Racismo impõe cegueira mental em face da realidade

 

Professor Henrique Cunha Junior. (FOTO/ Danny Abensur).

Por Henrique Cunha Junior*

Racismo existe pode ser visto e revisto de diversos ângulos e nas suas diversas facetas pelas quais vemos a sociedade brasileira.

Não importa de qual ângulo ou sob qual perspectiva que se aborde a sociedade brasileira e aí temos uma visão do racismo contra a população negra. São visões de todos os ângulos porque é um racismo estrutural a sociedade brasileira. No entanto existem pessoas que não veem e não sentem o racismo.

Portanto, são portadores de uma cegueira mental. Fazem parte da parte da sociedade que não enxerga a realidade e produz uma alienação mental em não ver a realidade. Produz uma doença mental de alienação a realidade. 

Trata-se uma forma do racismo antinegro para não se sentir culpada das condições sociais e das injustiças em que nós população negra vivemos. São parcelas da sociedade que desfrutam dos benefícios da existência do racismo antinegro e, portanto para não se sentirem culpadas e nem injustas desenvolveram uma alienação mental, ficam fora da realidade e negam tudo que veem na realidade. Principalmente o racismo antinegro que elas próprias praticam.

A cegueira mental diante ao racismo antinegro também é uma forma de racismo pela alienação da realidade, não se importam com realidade e não tem ética nenhuma para pensarem em mudar a realidade. Elas estão bem, não importa o restante. São pessoas imbuídas de um profundo individualismo coletivo. Individualismo compartilhado e executado com todo setor da sociedade que comunga da cegueira mental sobre a realidade e a visão do racismo antinegro.

São pessoas que ficam nervosas e agressivas quando alguém afirma diante delas que existe racismo, porque elas  não veem, mas também não poderiam se dizer também surdas. Seria demasiado serem cegas e surdas com relação ao racismo, então investem em silenciar que fala da existência do racismo antinegro.

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* Pesquisador e professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Data que virou referência, Dia da Consciência Negra completa 50 anos

 

O casal de guerreiros Zumbi e Dandara dos Palmares. (FOTO/ Reprodução).

O Dia da Consciência Negra, anualmente celebrado no 20 de novembro, faz referência à data da morte de Zumbi dos Palmares – ocorrida em 1695, após a traição de um ex-companheiro de luta contra a escravização.

Do ponto de vista do Estado, o Dia da Consciência Negra foi inserido no calendário escolar em 2003. Em 2011, foi reconhecido legal no âmbito federal. Ainda assim, o caráter de feriado depende das leis locais. Antes do reconhecimento, a data passou por um longo percurso. Há exato meio século – ou seja, em 1971 – ocorreu a primeira celebração contemporânea do 20 de Novembro.

A ideia de se utilizar o dia da morte de Zumbi dos Palmares para rememorar o legado da escravização e do racismo na formação do Brasil, bem como da resistência de negros e negras, está intimamente ligado ao Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul.

Fundado em julho de 1971, o Grupo funcionou até 1978. Em 20 de agosto daquele ano, lembraram os 89 anos da morte do abolicionista Luiz Gama. Em 20 de novembro, realizariam o primeiro “Dia do Negro” em plena ditadura militar, a partir de uma sugestão de Oliveira Silveira, um dos principais integrantes e intelectuais do Grupo.

A importância de Silveira seria reconhecida em 2011, quando a Biblioteca da Fundação Palmares, ligada ao Governo Federal, foi nomeada em sua homenagem. Já sob o governo Bolsonaro, a direção do órgão tenta modificar o nome do acervo da Fundação.

A primeira celebração do 20 de Novembro ocorreu no Clube Social Negro “Marcílio Dias”, fundado em 1949 em Porto Alegre.

O clima repressivo da ditadura era tal que o Grupo Palmares precisou explicar às autoridades que não tinha ligação com a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), grupo de resistência armada ao regime militar.

A iniciativa do Grupo Palmares se expandiria pelo país principalmente a partir de 1978, quando é fundado o Movimento Negro Unificado (MNU), em São Paulo.

O MNU surge tendo como um de seus objetivos articular diversas organizações locais já existentes – como o Grupo Palmares – e expandir o movimento negro pelo país. Fundado em julho de 78, o Movimento Negro Unificado decidiria em 4 de novembro daquele mesmo ano definir duas datas para a luta antirracista no Brasil.

A primeira delas seria o tradicional 13 de Maio, dia da Abolição. Por entender que o processo de extinção formal e legal da escravização não incluiu o negro e a negra na sociedade brasileira, o MNU passou a chamar a data de Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo.

O 20 de novembro, nos debates e na decisão do MNU em 1978, passaria a ser chamado de Dia Nacional da Consciência Negra.

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Com informações do Reconte Ai e do Portal Vermelho.

Livro que reúne ensaios de mulheres negras nordestinas é lançado neste sábado (20), Dia da Consciência Negra

(FOTO/ Divulgação).

Com textos escritos no contexto da pandemia da Covid-19, o livro “Insubmissão Intelectual de Mulheres Negras Nordestinas”, da editora Diálogos Insubmissos, reúne nove ensaios de mulheres negras dos estados do Nordeste. A publicação será lançada neste sábado (20), Dia da Consciência Negra. A obra marca a estreia da plataforma Diálogos Insubmissos enquanto editora de livros e é fruto de parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo. 

Organizado por Dayse Sacramento (doutoranda, professora e editora), Manoela Barbosa (doutoranda, pesquisadora e consultora) e Nubia Regina (professora e doutora), “Insubmissão Intelectual de Mulheres Negras Nordestinas” é o primeiro livro a ser lançado pelo projeto no formato impresso. A obra já havia sido publicada em E-Book anteriormente. A distribuição será gratuita e uma cota dos exemplares será doada para organizações de mulheres negras e uma escola pública de cada estado indicada pelas autoras do livro. “Nos interessa, com a publicação, romper com os estereótipos regionais e raciais, trazendo para a cena imagens positivadas de pessoas negras, sobretudo de mulheres negras e suas intelectualidades em movimento”, explica Dayse Sacramento, idealizadora do Diálogos Insubmissos.

O livro traz nove ensaios que foram escritos em 2020, no contexto da pandemia de coronavírus. “As narrativas foram escritas na coexistência entre razão e emoção; objetividade e subjetividade; ativismo e academicismo”, explica Núbia Regina no prefácio.

Entre os ensaios que compõem a publicação estão: “Pandemia de Covid-19: entre vidas negras e a morte”, da baiana Joanice Conceição; “Memória como lugar de origem”, da alagoana Kika Sena; “Mulheres negras: tramando resistências e liberdade no Ceará”, da cearense Francisca Maria Rodrigues Sena; “Filha, diga o que vê. Sopro ancestral e escrita feminina afro-brasileira”, da paraibana Danielle de Luna e Silva; “Nordeste maravilha. Recife: coração cultural do Brasil”, da pernambucana Denise ´Ògún Botelho; “A minha história é talvez igual a sua. Viveres de uma mulher negra no Brasil do tempo presente”, da piauiense Iraneide Soares da Silva; “Mulheres afro-potiguares: uma experiência de aquilombamento”, da potiguar Stéphanie Campos Paiva Moreira; “Tempos de atravessar: eu, mulher negra, movo-me sem cessar”, da sergipana Yérsia Souza de Assis e “Futuro possível é a construção de um passado que garante o presente”, da maranhense Zica Pires. Assinam o texto de apresentação do livro Dayse Sacramento e Manoela Barbosa, e o prefácio é de Núbia Regina Moreira. A obra é bilíngue, traduzida para o espanhol pela tradutora Camila Barros.

O evento de lançamento é para convidades e está marcado para o dia 20 de novembro (sábado), às 16h, no Teatro e no pátio do Goethe-Institut, Corredor da Vitória, Salvador (BA). O acesso dos convidados se dará a partir da entrega de um pacote de absorvente, que será doado para pessoas que menstruam, beneficiárias do Corra pro Abraço, programa que tem como objetivo promover cidadania e garantir direitos de pessoas em contextos de vulnerabilidade social.

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Com informações da Revista Afirmativa.

Semipresidencialismo é ideia para agradar elite e ignorar desejo popular, diz cientista política

 

De acordo com a cientista política, o país até pode mudar seu sistema eleitoral, porém há mudanças que só são feitas para acomodar setores específicos no poder. E o semipresidencialismo é um desses casos. (FOTO/ Marcelo Camargo/Agência Brasil).

A adoção do chamado semipresidencialismo como regime de governo voltou à pauta na última quarta-feira (17), após o ex-presidente Michel Temer e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Dias Toffoli defenderem a ideia. Para a cientista política Rosemary Segurado, a proposta é um “balão de ensaio” para agradar as elites.

Na avaliação da especialista, colocar a questão em discussão a menos de um ano da próxima eleição presidencial parece uma resposta às pesquisas eleitorais, que colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro lugar, em todos os cenários.

Nós já tivemos debates anteriores, e que passaram por esse tema, mas não avançaram. Isso é uma agenda para as elites, não para o eleitor comum. Colocar esse debate agora é um medo do resultado da próxima eleição, uma tentativa de mudar a regra do jogo de última hora”, criticou, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Semipresidencialismo

De acordo com a cientista política e professora da PUC-SP, há mudanças que só são feitas para acomodar setores específicos no poder. E o semipresidencialismo é um desses casos. Em 1997, por exemplo, foi aprovada a emenda que permitia a reeleição em cargos do Executivo. Já 1993, a revisão constitucional reduziu o tempo de mandato do presidente de cinco para quatro anos, época em que Lula também liderava as pesquisas.

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Com informações da RBA. Clique aqui e confira integra do texto.

Feriado municipal em Altaneira no dia da Consciência Negra se torna lei

Professor Nicolau Neto (esq.) e o vereador Deza Soares por ocasião de uma roda de conversa sobre políticas públicas e relações étnico-raciais na educação altaneirense ministrada por Nicolau em 2019. (FOTO/ João Alves).

Por Nicolau Neto, editor

Circulou na edição desta quarta-feira (17/11), do Diário Oficial dos Municípios do Ceará, e sancionada pelo prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues (PT), a Lei nº 819 que institui feriado em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.

O texto foi apresentado pelo vereador e presidente da Câmara, Deza Soares (PT) e é fruto do Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade apresentado pelo professor e fundador deste Blog, Nicolau Neto, junto aos poderes executivo e legislativo no mês de maio do ano em curso.

Pela legislação que entra em vigor já este ano, em um sábado, a data deve ser usada, “principalmente, pelos setores públicos do município, para a realização de atividades de reflexão e conscientização, inclusive, eventos culturais e outros, relacionados ao fortalecimento e consolidação da edificação de uma sociedade mais justa e racialmente equitativa.”

O texto representa um marco histórico na legislação municipal e corrobora para contribuir na reflexão e tomada de atitudes que reconheçam e valorizem a população negra que representa mais de 56% do Brasil como contribuidoras para a formação do país, mas principalmente como produtoras de conhecimentos, de saberes em todas as áreas e que isso seja discutido nas escolas.

A legislação que entra em vigor é mais que oportuna também porque fará com as pessoas comecem a se perguntar o porquê do feriado.

Altaneira se torna o primeiro município do Ceará a ter uma legislação nesse sentido, além de ser ainda o primeiro a contar com um Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade.

A Afrika para os brasileiros… e para o resto do mundo!

 

Infográfico produzido por Alexandre Jubran e Luiz Iria.

Estima-se que o Brasil tenha a maior população negra fora da África. Em números absolutos, se comparado ao restante do mundo, o país só perde para a Nigéria,  que conta com uma população estimada de oitenta e cinco milhões, sendo o único país do mundo com uma população negra maior que a do Brasil.

A despeito dessa realidade, o brasileiro de maneira geral pouco ou nada conhece sobre a África. Nem mesmo sobre os irmãos por laços da língua portuguesa, como os de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, os brasileiros conhecem alguma coisa. Ignora-se aqui – pois escrevo do Brasil – até mesmo a formação étnica desses países, suas capitais, localização geográfica dentro do continente, entre tantas outras coisas.

Não se admira, portanto, que no Brasil foi promulgada uma lei obrigando o ensino da História e da Cultura dos africanos e seus descendentes. Editada em 2003, a Lei Federal 10639 tornou obrigatório esse ensino em todo o currículo escolar. A letra da lei logo se deparou com uma realidade: como ensinar aquilo que se desconhece.

Aproveitando o surgimento do debate, editoras e empresas produziram materiais (livros, cursos, documentários, materiais didáticos) para subsidiar os docentes para o ensino do que ficou conhecido como Educação para as relações étnico-raciais. Esses materiais, a despeito de uma possível boa intenção, trouxeram aquilo que estava presente no senso comum: os africanos contribuíram com a cultura por meio da dança, da música, da culinária e da religiosidade. Infelizmente, tal ideia reforça apenas o preconceito de que na África não se desenvolveu conhecimentos e saberes que pudessem se comparar aos produzidos por outros povos, sobretudo europeus.

Enquanto estudamos o Teorema de Pitágoras – que é importante, sem dúvida – desconhecemos que esse filósofo grego, segundo a tradição, inspirou-se na grande pirâmide do Egito (África) para desenvolver seus cálculos. Enquanto isso, poucos conhecem o arquiteto Imhotep, responsável pelo projeto arquitetônico da construção da pirâmide. Possivelmente, Imhotep deve ter utilizado dos cálculos “redescobertos” por Pitágoras. Ironicamente, alguém há de lembrar o nome de Imhotep como o vilão redivivo no filme “A Múmia”, escrito e dirigido por Stephen Sommers e lançado em 1999.

No entanto, desde fevereiro de 2018, a jornalista Sandra Quiala, conhecida como Mwana Afrika, apresenta na TV Pública de Angola o quadro do projeto “Mwana Afrika – Oficina Cultural” que difunde informações variadas sobre o continente: saberes, filosofia, conhecimentos, História, cultura, ciência, arte, religiosidade, etnias. Nas palavras de Mwana Afrika, “a África é o berço da humanidade, então, sendo o berço da humanidade, o berço das civilizações, o berço da ciência, eis a necessidade de todos os continentes, de todas as pessoas do mundo conhecerem a sua essência, África”.

O excelso trabalho de Mwana Afrika permite a desconstrução de estereótipos e a apreensão de conhecimentos que, no caso do Brasil, podem contribuir para uma educação antirracista e para a eliminação de preconceitos.

Nascida e criada no Brasil, Sandra Quiala é de origem angolana e pertence à etnia congo. Atualmente, divide o seu tempo entre Portugal e Angola. Criadora e apresentadora dessa série documental, Mwana Afrika procura abordar os diversos e complexos lados do continente africano. O quadro é apresentado em Angola pela TV Pública, no Brasil pelo canal Trace Brazuca, canal 624 na NET e Claro Brasil e canal 630 na Vivo, além do Youtube.

De acordo com a apresentadora, Mwana Afrika significa filho ou filha de África. O cantor e compositor brasileiro Chico César já cantou a “Mama África”. Sendo a África a nossa mãe e, em consequência, nós, independentemente de nossa cor de pele, os seus filhos, é salutar que queiramos saber das nossas origens. Afinal, alguém disse um dia: “Não se vai a lugar algum sem antes saber quem você é”. E Mwana Afrika tem nos ensinado isso.

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Texto de Carlos Carvalho Cavalheiro, originalmente no Geledés.

Projeto que substitui monumentos de escravocratas vai à segunda votação na Câmara paulistana

(FOTO/ Danilo Verpa/Folhapress)

Com 467 anos, a cidade de São Paulo tem muita história para contar. Porém, por causa da elite e do racismo estrutural, algumas delas foram apagadas, como a do bairro do Bixiga, no centro da capital. Hoje conhecido pela culinária italiana, o local era o Quilombo da Saracura, em alusão ao rio que passa pelo bairro. Assim como o bairro da Barra Funda, na zona oeste, antigamente chamado de Largo da Banana. Atualmente ele é apresentado como bairro de operários europeus, e não pela tradição afro-brasileira.

Foi para promover e contar a história de São Paulo com seus heróis e heroínas que resistiram e lutaram na época da colonização que surgiu o Projeto de Lei (PL) 47/2021: São Paulo é solo preto e indígena. A medida também visa a substituir monumentos e homenagens a escravocratas ainda mantidas na cidade.

Memória

“Há muito tempo o movimento negro brasileiro fala da importância de termos símbolos que têm relação com o nosso povo e de questionarmos os símbolos de violência contra nós, que hoje são completamente naturalizados”, avalia a vereadora Luana Alves, líder da bancada do Psol na  Câmara Municipal.

“É uma forma de violência profunda. E falarmos sobre essas estátuas, homenagens, é não só questionar o que aconteceu, mas colocar um recado muito claro de que no futuro não aceitaremos, que é não é natural esse tipo de processo”, completa.

Antirracismo

Simone Nascimento, integrante do Movimento Unificado Negro (MNU), uma das entidades que assinou uma carta entregue aos demais vereadores para a aprovação do PL, comenta que essa atitude de ressignificar nomes de praças, ruas e mudar os monumentos é uma ação que vem acontecendo em outros países. O projeto também alinha o patrimônio da cidade com debates sobre memória e antirracismo. Assim como exige que as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatórios o ensino de História Indígena, da África e da cultura afro-brasileira, sejam de fato cumpridas.

“Tem a ver com o lugar de pertencimento e a construção da identidade. Muitas vezes as formações de identidades brasileiras só levam em consideração a questão europeia no processo de colonização e ignoram a contribuição dos povos originários e dos povos africanos que foram escravizados em nosso país. É importante para que descendentes de negros e indígenas possam construir um processo e reconhecimento da sua cultura, mas também para que o Brasil passe a valorizar essa visão de um país que foi construído a partir desses povos também”, observa Simone.

“Não conhecer a sua própria história é estar fadado a um processo de esvaziamento, ignorância e invisibilidade. Esse processo de reconhecimento e estudo faz com que a gente valorize uma cultura”, acrescenta.

Tramitação do PL

O PL já foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no Congresso de Comissões da Casa. E agora irá para votação em segundo turno no plenário. O pleito será definitivo para a sua aprovação. A vereadora Luana Alves destaca que toda a viabilidade do projeto já foi reconhecida.

“Antes de apresentarmos essa versão, que é a versão final do projeto, nós já conversamos com o Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), já vimos a viabilidade do projeto. Qualquer voto contrário a ele nessa altura é na verdade um voto ideológico, não se trata de viabilidade, porque é viável. Conversamos com o DPH e agora o que está faltando é refazer a conversa com os colegas vereadores para conseguir aprovar em segunda votação”, ressalta a parlamentar.

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Territórios negros, bairros negros e os currículos da educação brasileira

 

Professor Henrique Cunha Junior na biblioteca do Sesc São Carlos. (FOTO/ Danny Abensur).

Por Henrique Cunha Junior*

Territórios negros e bairros negros são lugares de pertencimento cultural, social, político e econômico, são lugares de formação das identidades negras. Nesses territórios foram criados se processaram artefatos da cultura negra. Artefatos pelo uso transformaram-se em patrimônios cultuarias e, portanto para da cultura que produzem as identidades negras. 

Territórios negros, patrimônios culturais e identidades são pressupostos para uma base curricular da escola básico, do ensino médio e superior. 

Territórios negros como definição histórica. São territórios produzidos por uma maioria de população negra e pelos elementos cotidianos da produção do espaço geográfico. 

População negra e cultura negra: 

Os modos incidentes sobre o território. O escravismo criminoso e o capitalismo racista. Esses modos de dominação vindo dos grupos dominantes que de formas ilegais impuseram a organização das localidades. Ilegal porque tanto o escravismo criminoso como o racismo são formas estruturais ilegais, em virtude de serem criminosas. 

Estamos falando de formas de coerção, de opressão, de uso da força, de forças psicológicas e ideológica utilizadas contra a população negra e que produziu os racismos estruturais, institucionais, que dificultaram a forma de vida das populações negras. As estruturas de dominação que moldaram de forma desumana, incivilizada a sociedade brasileira. 

Precisamos ter como base que escravismo foi criminoso e as nossas populações foram vitimas do sistema, os crimes foram da população branca, portanto eles que tem que ter vergonha do sistema criminoso que implantaram e exploraram e não nós, negras e negros. 

Os territórios negros possuem a dupla característica, a produção da vida pelas populações negras e as limitações a essa vida digna imposta pelos sistemas de dominação. A base curricular, portanto necessita da produção do espaço pelo fazer social da população. As formas de trabalho, de morar, de plantar, de comercializar, de produção da cultura social, da cultura religiosa e da cultura econômica. Como produzimos a nossas festas, em casa e na comunidade em que vivemos. Como produzimos as nossas historias e casos narrados. Mas também a base de explicação, de compreensão das diversas formas de racismos que limitam a nossa vida e dos meios pelos quais esses racismos podem ser combatidos e eliminados. 

Currículo necessário para as populações negras é um currículo produzido pela reunião dos nossos patrimônios culturais, daqueles que produzem a nossa identidade individual e coletiva e dos marcadores das produções da nossa vulnerabilidade social, dos meios de dominação que são impostos e das formas de redução e combate a ação deles.

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Henrique Cunha Junior. é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Possui mestrado em Dea de Historia - Université de Nancy- França (1981) e Doutorado Em Engenharia Elétrica pelo Instituto Politécnico de Lorraine (1983) e orienta doutoramentos e mestrados em Educação com temas relacionados a história e cultura africana, espaço urbano, bairros negros.

Grupo de escritores sai em defesa de Munduruku na ABL

 

Escritor indígena é um dos candidatos à cadeira de número 12 vagada com a morte de Alfredo Bosi, em abril de 2021 | © Luciano Avanço / Divulgação.

No próximo dia 18, a Academia Brasileira de Letras (ABL) realiza mais uma eleição. Desta vez para definir o novo ocupante da cadeira de número 12 vagada com a morte de Alfredo Bosi em abril de 2021. Concorrem o médico Paulo Niemeyer, o poeta e crítico Joaquim Branco e o escritor Daniel Munduruku.

Um grupo de quase 100 escritores divulgou carta de apoio a Munduruku. Se eleito, o escritor será o primeiro indígena a ocupar um assento na ABL. “Daniel Munduruku é um intelectual indígena, foi dos primeiros a escrever histórias inspiradas na mitologia e no modo de vida dos indígenas brasileiros para o público infantil, expandindo a cultura dos povos originários a todas as crianças brasileiras”, descreve a carta, que defende a necessidade de a ABL pensar na diversidade de nossas etnias ao escolher seus imortais.

Entre os signatários está Viviana Bosi, filha do último ocupante da cadeira 12.

Clique aqui e confira a carta em apoio à candidatura do escritor Daniel Munduruku para ABL

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Com informações do Publishnews.

Confira os principais temas que podem cair na prova de Ciências Humanas do Enem

 

O ideal é dedicar até três minutos para cada questão durante o Exame. (FOTO/ Shutterstock).

Marcada para o primeiro dia de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 21 de novembro, a prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias contempla as disciplinas de história, geografia, sociologia e filosofia, divididas em 45 questões. Para muito além de apenas decorar conceitos ou datas, é importante que os estudantes deem total atenção ao que está sendo demandado em cada questão, para evitar erros e a perda de tempo. 

De acordo com Thiago Cavalcanti, professor de história, o ideal para a reta final de estudos é focar na resolução de questões e administrar bem o tempo. Assim, o ideal seria dedicar três minutos para cada questão. Outra dica é não achar que uma pergunta fácil é uma pegadinha e perder tempo em busca de uma resposta alternativa. Logo após marcar, o correto é seguir adiante nas resoluções. 

Em relação aos temas que podem surgir na prova de história, Thiago reforça que o Enem não trabalha com uma cronologia. Ou seja, não necessariamente as questões sobre o Brasil Império serão seguidas pelo período da República, por exemplo. 

O professor destaca que existem três elementos das questões que os alunos precisam se atentar. “O primeiro deles é o texto, que vai trazer os elementos importantes para que ele entenda a questão. O segundo é o comando, que vai dizer o que ele precisa extrair do texto. E o terceiro são as alternativas que seriam complementos corretos a esse comando.”

A seguir, professores destacam as principais cobranças de cada matéria. 

HISTÓRIA

Grécia

Idade Média

Contato entre europeus e nativos, guerras, alianças, assimilação e resistência

Mudanças no mundo do trabalho, crescimento do pensamento liberal.

Revoluções burguesas

O século XIX, imperialismo, etnocentrismo, eugenia

Revolução Industrial

Brasil Colônia, Império e República 

Período entre guerras de 1914 a 1945

Guerra Fria e descolonização.

Segundo o professor Thiago Cavalcanti, existe o mito de que a Era Vargas e o período da Ditadura Militar não são cobrados no Enem por estarem ausentes nas duas últimas edições regulares, mas alerta que o regime militar caiu na edição digital e no Enem PPL, voltado para a população privada de liberdade, de 2020. Logo, o estudante precisa estar preparado para todos os contextos.

GEOGRAFIA

Geografia Agrária

Meio Ambiente

Globalização

Urbanização e questões ligadas à chamada Geografia Física (clima, relevo, vegetação e hidrografia).

O caderno de Humanas vem dando uma grande importância à Geografia nos últimos exames, sendo a disciplina mais cobrada. O entendimento das relações entre o meio social e o meio natural e suas consequências é o eixo norteador das questões. Além disso, a Geografia também é fundamental para o repertório utilizado na elaboração da redação do Enem”, explica Gildezio Santana, professor de Geografia e Atualidades. 

Para a edição deste ano, um tema que pode surgir é a geopolítica do Oriente Médio, em decorrência dos 30 anos da Guerra do Golfo, 20 anos do 11 de setembro e 10 anos da Primavera Árabe. 

SOCIOLOGIA

Cultura

Instituições Sociais

Transformações técnicas e tecnológicas

Cidadania, Democracia e Movimentos Sociais

A sociologia tem a possibilidade de ‘passear’ por todas as seis competências das Ciências Humanas do Enem e por praticamente todas as 30 habilidades propostas com muita facilidade. Tem se tornado fundamental pela possibilidade avaliativa e crítica que são exigidas na prova”, comenta Alexandre Neto, professor de Humanas.

 O professor explica que a cultura brasileira é o alicerce da prova. Assim, aspectos como resgate da memória, patrimônio, produção, aspectos comparativos, nascimentos de expressões culturais e outros assuntos referentes à cultura são comuns na prova do Enem. “Lembrar que a prova tem caráter social humanitário, que a condição humana amplamente defendida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e seguida pela constituição Brasileira em seu Art. 05 são bases para toda a prova do Enem.”

FILOSOFIA

Ética e Justiça

Filosofia antiga grega clássica

Idade Moderna

Sobre a avaliação deste ano, o professor Ítalo Gomes recomenda observar autores contemporâneos como Zizek e Byung-Chul Han. Além disso, é importante elaborar mapas mentais ou tabelas com os pensamentos dos clássicos gregos, de Kant, Descartes e Maquiavel, que sempre estão presentes. 

O professor ressalta que as questões de filosofia não são interpretativas, ou seja, as respostas não estão dentro do texto base e é preciso conhecer o discurso dos autores. “Você tem que, a partir do pensamento filósofo, chegar a uma conclusão por alguma proposta dependendo da habilidade da questão para resolução dela. Então, é muito importante que o aluno tenha o conhecimento não só do conteúdo, mas também que saiba o comando da questão, ou seja, que entenda o que a questão quer.

USE A NOTA DO ENEM

A Unifor preparou um ambiente especial para os alunos tirarem as principais dúvidas sobre o Enem. Por meio de cadastro no portal oficial do Vem Enem, os estudantes podem conferir apostilas, vídeos de professores, simulados e outros conteúdos para potencializar os resultados na prova, tudo de forma gratuita.

Inclusive, o ingresso dos alunos na Unifor pode ser realizado com a nota obtida no Enem, o que facilita o acesso dos estudantes.

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Com informações do Diário do Nordeste.