. Segundo o autor, isso teria sido esquematizado pela elite branca que utilizou de seus interesses próprios para fazer tal situação. Os impactos sofridos por essas amarras coloniais e escravocratas fez com que houvesse um agravamento na divisão racial do trabalho e os negros e negras (es) sempre estariam em desvantagem.  

Em seu livro a população negra é tratada como a esperança revolucionária e isso vem por meio de um olhar externo daqueles que depositaram toda uma confiança em um povo que sofreu muito no processo de colonização. A tão mencionada Luta de Classes segundo Fernandes (2017) teria que estar lado a lado com as questões raciais para que finalmente pudesse haver uma revolução, coisa que não aconteceu de forma natural e que ainda está longe de se concretizar de fato, pois para além de estar lado a lado, é preciso que cada indivíduo compreenda o seu papel e responsabilidade na luta contra o racismo. 

O mito da democracia racial fez com que os movimentos negros lutassem muito para que essa falsa harmonia entre as raças deixasse de ser o condutor dessa situação agravante que fazia com que a escravização se perpetuasse de novas formas (FERNANDES, 2017). Estamos falando de uma perspectiva em que o mundo inteiro ainda pensa sobre o país cujo “harmoniosamente” vivem as raças (indígenas, europeus/brancos, negros e racializados). Trazer Florestan Fernandes para essa discussão é necessário para que possamos perceber em seu livro, que nas entrelinhas estava ali mais uma vez o movimento negro solitário, “nós por nós”, onde todos em volta depositavam suas esperanças, mas não se juntavam a luta contra a discriminação racial.  

Enquanto isso, vários movimentos sociais de maioria classista ortodoxa não compreendiam e não consideravam que todas as pessoas haviam de se responsabilizar pelo racismo e não apenas quem era atravessado por essa estrutura. É de se questionar e refletir, quando Fernandes é nomeado ou tratado como um militante “desobediente” em seu partido político por fugir dessa ótica de compreender o Brasil como um país não apenas com problemas econômicos, mas na sua dimensão racial.  

Essa coisa da “desobediência” em que o autor teve por ser de partido cujo marxismo era mais “ortodoxo”, apenas significa que o racismo não era tratado como prioridade, que as lutas raciais não faziam parte da agenda do partido político que ele fazia parte, ou seja, no Partido dos Trabalhadores (PT). É preciso que falemos das problemáticas disso, pois em um país cuja marca escravocrata ainda reina, todos devem se responsabilizar pela dívida impagável a qual acomete o racismo.  

Mesmo com alianças entre negros, indígenas, racializados e brancos o racismo estaria longe de acabar, pois os brancos como já vimos em Fernandes (2017), eram muito resistentes em assumir seus privilégios, não apenas de classes sociais, mas de raça considerada superior nessa sociedade. Assim como muitos intelectuais do pensamento social brasileiro, Florestan Fernandes em seus argumentos e produções de saberes acabou por reproduzir o Brasil em seus problemas com mais ênfase nas questões econômicas, colocando o fim do racismo apenas em uma descrição de um manual de como a militância negra deveria agir (FERNANDES, 2017).  

Não é surpreendente tal situação, até porque se formos fazer uma análise das obras  dos autores geralmente lidos na Sociologia Brasileira, notamos falhas que precisam ser  expostas, pois se a maioria dos autores da Sociologia Brasileira tratam as questões estruturais no Brasil a partir da compreensão econômica, sendo que muitos deles foram atuantes de partidos de esquerda e isso resulta em um retardamento das reconstruções das identidades, coisa que os movimentos negros, indígenas e outros vem buscando reverter à séculos.

Trago isso, pois o olhar estritamente materialista ortodoxo, fez de muitos intelectuais da Sociologia acabar por reproduzir frases como “discriminação social” (PRADO Jr. 1961) para se referir as pessoas com apenas a classificação de pobres e ricos, não levando em consideração as marcas deixadas pela colonização. O Brasil como bem menciona Lélia González (2019), é um país cujo amefricanização está em todos os lugares, pois somos ameríndios e amefricanos, no entanto, não há condições de descrever o Brasil sem esse dado.  

Muitos partidos políticos e outras organizações de movimentos sociais se fundamentam pela ótica marxista-leninista. O problema não está na dimensão de serem marxistas leninistas, mas na não abertura de novas interpretações e questões que muitas vezes não foram bem-vindas nessas organizações, como questões de gênero, raça, sexualidades e etc.  

Trago essa reflexão para que pensemos e lembremos que Florestan Fernandes foi do Partido dos Trabalhadores (PT) e como outros autores que também tiveram a vida atravessada pela organização partidária sofrem desse déficit. É inevitável não falar que o (PCB) foi o primeiro partido comunista no Brasil fundado em 1922 e que mesmo poucos anos após a falsa abolição de (1888) não teve a decência de tratar do racismo e da situação da população “semi livre” em suas trincheiras. O PT também não fica atrás, até porque foi fundado na década em  que se fazia cem anos da falsa abolição e que se não fosse pela militância negra do partido (JÚNIOR, 1987), nenhum debate e reflexão sobre a vida da população negra brasileira  teria acontecido e Lélia González nos lembra disso muito bem, pois denuncia o (PT) nos  anos oitenta por Racismo por Omissão, porque o partido em rede nacional de TV em sua  divulgação de programa partidário não falou da situação da população negra brasileira, e  González interpretou isso como excludente (GONZÁLEZ, 1983). 

O ponto crucial para pensarmos como a metodologia de Gilberto Freyre contribuiu para que autores como esses não despertassem seu interesse e responsabilidade com intensidade para com as pessoas racializadas desse país, vem para explanar o quanto o mito da democracia racial além de teoria, virou discurso que se tornou o brasão da sociedade brasileira, no quesito apagamento de identidades e qualquer marca de africanização/ameríndia (GONZÁLEZ, 2019).  

Incrível como o PT classificou Florestan Fernandes no lugar de “desobediência” por ele tentar observar novos elementos fora do que já estava ali posto dentro dos partidos.  Ouso em dizer que essas atitudes omissas dos partidos foram responsáveis também pela não valorização da identidade negra, indígena e de outros povos no Brasil, atrasando e deixando cada vez mais distante o encontro com a identidade/ancestralidade.  

Como já havia sinalizado nas minhas lutas diárias, que as formas de generalização que algumas organizações de base alemã se utilizam de exemplos externos como a revolução Russa em 1917 para comparar com a construção do Brasil e uma possível revolução brasileira, é superficial e problemática, porque não se trata de um país homogêneo, mas de um país pluricultural e multirracial. O problema das classes sociais existe em todos os países de ordem econômica capitalista e imperialista, mas apenas o recorte de classe não dá conta de toda uma multiplicidade de povos marcados pela racialização.  

Referências 

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018. 

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil / Sueli Carneiro: Selo Negro, 2011. 

FERNANDES, Florestan. Significado do Protesto Negro. São Paulo: Expressão Popular  / Fundação Perseu Abramo, 2017. 

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Global Editora, 2005. 

GONZALEZ, Lélia. Lélia por ela mesma. Epígrafe de abertura do texto “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. In: Movimentos sociais urbanos, minorias étnicas e outros  estudos. Brasília: ANPOCS, 1983. 

GONZALEZ, Lélia. A Categoria Político-Cultural da Amefricanidade. In: Pensamento  Feminista –Conceitos Fundamentais. BUARQUE DE HOLLANDA, Heloisa (org.). Rio  de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, pp. 340-352. 

JÚNIOR, Hédio Silva. O PT e a questão racial: uma conversa que não pode ficar só entre negros – 1987. Boletim Nacional do PT, nº 27, maio de 1987, p. 04-05. Acervo: CSBH/FPA. 

PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1961.  Ler: Introdução, Sentido da Colonização e Vida Social.


[1] Cientista Social licenciada pela Universidade Regional do Cariri (URCA); Mestranda em Sociologia Pela Universidade Estadual do Ceará (UECE); E-mail: raiane.bezerra@aluno.uece.br, membra do Grupo de Valorização do Cariri (GRUNEC); do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações étnico-raciais (NEGRER)

2 Em sua obra cita a família patriarcal e a importância para a formação da sociedade brasileira que era chefiada pelo homem que dominava a parte rural e que não necessariamente tinha um caráter totalmente  privado, pois mantinha até proximidade com os escravizados que trabalhavam na casa grande, chegando  a serem considerados “filhos”, mas do modo político, econômico e social (FREYRE, 2005). 

Ilustração de mãe e feto negros viraliza: conheça o estudante de medicina da Nigéria por trás do desenho

 

Ilustração médica do nigeriano Chidiebere Ibe mostra feto de pele negra dentro da mãe, também negra. (Foto: Reprodução/Chidiebere Ibe)

Há algumas semanas, uma ilustração médica de um feto dentro de uma mulher viralizou nas redes sociais. O motivo: ambos tinham a pele negra. Muitos usuários nas redes relatavam que nunca tinham visto um desenho em que a pele das pessoas retratadas não fosse branca.

E mais: alguns diziam que nunca haviam reparado nisso.

O autor dos desenhos é o nigeriano Chidiebere Ibe, de 25 anos, que começou a fazer as ilustrações justamente para combater a falta de diversidade nos livros acadêmicos de medicina – que mostram, na maioria ou totalidade das vezes, peles brancas.


O autor dos desenhos é o nigeriano Chidiebere Ibe, de 25 anos. (Foto: Arquivo pessoal/Chidiebere Ibe).

O fato de a maior parte das ilustrações médicas serem feitas em peles brancas não é mero detalhe: algumas doenças de pele, por exemplo, têm aparência diferente se estão em pele clara ou escura, explica o próprio Ibe em entrevista ao g1.

ISSO TAMBÉM DÁ A TODOS ACESSO A CUIDADOS DE SAÚDE EQUITATIVOS, ONDE TODOS, INDEPENDENTEMENTE DA COR DA SUA PELE, DA SUA RAÇA, TERÃO OS MESMOS CUIDADOS DE SAÚDE QUE OS BRANCOS RECEBEM, DIZ.

Ele tem experiência com o assunto em primeira mão: em setembro, começou a estudar medicina na Universidade Médica de Kiev, na Ucrânia – as aulas, por enquanto, estão em formato remoto. Ele deve se mudar para o país no ano que vem.

Ao g1, ele conta que começou a desenhar na pandemia – sempre personagens com a pele negra. Outros desenhos seus, até mais complexos, já haviam feito sucesso – mas não de forma global, como a do bebê dentro da mãe. Ele diz que há planos de publicar as imagens em livros acadêmicos.

SINCERAMENTE, EU NÃO ESPERAVA. [A IMAGEM] VIRALIZOU E TOCOU MUITA GENTE. É IMPORTANTE [TER NEGROS NAS ILUSTRAÇÕES] PORQUE AS PESSOAS QUEREM SE VER NA LITERATURA MÉDICA. AS PESSOAS QUEREM SE SENTIR CUIDADAS E VALORIZADAS, DIZ.

Depois que se formar médico – daqui a seis anos –, Ibe deve seguir para um doutorado nos Estados Unidos, graças a uma oferta recente que recebeu por uma rede social. Também pretende continuar desenhando.

VOU FAZER ISSO POR MUITO, MUITO TEMPO, AFIRMA.

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Com informações do G1.

33 anos da lei Caó

Texto: Rômulo de Andrade Moreira[1], originalmente no Jornal GGN

Caó durante uma homenagem em 2013 (Foto: Eduardo Naddar/Agência O Globo/Arquivo).

Hoje, dia 5, faz 33 anos que foi promulgada pelo ex-presidente da República José Sarney, a Lei nº. 7.716, de 05 de janeiro de 1989, que, inicialmente (na sua redação original), definia apenas os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. A lei foi publicada no Diário Oficial da União do dia seguinte ao da promulgação, tendo sido posteriormente alterada pela Lei nº. 9.459, de 15 de maio de 1997, estabelecendo-se, doravante, que seriam punidos também, na forma da lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Entre os crimes previstos na lei, consta o fato de impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos; negar ou obstar emprego em empresa privada; recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador; recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau; impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar; em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público; estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público, salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades; entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos; transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.

Também constitui crime imprescritível e inafiançável impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas; o casamento ou convivência familiar e social; induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional; fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.

Caso o autor do delito seja servidor público, a condenação criminal poderá acarretar também a perda do cargo ou função pública, desde que motivadamente declarada na sentença.

Antes da promulgação dessa lei, as práticas resultantes do preconceito racial eram tidas como simples contravenções penais, nos termos da Lei nº. 7.437, de 20 de dezembro de 1985, que havia dado nova redação à Lei Afonso Arinos (de 1951), que também tratava como contravenção penal a discriminação racial.

A lei – conhecida como Lei Caó – resultou da aprovação pelo Congresso Nacional do Projeto de Lei nº. 52, apresentado em 1988, pelo jornalista e ex-deputado federal Carlos Alberto Oliveira dos Santos, o Caó.

Caó foi, sobretudo, um importante militante do movimento negro brasileiro, tendo participado, inclusive, da Assembleia Nacional Constituinte; é dele a redação do inciso XLII do artigo 5º. da Constituição Federal, que torna a prática de racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão.[2]

Nascido em Salvador, em 1941, filho de uma costureira e de um marceneiro, Caó foi “uma importante liderança parlamentar, e ainda bem jovem participava em Salvador de associações de moradores e da campanha nacionalista, na segunda metade dos anos 1950, chamada ´O Petróleo é Nosso`.”[3]

Formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (e também pela Universidade Federal do Rio de Janeiro), atuou como jornalista em diversos periódicos e fundou, em 1974, a Associação dos Jornalistas Especializados em Economia e Finanças (AJEF), tendo sido também dirigente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro.

Participante da militância estudantil, integrando a UNE, foi filiado ao Partido Comunista (o seu nome de guerra era Betinho), quando “caiu nas garras do regime militar, que o condenou à prisão em 1970.”[4] Na vida político-partidária, Caó foi deputado federal em 1982 pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), licenciando-se do mandato para assumir o cargo de secretário do Trabalho e da Habitação, no governo de Leonel Brizola; nessa função pública, destacou-se “na regularização fundiária das periferias e favelas.”[5]

Em 1986 foi eleito deputado constituinte e reeleito deputado federal em 1989, tendo falecido em 2018, “sem que a imprensa fizesse muito alarde, nada obstante ser um dos poucos cidadãos brasileiros que têm no seu currículo a proeza de serem autores de uma lei dessa importância e que leva o nome próprio.”[6]

Caó, como um jurista negro, “estava preocupado em utilizar o direito para promover a integração de grupos marginalizados, afastando-se do legalismo jurídico que leva à desconsideração do contexto social e histórico no qual as pessoas estão inseridas. Recusava a ideia que o direito contém todos os elementos necessários para a interpretação das normas jurídicas e as interpretava de maneira distinta daqueles que utilizavam essa perspectiva. A vasta maioria dos membros do judiciário são homens brancos heterossexuais de classe alta, que nunca sofreram qualquer tipo de discriminação na vida, e partem do pressuposto que todas as pessoas possuem a mesma experiência social, razão pela qual podem interpretar o direito apenas a partir de sua lógica interna.”[7]

A data de hoje, portanto, deve ser comemorada e deve ser também lembrado, como uma homenagem, o autor do projeto de lei, um ícone na luta contra o racismo, a causa determinante de uma infindável série de iniquidades que, ao longo da história do Brasil, atinge esta gente riquíssima, dentre outras coisas, por sua capacidade incrível de resistência e sua extraordinária inteligência e abundância cultural, nada obstante se saber “que desde o início da colonização, as culturas africanas, chegadas nos navios negreiros, foram mantidas num verdadeiro estado de sítio.”[8]

O Brasil, longe de se tratar de uma suposta e falsa (e mesmo hipócrita!) “democracia racial” (como costumam dizer alguns acadêmicos, ora mesmo racistas, ora ignorantes de nossa realidade e de nossa história), é um lugar onde o racismo está entranhado social, estrutural e institucionalmente, fato que (talvez) explique uma conivente apatia integrante de um lado sombrio que permeia a nossa elite econômica, social, acadêmica, política e jurídica, que aceita a normalização de uma violência específica e reiterada, como se fosse algo necessário para uma efetiva política pública de segurança pública, ou uma decorrência inevitável da pobreza que também assola principalmente a população negra no Brasil, desde sempre alijada da riqueza aqui produzida.

            É preciso estar atento e saber que “as lutas mais longas e mais cruentas que se travaram no Brasil foram a resistência indígena secular e a luta dos negros contra a escravidão, que duraram os séculos do escravismo. Tendo início quando começou o tráfico, só se encerrou com a abolição.”[9]

É urgente também entender que “face ao racismo, não há compromisso possível. Não há tolerância possível. Só há uma resposta: a tolerância zero. Esta resposta pode parecer radical, mas é a única resposta concebível se quisermos adotar, em relação a este problema, uma atitude coerente e eficaz.”[10]

Por isso, é necessário, apesar dos “deslumbramentos ocidentais”, saber-se negro, e sendo um negro, “cada vez mais negro, não ficar mudo diante desse deslumbramento.”[11]

No Brasil – antes e depois da escravização a que foram sujeitados homens, mulheres e crianças (a maioria sequestrada do continente africano) – o massacre do povo negro sempre foi uma realidade com a qual se convive, e se habitua ainda hoje, numa odiosa e farisaica complacência dos brancos em geral, que se alvoroçam todos em uníssono quando um dos seus é morto, e se compraz covardemente quando um dos outros é a vítima.[12]

[1] Rômulo de Andrade Moreira, Procurador de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia e Professor de Direito Processual Penal da Universidade Salvador – UNIFACS. Pós-graduado pela Universidade de Salamanca.

[2] Lembra-se que na sessão do dia 28 de outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento do Habeas Corpus 154248, no qual se discutia a prescrição no crime de injúria racial (previsto no Código Penal), prevalecendo o voto do relator, Ministro Edson Fachin, segundo o qual “a injúria racial traz em seu bojo o emprego de elementos associados ao que se define como raça, cor, etnia, religião ou origem para se ofender ou insultar alguém, havendo ataque à honra ou à imagem alheia, com violação de direitos, como os da personalidade, que estão ligados à dignidade da pessoa humana.” Assim, ainda nos termos do voto do relator, “a injúria é uma forma de realizar o racismo, e agir dessa forma significa exteriorizar uma concepção odiosa e antagônica, revelando que é possível subjugar, diminuir, menosprezar alguém em razão de seu fenótipo, de sua descendência, de sua etnia, sendo possível enquadrar a conduta tanto no conceito de discriminação racial previsto em diplomas internacionais quanto na definição de racismo já empregada pelo Supremo (HC 82424).” Para ele, “a atribuição de valor negativo ao indivíduo em razão de sua raça cria as condições ideológicas e culturais para a instituição e a manutenção da subordinação, tão necessária para o bloqueio de acessos que edificam o racismo estrutural, ampliando também o fardo desse manifesto atraso civilizatório e torna ainda mais difícil a já hercúlea tarefa de cicatrizar as feridas abertas pela escravidão para que se construa um país de fato à altura do projeto constitucional nesse aspecto.” Apesar de tardia, foi acertada a decisão da Suprema Corte, pois, induvidosamente, quem ofende a honra de alguém utilizando-se de elementos referentes à raça, à cor ou à etnia pratica, sem dúvidas!, racismo, tratando-se de uma conduta extremamente reprovável sob todo e qualquer aspecto.

[3] GOMES, Flávio dos Santos, LAURIANO, Jaime e SCHWARCZ, Lilia Moritz. Enciclopédia Negra. São Paulo: Companhia das Letras, 2021, pp. 104 – 105.

[4] Idem, p. 104.

[5] Idem, p. 105.

[6] Idem, p. 105.

[7] MOREIRA, Adilson José. “Pensar como um negro significa defender uma forma específica de interpretar a Constituição”. Disponível em: https://www.geledes.org.br/pensar-como-um-negro-significa-defender-uma-forma-especifica-de-interpretar-a-constituicao/. Acesso em 08 de novembro de 2021. Para conhecer melhor o pensamento desse grande jurista brasileiro, veja-se a obra “Pensando como um negro – Ensaio de hermenêutica jurídica”, publicado em 2019, pela Editora Contracorrente (São Paulo).

[8] NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do Negro Brasileiro – Processo de um Racismo Mascarado. São Paulo: Perspectivas, 2016, p. 123.

[9] RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras: 2006, p. 202.

[10] DELACAMPAGNE, Christian. História da Escravatura – Da Antiguidade aos nossos dias. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2013, p. 222.

[11] CAMARGO, Oswaldo de. O Negro Escrito – Apontamentos sobre a presença do negro na Literatura Brasileira. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987, p. 9.

[12] Quando se visita, por exemplo, o Museu Imperial de Petrópolis, e se admira a coroa de D. Pedro II, não se pensa que aqueles 639 minúsculos diamantes que a adornam foram garimpados por pessoas escravizadas em Minas Gerais e outras regiões do Brasil (GOMES, Laurentino. Escravidão – Volume I – Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Rio de Janeiro: 2019, p. 62).

“Quem me leva para passear” é o novo livro de Elisa Lucinda

 

Texto: Rachel Quintiliano, na Revista Raça

(FOTO/ Reprodução/ RotaCult).

Lançado pela editora Malê, especializada em literatura afro-brasileira, o livro, “Quem me leva para passear”, resgata a personagem Edite, do “Livro do Avesso” (2019), que com amor e humor convida leitores e leitoras a olhar para a vida. Para isso, Elisa Lucinda usa a técnica literária fluxo de consciência, que descreve o processo de pensamento da personagem.

Com a técnica, a escritora vai nos permitindo conhecer o pensamento de Edite que, em seu monólogo interior, com amor e humor,  conduz quem lê o livro, a aprimorar o olhar para a vida e nos provoca na liberdade íntima do pensar.

No primeiro volume da série ‘O pensamento de Edite / Livro do Avesso’, ainda não sabíamos que Edite era uma cozinheira e acompanhávamos seu pensamento diário como se estivéssemos lendo alguém que anota tudo que pensa. Neste segundo [“Quem me leva pra passear”], não. Ela não escreve, mas nós temos acesso ao que ela pensa. Estamos dentro da cabeça de Edite vivendo com ela os seus sonhos, sua geografia, suas incongruências, contradições, falhas e epifanias, para o que der e vier. Na cabeça de Edite cabe tudo. É um bairro, uma praça imensa, um palácio, um quarteirão, um país. Seu nome próprio, que é também um verbo, já diz a que veio: Edite”, sintetiza a autora.

Ler em voz alta

Em seu processo de escrita, Elisa costuma pedir a amigos que leiam seus originais em voz alta para depois fazer. O ritual se repetirá no dia do lançamento, que acontece nesta segunda-feira, (13), às 19h, na  Blooks Livraria, no bairro de  Botafogo, no Rio de Janeiro.

O ator, escritor, diretor e produtor, Lázaro Ramos está produzindo o podcast dos pensamentos de Edite, que serão gravados na voz da autora. “Me transportei imediatamente para o universo de Edite que sim, em muitos momentos parecia ser algo particular, do exercício da liberdade dessa mulher preta cheia de desejos, uma querente por excelência e em outros momentos ela era muitas. Percebi pensamentos íntimos de avós, primas, tias, mãe ou até de desconhecidas. Edite é isso…. Uma ótima companhia para o nosso existir”, disse Lázaro Ramos.

Recentemente, Elisa Lucinda tomou posse na Academia Brasileira de Cultura, ocupando a cadeira de Olavo Bilac. Na ocasião figurou entre nomes como Zeca Pagodinho, Elza Soares, Christiane Torloni, Ana Botafogo, Carlinhos de Jesus, entre outros.

60% dos jovens brasileiros evitam falar de política nas redes sociais, aponta estudo

 

Texto: Notícia Preta

29% dos entrevistados até 18 anos acham o momento político preocupante. (FOTO/ Pexels).

Um levantamento realizado pelo Instituto Ipec, e publicado pelo Estado de São Paulo neste domingo (2), mostrou que seis em cada 10 jovens, entre 16 e 34 anos evitam falar de política nas redes sociais por receio de serem “cancelados”. Os “isentões”, como são chamadas as pessoas que não se posiocionam politicamente nas redes sociais, preferem não se posicionarem por conta da polarização política e do radicalismo, segundo o levantamento.

O “efeito Anitta”, nome dado à situação em alusão às críticas que a cantora sofreu em 2020, após uma série de lives realizadas no Instagram, atinge os jovens nessa faixa etária que preferem discutir o tema nas igrejas, escolas ou em festas, segundo o estudo.

Para Mário Block, cientista político e coordenador do Programa de Democracia e Cidadania Ativa da Fundação Tide Setubal, a sociabilidade do jovem hoje, especialmente nas periferias, acontece neste contexto. “É inevitável que seja politizado de alguma forma. Assim como as rodas de samba nos anos 1970 eram ambientes politizados. Até porque são movimentos que precisam se constituir como resistência. O ‘pancadão’ é o movimento cultural jovem que sofre a maior repressão policial e social, hoje. A partir disso, eles se organizam nessa associação e entendem que, para reverter essa repressão, eles precisam de alguém que os represente na Câmara Legislativa”, explica em entrevista ao Estadão.

Ainda segundo Block, a entidade avaliou que os jovens estão debatendo política em vários locais periféricos como na batalha de rap, no “pancadão” e demais ambientes integrados à cultura periférica.

Eleições 2022

O levantamento também questionou os jovens sobre as eleições do próximo ano e 82% do entrevistados, até 18 anos, pretende emitir o título de eleitor para votar no próximo pleito. Ainda segundo a pesquisa, 29% dos jovens acredita que “o momento político é preocupante”.


Filha lembra dia em que Desmond Tutu impediu que multidão queimasse jovem

 Texto: Reuters

Nontombi Naomi Tutu em frente à casa da família em Cape Town 28/12/2021 REUTERS/ Sumaya Hisham

Enquanto a África do Sul celebrava a vida do herói antiapartheid e arcebispo Desmond Tutu, que faleceu no domingo, uma de suas filhas mencionou o dia em que ele impediu que uma multidão enfurecida queimasse um jovem vivo como uma das lembranças que lhe dão mais orgulho.

Em 1985, o país se encontrava em estado de emergência enquanto partidos liberais clandestinos, incluindo o hoje governista Congresso Nacional Africano, tentavam aumentar a pressão política e depor o governo de minoria branca.

Em um enterro em julho daquele ano nos arredores de Johanesburgo, arquivos de imagens de vídeo mostram Tutu, claramente visível em seus trajes clericais púrpura, repelindo pessoas revoltadas que espancavam e chutavam um homem indefeso encolhido em posição fetal no chão empoeirado.

Acusado de ser um colaborador do apartheid, o homem é encharcado de gasolina e está a momentos de lhe colocarem um pneu no pescoço coberto de líquido inflamável e ser incendiado. A intervenção de Tutu e outros clérigos o salva.

Ver isso e vê-lo entrando. Havia muitas coisas surpreendentes naquilo”, disse Nontombi Naomi Tutu, uma de quatro filhos de Tutu, à Reuters diante da casa da família na Cidade do Cabo.

Uma foi que ele teve a coragem de entrar na multidão e dizer ‘não, não é assim que fazemos’. Mas a outra é que aqueles jovens ouviram… ainda havia aquele respeito por meu pai e os outros clérigos… este é meu momento de maior orgulho, aquele que, quando penso no que me deu orgulho de meu pai, é a coisa que sempre me vem.”

Tutu usou o púlpito para pregar contra o regime de minoria branca repressivo da África do Sul, que terminou nos anos 1990, e discursava com frequência em enterros de jovens ativistas mortos pelo aparato de segurança do Estado.

Nontombi, de 61 anos, que também é uma reverenda e tem uma semelhança notável com seu pai lendário, também se lembrou ternamente das viagens da família de Alice, no Cabo Oriental, à Suazilândia, onde ela e os três irmãos frequentaram a escola.

Ele era um pai normal. A única coisa que tenho para dizer, por mais que minha mãe fosse a disciplinadora, é que, quando meu pai dizia algo como ‘estou muito decepcionado’, aquilo doía, era muito duro, e era por isso que nunca queríamos decepcionar meu pai, porque custava muito decepcioná-lo”, contou Nontombi.

Emicida participa do clipe de estreia de Mundo de Bita

 

Texto: Notícia Preta

Cena do clipe. (FOTO/ Divulgação).

No próximo dia 14 de janeiro será lançado o clipe “O amor é tudo de bom”, dando início ao ano e à série Bita e os Sentimentos, do fenômeno Mundo de Bita, para o ano de 2022. Desta vez, o convidado é o rapper Emicida. Os conteúdos autorais trazem leveza, cor e muita música, através de temáticas atuais e assuntos que contribuem para a formação saudável e solidária das crianças.

A ideia do convite partiu da admiração que Chaps Melo tem pela carreira do rapper. “Em maio deste ano, eu estava assistindo a um clipe de Emicida e pensei em como seria lindo ele fazer parte do Mundo Bita. Mandamos uma mensagem e ficamos flutuando em alegria quando ele respondeu topando o nosso convite. Desde lá, idealizamos para que o primeiro clipe de ‘Bita e os Sentimentos’ tivesse a estreia de Emicida como personagem da animação, cantando sobre o tema Amor. É um orgulho lançar essa parceria. Esperamos que as famílias curtam muito, pois o amor é tudo de bom”, comemora Chaps Melo, criador do fenômeno infantil.

Emicida conta que entrar para esse time será motivo de festa na família. “A gente assiste muito Mundo Bita lá em casa. Até brincamos nos perguntando quando chegaria a minha vez de fazer uma participação para, finalmente, minha filha reconhecer que fiz uma música legal”, brinca Emicida. E continua, “eu gosto muito de animação e acho que essa experiência, assim como os livros infantis que escrevi, são uma maneira de chegar mais cedo na vida das crianças. Quando a gente une animação e música com uma mensagem bacana, é uma vitória, porque esse som vira trilha da rotina das crianças. É como se essas músicas se tornassem o melhor amigo dessas crianças. E, mesmo após terem crescido, elas vão se lembrar da letra e da mensagem com carinho”.

O clipe e a música estarão disponíveis a partir do dia 14 de janeiro, no Canal do YouTube.