Academia Brasileira de Letras inclui necropolítica, feminicídio e sororidade no vocabulário ortográfico

Academia Brasileira de Letras. (FOTO/ André Bispo).

Desde 2009 sem a inclusão de novas palavras, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) teve atualização divulgada nesta última sexta-feira (23) pela Academia Brasileira de Letras (ABL). A partir de 23/07 necropolítica, feminicídio e sororidade, junto com outras 997 palavras fazem parte do vocabulário da língua portuguesa.

As palavras, que já estão no cotidiano de muitos brasileiros e brasileiras, sabendo eles ou não do seu significado, agora fazem parte da ortografia nacional. Como justificativa de inclusão das novas palavras está a pandemia, além de termos utilizados com frequência pela imprensa e em textos acadêmicos. Além das mil novas palavras incluídas, a atualização contou com outras 382 mil entradas, entre correções, variações e termos estrangeiros.

A palavra Necropolítica é utilizada para quando o Estado define quem pode viver e quem pode morrer. Muito utilizado pelo filósofo e escritor camaronês Achille Mbembe, o termo ficou conhecido no Brasil pela frase: “quando o Estado não mata, ele deixa morrer”.

Feminicídio é o assassinato de uma mulher por um homem e geralmente o crime é realizado pelo companheiro ou ex-companheiro. No Brasil, em 2020, de acordo com o Anuário de Segurança, houve 1.350 feminicídios. Destes, 61,8% foram de mulheres negras com idade entre 18 e 44 anos. No ano anterior, 70,3% dos feminicídios foram de mulheres pretas, tendo uma pequena queda na taxa.

Já a “Sororidade” é a união entre as mulheres para ser alcançado algo. Não julgar outras mulheres pelas suas ações e desconstruir uma rivalidade imposta socialmente, são igualmente a essência deste movimento. Ajudando assim na luta diária de toda sociedade no combate ao machismo, feminicídio e sexismo.

_________

Com informações do Notícia Preta.

Quatro anos de ‘reforma’ trabalhista: da perda de rumo do crescimento aos excluídos sociais

Sem a presença de trabalhadores, governo Temer faz festa, em 2017, ao aprovar nova lei trabalhista: empregos não vieram até hoje. (FOTO/ Agência Brasil).

Aprovada há quatro anos, a Lei 13.467, de “reforma” da legislação trabalhista e sindical, tramitou sob sucessivas promessas governistas de criação de postos de trabalho e segurança jurídica. Os empregos não vieram até hoje, e a lei continua sofrendo questionamentos, inclusive jurídicos. “As promessas da reforma eram falsas”, afirma a desembargadora aposentada Magda Barros Biavaschi. “Não é se flexibilizando, retirando direitos, isso todas as pesquisas mostram, que se dinamiza a economia”, acrescenta.

Para o professor Marcio Pochmann, há pelo menos cinco anos o país “perdeu o rumo do ponto de vista da perspectiva de voltar a crescer”. São quatro fases de recessão desde os anos 1990. “Iniciamos 2021 com a economia 7% menor do que era em 2014”, comenta. E a “reforma” trabalhista, termo que ele considera inadequado, configurou o “maior ataque” em décadas contra os trabalhadores, atingindo também o movimento sindical.

“Deformação” do sistema

Magda e Pochmann participaram, na semana que passou, de curso sobre os efeitos da reforma implementada em 2017. O evento, que vai até a próxima quinta-feira (29), é organizado por entidades ligadas à Justiça do Trabalho na 2ª e na 15ª Região, em São Paulo (Aojustra, Sindiquinze e Ejud2).

Para o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as mudanças implementadas ainda no governo Temer, em 2017, não foram uma reformulação, mas “uma deformação do sistema corporativo de relações do trabalho”. E enfraqueceram as próprias condições, políticas e materiais, que haviam viabilizado a CLT. Mudanças, assinala o economista, que refletem algo que já vem acontecendo no Brasil há pelo menos três décadas, com a inserção do país na chamada globalização.

Flexibilizar e desregulamentar

Mais recentemente houve, além da “reforma” de 2017, a aprovação de uma série de leis no sentido da flexibilização, como a que ampliou a terceirização. Nesse sentido, a desembargadora ressalta o papel do Supremo Tribunal Federal (STF). “O Supremo passou a deslegitimar a voz do próprio TST (Tribunal Superior do Trabalho). Criando condições materiais, até, para a reforma trabalhista que veio em 2017. Por isso que nós dizemos que o STF, por maioria de votos, passou a constituir a antessala da reforma trabalhista”, diz Magda. O processo se consolidou com o “presente de Natal” de Temer aos trabalhadores, apresentando seu projeto de reforma em 23 de dezembro de 2016, centrado na premissa de prevalência do negociado sobre o legislado.

Ou seja, no transtrocar das fontes do Direito do Trabalho”, afirma a desembargadora. Com isso, o contrato individual “poderá e será a fonte prevalente, podendo se sobrepor, sobretudo, à regulação pública universal”, constata. “Só que isso desregulamenta, mercantiliza. Mercatilizando, precifica e coloca nas forças do mercado o poder de dispor sobre o uso da força de trabalho.” E isso também atingiu as instituições públicas, a própria Justiça do Trabalho e os sindicatos.

Desemprego e desalento

Tudo isso com o discurso de que era preciso “retirar a rigidez” da legislação, porque isso afastava investimentos e inibia o crescimento econômico. O que se viu, conclui Magda, foi “aumento substantivo do desemprego, da informalidade, desalento, terceirizados não incorporados”.

E, além dos atuais 14,8 milhões de desempregados, um enorme contingente de pessoas fora da força de trabalho: 76,4 milhões, segundo o dado mais recente a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. Os excluídos, para quem, diz Magda, é preciso pensar em um sistema público de proteção. E também em uma organização sindical que represente essa “massa nova” de trabalhadores da economia brasileira.

Pelos dados da Pnad Contínua, em 2020 a taxa média de desemprego foi de 13,5%, ante 8,5% em 2015. O total estimado de desempregados aumentou de 8,5 milhões para 13,4 milhões – o dado mais recente aponta 14,8 milhões. E o número de excluídos da força de trabalho subiu de 63 milhões para 75 milhões.

__________

Com informações da RBA. Clique aqui e confira a íntegra do texto.

“O barco do Bolsonaro está com muitos furos e com risco real de afundar”, diz Boulos sobre 24J

Protestos pelo impeachment de Bolsonaro reuniram milhares em diversas capitais brasileiras e cidades do interior no #24J. (FOTO/Carl de Souza / AFP).

Mais de 600 mil manifestantes foram às ruas em mais de 400 cidades do Brasil no sábado (24) pedindo a saída do governo Bolsonaro.

Com o mote “Por vacina, emprego e auxílio: Fora Bolsonaro", os atos aconteceram em um contexto de piora das condições de vida dos brasileiros, que sofrem com o avanço da pandemia, que já deixou mais de 550 mil mortos, além de desemprego e alta dos alimentos.

Esse cenário, associado ao acúmulo de denúncias de corrupção e perda de apoio inclusive da base política de parte dos conservadores, coloca Bolsonaro em condição mais frágil e em sérios riscos, segundo avaliam lideranças políticas do país. 

Para Guilherme Boulos, coordenador da Frente Povo Sem Medo e pré-candidato a governador do estado de São Paulo, o crescimento dos atos pelo impeachment, assim como a reforma ministerial anunciada durante a  semana, que dará mais poder aos partidos do centrão, são sinais da perda de força do presidente, acuado devido à pressão popular.

O barco do Bolsonaro está com muitos furos e com risco real de afundar. E ele decidiu se socorrer com o centrão para ministrar o barco, com a reforma ministerial que fez essa semana. E também para se livrar do impeachment”, avalia Boulos.

Durante a entrevista ao Brasil de Fato e TVT comentando os atos no último dia 24, ele defendeu que as provocações de Bolsonaro sobre voto impresso como condição para as próximas eleições, são também sinal da falta de força política do presidente.

O voto impresso é a narrativa que ele constrói para poder mobilizar fanáticos e milicianos. Nosso papel é construir uma muralha de resistência", afirmou.

"É dizer que vai ter eleição. E que mais do que isso, nós vamos trabalhar para que tenha eleição e para que o Bolsonaro não esteja nela. Para que tenha impeachment e que ele esteja respondendo pelos crimes que cometeu no Tribunal de Haia, durante o período eleitoral, pelo genocídio que cometeu.

O ex-ministro e ex-candidato a presidente da República, Fernando Haddad, concorda com a avaliação, e ressalta que a tática de ameaças é própria do governo Bolsonaro e aumenta  no momento em que a reprovação a seu governo cresce inclusive entre as correntes políticas de centro e de direita.

Nós temos que nos lembrar que o governo Bolsonaro é um governo de provocação permanentemente. Ele testa as instituições e a paciência dos democratas permanentemente. E agora ele está recebendo a resposta não só do movimento popular e da esquerda em geral, mas dos setores democráticos mais conservadores que não valorizam esse tipo de conduta em relação ao Brasil”, avalia.

Sobre a aproximação dos conservadores dos atos contra Bolsonaro, o ex-ministro defende que somente essa diversificação poderá massificar a pauta e tornar real a possibilidade de impeachment.

"Eu creio que as manifestações vão crescer e se diversificar. Acredito que temos que acolher todos aqueles que se opõem a esse governo, que tem que ser derrotado pela via do impeachment, que antecipa esse desfecho que tem causado tanto sofrimento para a população.”

Apesar do enfraquecimento e da perda de popularidade, Haddad avalia que, mais do que o presidente, o movimento bolsonarista deve ser entendido como uma força política que transcende a figura do mandatário.

Acho que não devemos subestimar a força do bolsonarismo, porque o movimento não é dele enquanto pessoa. Ele é uma figura inclusive fraca. Mas a questão é que ele encarna um sentimento ruim, uma série de mazelas que nós imaginávamos superadas. Mas a gente vê que não. Porque tem uma parcela da sociedade de, cerca de 20, 25% da população que se vê representada por um discurso racista, misógino, xenófobo”, avalia.

Fome, perda de direitos e massificação dos atos

A massificação dos atos, que chegou a ser realizado em cerca de 405 cidades do país, está associada, também à piora das condições de vida, devido à alta do desemprego e dos alimentos e o corte do seguro desemprego. 

Dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Kelli Mafort, participou junto do movimento em Ribeirão Preto e lembrou do crescimento da fome da país.

É revoltante o que está acontecendo. Estamos nessa situação de mais da metade do povo brasileiro em risco de passar fome, são 116 milhões de pessoas em risco de insegurança alimentar".

Para ela, a situação revoltante de não ter o que comer, tem levado mais pessoas à rua. "Essa é uma situação extremamente grave mas que tem uma responsabilidade direta, por conta do sucateamento das políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar. Esse é o momento em que mais precisávamos de um programa de aquisição de alimentos, e o Bolsonaro desmantelou essa política.”

A ausência de políticas públicas específicas também é o que tem motivado a adesão da população indígena na luta contra o governo Bolsonaro.

Segundo Sônia Guajajara, dirigente da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), a posição do presidente, desde o início de sua campanha, contra as pautas indígenas, em especial à demarcação de terras dos povos originários, já seriam motivos suficientes para que essas populações estivessem nas ruas em protesto. Mas ela lembra que, durante a pandemia, devido o descaso, o governo federal deixou de vacinar 43% dos povos indígenas, por estarem em áreas não demarcadas.

Estamos no meio da pandemia ainda, mas para nós, o risco de morrer pelas invasões pelos ataques é igual ou maior do que morrer pelo vírus, então por isso nos colocamos de pé, nos somando a todas as manifestações", defendeu.

______________

Com informações do Brasil de Fato.

Estátua de Borba Gato queimada por manifestantes traz Luiz Gama

 

(FOTO/ Pedro Borges).

Por Nicolau Neto, editor

A estátua de Borba Gato inaugurada em São Paulo no ano de 1963 foi queimada neste sábado, 24 de julho, durante as manifestações contra Bolsonaro. O monumento do escultor Júlio Guerra tinha mais de 10 metros e foi construído em comemoração ao IV Centenário do Bairro Santo Amaro.

Durante os atos contra o governo federal, mais de 40 pessoas ligadas ao movimento "Resistência Periférica" usaram pneus para atear fogo no símbolo dos bandeirantes paulistas, mas que representa sangue e dor por sua relação com um passado de escravidão de negros e indígenas.

Mas quem Foi Borba Gato? Qual sua relação com a História?

Barba Gato é o retrato de um país que cultua falsos heróis. Ele foi colono, foi bandeirante e escravagista. Durante suas ações como bandeirante, principalmente em Minas Gerais e São Paulo aprisionou os indígenas e depois os vendia como escravizados. Isso quando não eram mortos, e no caso das mulheres os estupros aconteciam.

O fogo ateado na estátua de um escravagista traz para o centro da História um dos maiores símbolos do movimento abolicionista brasileiro e figura central contra um Brasil escravocrata, o advogado, poeta e jornalista Luiz Gama. Gama conseguiu libertar mais de 500 escravizados, e ficou convencido de que precisava usar outras maneiras de atuação contra qualquer escravagista, além das leis, para acabar com a escravidão.

A ação de ontem (24J) traz Gama porque foi ele quem disse que “o escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa”. E é dentro dessa ambiência que o ato da queima do monumento do Borba Gato deve ser vista. Foi um ato antirracista e assim deve ser entendido.

Classificar os revolucionários desse ato como vândalos e criminosos é negligenciar a História do Brasil. É reforçar a História tradicional contada nos livros

Atos 24J contra Bolsonaro reúnem 600 mil pessoas em 509 atos no Brasil e no exterior

 

(FOTO/ Reprodução).

A Campanha Fora Bolsonaro, responsável por convocar e organizar os as manifestações deste sábado (24) contra o presidente Jair Bolsonaro, divulgou um balanço em que estima que cerca de 600 mil pessoas saíram às ruas para pedir o impeachment do chefe do Executivo.

Ao todo, foram realizados 509 atos no Brasil e no exterior, superando o último recorde, da mobilização de 3 de julho, quando foram registrados 387 protestos.

“Nas ruas, as principais bandeiras presentes foram em defesa da democracia e das eleições, contra a propina da vacina e a favor da aceleração da vacinação em todo o país. Mais uma vez foram presentes as homenagens aos mais de 540 mil mortos vítimas da Covid”, diz nota dos organizadores.

A Campanha ganhou mais capilaridade evidenciada pelo aumento das cidades em que ocorreram as manifestações e mantém a relevante mobilização em seu 4° ato desde o dia 29 de maio”, completa a Campanha Fora Bolsonaro.

Não tínhamos dúvida de que este dia de protesto e de luta seria gigantesco, porque a cada dia aumenta a indignação de amplos setores da sociedade contra do governo Bolsonaro”, avalia, por sua vez, Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), uma das entidades organizadoras dos atos.

São Paulo tem o maior ato

A cidade de São Paulo, mais uma vez, contou com o maior ato do 24J contra Jair Bolsonaro neste sábado (24). Cerca de 100 mil manifestantes se reuniram na avenida Paulista para pedir o impeachment do presidente e mais agilidade na vacinação contra a Covid-19.

Os manifestantes se concentraram em frente ao Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp) e seguiram em marcha, pela rua da Consolação, até a região central da cidade.

Ao longo do ato, que contou com a presença de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, indígenas, torcidas de futebol e outros segmentos da sociedade civil, lideranças políticas discursaram em carros de som.

Guilherme Boulos (PSOL), por exemplo, afirmou que “o barco de Bolsonaro está afundando”. Em sua fala, Boulos citou as ameaças que Bolsonaro vem fazendo às eleições de 2022 caso não seja implantado o voto impresso.

Ele começa a ficar assustado com as manifestações, CPI, queda de popularidade, aí começa a ameaçar com a baboseira de que, se não tiver voto impresso, não vai ter eleição em 2022. Quero dizer uma coisa para o Bolsonaro: vai ter eleição em 2022, sim, seu golpista sem vergonha”, exclamou o psolista.

Boulos afirmou, contudo, que vai trabalhar para que Bolsonaro seja derrubado antes da eleição e que seu nome sequer conste na urna eletrônica. “Que em 2022 ele esteja no Tribunal de Haia respondendo pelo genocídio que está praticando”, atestou.

Já Fernando Haddad (PT), por sua vez, pulou e dançou com a Juventude de seu partido na rua e, do alto do carro de som, exclamou: “Nós estamos aqui com vocês até a última gota de suor pra tirar o genocida do Palácio do Planalto”.

Derrota “fragorosa” de Bolsonaro

Também presente na manifestação, o professor Ângelo Del Vecchio, diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), celebrou a diversidade do ato e analisou que o movimento aponta para uma “derrota fragorosa” de Jair Bolsonaro.

Se a coisa andar do jeito que está andando, vamos ter um desenlace, se não anterior à eleição, mas na eleição, uma derrota fragorosa pra ele [Bolsonaro]”, disse Del Vecchio ao jornalista Marco Piva.

Vi aqui forças de centro-direita, de centro-esquerda, esquerda e até de extrema-esquerda. Hoje estão convivendo pacificamente e é um avanço com relação a outras manifestações. O objetivo é claro: vacina, combate à pandemia e impeachment do Bolsonaro”, atestou ainda.

___________

Com informações da Revista Fórum.

Liderança quilombola, Tereza de Benguela lutou contra o patriarcado no século 18

 

(FOTO/ Reprodução).

Desde 2014, o Brasil celebra, no dia 25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Conhecida também como Rainha Tereza, a líder quilombola representa um símbolo na luta contra o racismo e o patriarcado do século 18.

Assim como parte do apagamento da contribuição dos povos africanos no Brasil, há poucos dados históricos sobre a vida de Tereza. Historiadores acreditam que ela tenha nascido na Angola, outros apontam o Brasil como o seu local de nascimento. O que se sabe é que Tereza foi uma mulher escravizada que, junto com o marido José Piolho, eram os representantes do Quilombo do Quariterê, (1730-1795), no Vale do Guaporé, atual estado do Mato Grosso.

Há quem acredite que ela só comandou o quilombo após a morte do marido, que foi assassinado por colonizadores. O fato é que Tereza foi uma revolucionária e adotou um sistema de organização responsável por manter o quilombo, que abrigou negros e indígenas por duas décadas. Informações do Anal de Vila Bela, de 1770, indica que o Quilombo do Quariterê funcionava em modo de Parlamento, tendo uma divisão política destinada para a administração, manutenção e segurança dos mais de três mil moradores da comunidade.

Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais, Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo", diz um trecho do documento.

Sob o comando da Rainha Tereza, o sustento dos quilombolas vinha da agricultura. A comunidade também produzia algodão para a confecção de tecidos, que eram trocados em feiras por armas e equipamentos utilizados na proteção da comunidade contra os invasores colonizadores.

Visionária, Tereza sabia que essa estrutura seria responsável por manter o Quilombo, que resistiu sob a sua liderança até 1770, quando ela foi presa e morta pelos colonizadores Bandeirantes. Uma outra versão é de que ela teria se matado após a prisão. O que não muda é que o final trágico marca a trajetória de uma mulher que morreu sob as terras do Brasil Colônia com um único objetivo: proteger os seus na busca pela liberdade.

O legado de Tereza de Benguela mostra como a organização de uma mulher preta é capaz de inverter toda uma estrutura sociopolítica. A história dessa mulher negra, líder e guerreira, se traduz na fala da filósofa norte-americana Angela Davis, que diz: "Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela".

A vida e morte da Rainha reverbera até os dias atuais, tanto que, em 1992, mulheres negras latinas e caribenhas se reuniram, pela primeira vez, na República Dominicana como um levante contra todo tipo de opressão e racismo que atingem a comunidade negra. O Brasil, local da vida e morte de Tereza de Benguela, só incluiu o dia 25 de julho, data da celebração de Tereza, na agenda nacional em junho de 2014, durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.

Em 1994, a escola de samba Unidos do Viradouro fez uma homenagem a Tereza de Benguela durante o desfile de Carnaval, que teve como tema: "Tereza de Benguela: Uma Rainha Negra no Pantanal". No ano passado, a Barroca Zona Sul fez um volta triunfal após 15 anos com a história da líder quilombola no enredo "Benguela… A Barroca Clama a ti,Tereza". Escute abaixo:

             

___________

Por Dindara Ribeiro, no Alma Preta.

#24J: Manifestações contra Bolsonaro ocorreram em mais de 10 cidades do Ceará

 

Manifestação contra Bolsonaro em Juazeiro do Norte. (FOTO/ Perfil do @ptcearaoficial).

Por Nicolau Neto, editor

E menos de dois meses a população foi às ruas se manifestar contra o governo Bolsonaro pela quarta vez. No Ceará, cerca de 11 municípios registraram ato nesse sábado, 24 de julho.

Segundo levantamento realizado pelos organizadores, a previsão era de que as reivindicações contra o governo federal ocorresse em pelo menos 17 municípios, mas até o momento as imagens colhidas junto as redes sociais dão conta de apenas 11.

Além do #ForaBolsonaro, as reivindicações que fizeram parte dos protestos foram ampliação e aceleração da vacina em todo o país, posicionamento contrários aos escândalos de propina relacionados a compra da vacina, defesa da democracia e da realização das eleições em 22 e as homenagens as famílias das vítimas da Covid-19.

Abaixo a lista das cidades cearenses com protestos:

Juazeiro do Norte, Caucaia, Fortaleza, Sobral, Quixadá, Quixeramobim, Santana do Acaraú, Morada Nova, Beberibe, Baturité e Itapipoca.

Quem foi Borba Gato?

 

(FOTO/ Zanone Fraissat/Folhapress).

Borba Gato foi um colono brasileiro, bandeirante paulista, sertanista,  proprietário de escravizados e  descobridor de metais preciosos que esteve envolvido no conflito da Guerra dos Emboabas (1708-1709). Nas bandeiras em que realizava, indígenas eram aprisionados e vendidos como escravizados

Em uma das bandeiras lideradas por ele, encontrou ouro na região de Sabará. Exerceu o cargo de Superintendente de Minas, juiz ordinário na Vila de Sabará e também possuiu fazendas em Sabará. Ao longo de sua vida como bandeirante, foi  um dos responsáveis pela realização de diversas bandeiras pelo território brasileiro  nos atuais estados de Minas Gerais e São Paulo. Nessas bandeiras,  os grupos indígenas os quais eram encontrados pelo caminho eram assassinados, as mulheres estupradas e os sobreviventes escravizados.

Para saber mais clique aqui.

________

Com informações do Galeria de Racistas.

Enquanto tive verbas garantidas, Centrão não abandona o barco de Bolsonaro

Bolsonaro e Ciro Nogueira: aliança da velha política pensando em 2022. (FOTO/ Marcos Corrêa/ PR).

As reiteradas ameaças – claras ou veladas – do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Defesa, general Braga Netto, à democracia e as eleições provocam rumores e reações da oposição, mas, pelo menos no momento, são uma tentativa do governo de conturbar o cenário e desviar o foco da crise sanitária e da CPI da Covid. Enquanto o militar e o chefe do Executivo alimentam manchetes e provocam a necessária reação da oposição, o trem das gigantescas verbas federais destinadas a emendas parlamentares alimentam a ambição dos políticos do Centrão, que só pensam em 2022. O poder de Arthur Lira (PP-AL) não é pequeno. Ele comanda o destino de nada menos que R$ 11 bilhões a serem distribuídos, na forma de emendas parlamentares, de acordo com seus interesses políticos e do bloco informal que comanda.

A escolha do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para ocupar o lugar do general Luiz Eduardo Ramos na Casa Civil acomoda os interesses de Bolsonaro e do Centrão. “O que esses parlamentares querem é o dinheiro das emendas, para agradar suas bases e seus cabos eleitorais, principalmente prefeitos e vereadores das cidades. Simples assim. O que Ciro Nogueira vai fazer é justamente isso, garantir o acesso aos recursos”, destaca Oswaldo Amaral, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E o presidente da República, que chefia um governo sem projeto, tenta se garantir, evitando qualquer tentativa de impeachment.

Recuo

Por isso, Lira – a quem, como presidente da Câmara, cabe a decisão de dar andamento ou não aos pedidos de impeachment contra Bolsonaro –, costuma dar declarações evasivas e superficiais quando questionado sobre os mais de 120 pedidos que a Casa já recebeu. Em vez disso, celebrou a manobra de Bolsonaro em reação ao fechamento do cerco. “As últimas decisões do governo foram pelo reconhecimento da política e da articulação como único meio de fazer o País avançar”, escreveu Lira no Twitter nesta quinta-feira (22), sobre a reconfiguração da Casa Civil e da rendição de Bolsonaro à “velha política“. Após as manifestações de rua contra o presidente no #3J, o deputado usou um velho chavão. “Não podemos institucionalizar impeachment no Brasil”, declarou.

Emendas parlamentares são legalmente legítimas, desde que não são objeto de corrupção, propina e favorecimentos, como aconteceu no final dos anos 1980 e parte da década seguinte, no chamado escândalo dos “anões do orçamento”.

Custo-benefício

Para ele, porém, o preço que o Centrão está disposto a cobrar para manter o governo Bolsonaro de pé ainda não chegou ao limite, o que ocorreria se a ligação com o presidente ameaçasse projetos eleitorais de deputados e senadores. Isso, no momento, não acontece. Se o desemprego não ceder e a inflação continuar subindo, o custo de apoiar Bolsonaro pode começar a ficar caro demais. “Precisaria ser muito alto, por exemplo um grande escândalo de corrupção. Pode ser que os desdobramentos da CPI da Covid tragam isso. Aí as coisas podem mudar.”

Na cabeça do eleitor, o voto dado ao presidente e aos parlamentares não se misturam. Ele julga o governo federal no voto para presidente, mas vota no deputado por razões locais. Com os bilhões que Lira tem nas mãos para alimentar as bases de aliados, por enquanto a situação está confortável para o Centrão. E Bolsonaro pode seguir confiante de que o presidente da Câmara continuará sentado em cima dos pedidos de impeachment.

_________

Com informações da RBA. Clique aqui e confira íntegra do texto.

Mídias antirracitas: construídas por nós, para falar sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências

 

Mídias antirracitas: construídas por nós, para falar sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências. (FOTO/ Divulgação).

Por Nicolau Neto, editor

A mídia tradicional brasileira não é diversa. A maioria dos programas jornalísticos da televisão não conta em suas bancadas com representatividades negras, tampouco com indígenas.

A presença negra e indígena nas grandes mídias - seja no rádio, na televisão ou na internet através de sites e blogs ainda é pequena - mesmo o Brasil sendo o país mais negro fora do continente africano. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira conta com 56% de negros. Isso permite concluir que seis em cada dez brasileiros se autodeclararam negros.

Ainda assim encontrar âncoras negros e negras no jornalismo brasileiros é raro. A situação piora quando se procura por indígenas nas redações e nas bancadas dos veículos de comunicação. Isso é fruto de um sistema escravocrata que durou por cerca de três séculos no Brasil e que relegou a história negra indígena, privando-os dos direitos básicos como a liberdade e o acesso à educação.

O racismo gerador das desigualdades étnico-raciais no Brasil é gritante. Ele está presente desde o momento da contratação dos profissionais, passando pelas criações das peças, das propagandas e das campanhas publicitárias; Se faz presente no elenco dos filmes e das novelas, nas bancadas do jornalismo e de verifica também nos texto e nas imagens para ilustrar artigos.

Ter uma comunicação comprometida em transparecer essas disparidades também nas redações e preocupada em escrever as nossas histórias é fundamental para fazer com que o Brasil tenha rosto de Brasil.

Neste contexto, o Blog Negro Nicolau que figura como uma mídia antirracista, elaborou uma lista de treze sites/blogs editados e administrados por personalidades negras que versam sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências. São mídias construídas por nós, para falar sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências.

Confira abaixo:

1 – Geledés

2 – Ceert

3 – Alma Preta

4 – Notícia Preta

5 – Blog Negro Nicolau

6 – Mundo Negro

7 – Revista Afirmativa

8 – Blogueiras Negras

9 – Correio Nagô

10 – Foppir

11 - Ipeafro

12 – Observatório Negro

13 – Instituto Búzios