Mídias antirracitas: construídas por nós, para falar sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências

 

Mídias antirracitas: construídas por nós, para falar sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências. (FOTO/ Divulgação).

Por Nicolau Neto, editor

A mídia tradicional brasileira não é diversa. A maioria dos programas jornalísticos da televisão não conta em suas bancadas com representatividades negras, tampouco com indígenas.

A presença negra e indígena nas grandes mídias - seja no rádio, na televisão ou na internet através de sites e blogs ainda é pequena - mesmo o Brasil sendo o país mais negro fora do continente africano. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira conta com 56% de negros. Isso permite concluir que seis em cada dez brasileiros se autodeclararam negros.

Ainda assim encontrar âncoras negros e negras no jornalismo brasileiros é raro. A situação piora quando se procura por indígenas nas redações e nas bancadas dos veículos de comunicação. Isso é fruto de um sistema escravocrata que durou por cerca de três séculos no Brasil e que relegou a história negra indígena, privando-os dos direitos básicos como a liberdade e o acesso à educação.

O racismo gerador das desigualdades étnico-raciais no Brasil é gritante. Ele está presente desde o momento da contratação dos profissionais, passando pelas criações das peças, das propagandas e das campanhas publicitárias; Se faz presente no elenco dos filmes e das novelas, nas bancadas do jornalismo e de verifica também nos texto e nas imagens para ilustrar artigos.

Ter uma comunicação comprometida em transparecer essas disparidades também nas redações e preocupada em escrever as nossas histórias é fundamental para fazer com que o Brasil tenha rosto de Brasil.

Neste contexto, o Blog Negro Nicolau que figura como uma mídia antirracista, elaborou uma lista de treze sites/blogs editados e administrados por personalidades negras que versam sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências. São mídias construídas por nós, para falar sobre nós, sobre nossas lutas e sobre nossas resistências.

Confira abaixo:

1 – Geledés

2 – Ceert

3 – Alma Preta

4 – Notícia Preta

5 – Blog Negro Nicolau

6 – Mundo Negro

7 – Revista Afirmativa

8 – Blogueiras Negras

9 – Correio Nagô

10 – Foppir

11 - Ipeafro

12 – Observatório Negro

13 – Instituto Búzios

Lei de cotas para concursos públicos no Ceará passa a valer neste mês

 

(FOTO/ Divulgação/Thiara Montefusco).

Sancionada no último mês de março, a lei de cotas para concursos públicos no Ceará passa a valer neste mês. Visando equidade no processo seletivo, a estreia é feita pela Fundação Regional de Saúde, órgão responsável pelo gerenciamento de serviços assistenciais no estado. O feito garante 20% das vagas para a população negra e 5% para pessoas com deficiência. O Governo associa a conquista à demanda histórica dos movimentos de promoção da igualdade racial da região.

A aplicação da lei estadual, de nº 17.432, será aplicada nas seis mil vagas na área da saúde que estão abertas em novo edital. Do quadro geral, 5.581 vagas são para a área assistencial e 419 para a área administrativa, de níveis médio e superior. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) é a administradora do concurso e cobra taxa de inscrição para médicos de R$ 300; para demais cargos de nível superior, R$ 150, e para nível médio, R$ 70.

A partir do momento em que a gente está pensando um modelo de gestão em que se trabalhe a horizontalidade dos processos e a redução dessas hierarquias, a política de cotas agrega um valor enorme”, acredita Josenília Gomes, diretora-presidente da Fundação. “Quando agrega cotas, você agrega diversidade, e quando agrega diversidade, você agrega possibilidade de criatividade. Assim, temos várias visões sobre o mesmo processo, sobre a mesma forma de fazer”, afirma.

De acordo com a gestão estadual, a cota é aplicada em todos os cargos que oferecem cinco ou mais vagas. Caso o número de candidatos negros aprovados seja inferior ao de vagas reservadas, as restantes serão ocupadas pelos participantes do certame inseridos na ampla concorrência, de acordo com sua classificação.

Ao se inscrever, o candidato tem de se autodeclarar preto ou pardo, de acordo com os requisitos para cor e raça do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O candidato que assim se autodeclarar, para validação da participação no concurso pelo sistema de cotas, será submetido também à comissão de análise.

Com inscrições abertas no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), administradora do concurso, o edital prevê seis mil vagas na área da saúde do Ceará. São 5.581 vagas para a área assistencial e 419 para a área administrativa, de níveis médio e superior. O valor da taxa de inscrição para médicos é R$ 300; para demais cargos de nível superior, R$ 150, e para nível médio, R$ 70.

Para a assessora Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Governo do Ceará, Zelma Madeira, a aplicação de cotas torna o serviço público menos monocromático e é um instrumento de combate ao racismo estrutural. “A gente ganha com o diálogo com a sociedade, porque o movimento social é atendido na sua solicitação. A gente ganha quando diversifica e traz uma contribuição e o conhecimento que essas pessoas têm e, nesse caso, específicos da saúde”, afirma Zelma.

Aos interessados, mais detalhes sobre o edital estão disponíveis através do link.

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Com informações da Alma Preta.

Em nota, TSE rebate tese de Bolsonaro sobre fraude na eleição

(FOTO/ Tribunal Superior Eleitoral).

 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou nota, na noite desta quinta-feira (22), para rebater mais uma fala do presidente Jair Bolsonaro sobre suposta “fraude” nas eleições.

Em sua live semanal, o titular do Planalto lançou teoria conspiratória dizendo que a apuração dos votos seria feita por “meia dúzia de servidores”, de forma secreta.

Se o Lula tem 49% no Datafolha, o voto auditável, impresso e com contagem pública, ele vai ganhar as eleições. O que demonstra para gente o que ta acontecendo é o seguinte. Tiraram o Lula da cadeira, tornaram elegível para ser presidente. De que forma? Pega o instituto de pesquisa Datafolha, que ninguém confia mais mas está o tempo todo dizendo que o Lula é o cara. A desconfiança é que esse percentual vai ser acertado entre meia dúzia de servidores do TSE”, afirmo Bolsonaro.

O TSE, sem citar o presidente, então, esclareceu que a informação é falsa. “Em verdade, a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação. Nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco. Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. Vias adicionais são entregues aos fiscais dos partidos políticos”, diz o tribunal.

Na longa nota, o TSE destrincha como funciona a apuração dos votos da urna eletrônica e informa que há auditoria “antes, durante e depois da votação”. “Há, durante todo o processo, diversos mecanismos de auditoria e verificação dos resultados que podem ser acompanhados pelos partidos políticos, pelo Ministério Público, pela Ordem dos Advogados do Brasil e por mais de uma dezena de entidades fiscalizadoras, além do próprio eleitor”, escreve.

A nova declaração de Bolsonaro colocando em xeque a segurança das urnas foi feita no mesmo dia em que foi revelada ameaça feita pelo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre as eleições de 2022. O militar teria afirmado que, sem voto impresso, não haveria o próximo pleito eleitoral.

A proposta de contagem de votos impressos manualmente pelos próprios mesários, em substituição à apuração automática pela urna eletrônica, não criaria um mecanismo de auditoria adicional, mas representaria a volta ao antigo modelo de voto em papel, marcado por diversas fraudes na história brasileira”, diz o TSE na nota.

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Com informações da Revista Fórum. Clique aqui e confira a íntegra do texto do tribunal.

Juazeiro do Norte: 110 Anos de Emancipação Política

Juazeiro do Norte. (FOTO/ Perfil @conhecaocariri).


Hoje, 22 de Julho de 2021, celebramos os 110 anos de emancipação política de Juazeiro do Norte. De povoado pertencente ao município do Crato, a “Terra do Meu Padim” passou a figurar como a maior cidade de interior do Ceará e núcleo central da Região Metropolitana do Cariri. Muitos são os traços que caracterizam e singularizam a capital metropolitana do Cariri. A centralidade da figura do Pe Cícero Romão Batista e a religiosidade e fé popular que daí decorrem, a vocação para o artesanato, cultura, arte e tradições populares, a pujança do comércio e o crescimento econômico e populacional expressivos são algumas destas características.

Ressurgida da fé e da bonança”, assim cantam os versos do Hino de Juazeiro do Norte, aludindo talvez aos domínios da fé e do trabalho – binômio que bem sintetiza a trajetória histórica, econômica e social de Juazeiro do Norte e alicerçam o seu desenvolvimento. O conselho do Padre Cícero de que “em cada casa um oratório e em cada quintal uma oficina”, perpetuado no imaginário dos seus romeiros e afilhados e salvaguardado pelas tradições locais, seria o mito fundador que pavimenta essa trajetória.

Ao longo dos seus 110 anos, sobretudo nas 3 últimas décadas, Juazeiro do Norte consolidou-se como importante polo de desenvolvimento regional e como centro nucleador de diversas atividades econômicas, com destaque para o setor do comércio e serviços. A construção de grandes infraestruturas e equipamentos públicos, a instalação de unidades de empresas multinacionais e a consolidação do polo de educação superior são evidências deste processo, e as suas marcas mais visíveis são o expressivo incremento de população, a expansão urbana e verticalização da cidade e o movimento pendular de pessoas que se deslocam para a cidade para trabalhar, estudar, acessar serviços ou para pagar promessas e ter sua experiência romeira na terra do Padre Cícero. Esta centralidade de Juazeiro do Norte, que juntamente com as cidades de Crato e Barbalha forma o aglomerado urbano do CRAJUBAR, foi decisiva para a criação, pela Lei Complementar Estadual nº 78 de Junho de 2009, da Região Metropolitana do Cariri.

Em que pese toda a história de progresso e esperança, não há como desconsiderar que Juazeiro do Norte também partilha dos problemas e desafios característicos dos grandes centros urbanos brasileiros, notadamente a violência a desigualdade social e de acesso a equipamentos e serviços básicos, a emprego e fontes dignas de trabalho e renda. Neste marco dos 110 anos de emancipação política, é importante celebrar os feitos e as conquistas da Cidade do Progresso, mas sem perder de vista a necessidade de superar os desafios existente e a esperança de que este caminho de desenvolvimento e gestão da cidade seja cada vez mais sustentável, inclusivo e plural. Algumas iniciativas recentes em nível municipal (re)acendem essa esperança, tais como a requalificação de equipamentos e espaços públicos da cidade, o ideário de cidade inteligente, o esforço de construção participativa do planejamento municipal, e a recém-anunciada revisão do Plano Diretor do município.

Para a continuidade desse percurso de realizações positivas, é importante seguirmos firmes e atentos e também exercer uma cidadania mais ativa, ocupando os espaços e dando a nossa contribuição para o debate e a ação na/sobre a cidade. Que o Luzeiro da Fé aponte os rumos e a luminária da Mãe das Candeias não nos deixe perder nesse caminho!

Parabéns Juazeiro do Norte!!!

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Por Raniere Moreira, professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e coordenador do Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE).

Publicado originalmente no Portal Badalo.

Movimento negro denuncia à ONU violações do presidente da Fundação Palmares

 

(FOTO/Reprodução).

A Coalizão Negra por Direitos, articulação que reúne mais de 200 organizações do movimento negro, apresentou à ONU nesta quinta-feira (22) uma denúncia contra o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Sérgio Camargo, por violações de direitos humanos e aos interesses da população negra.

O relatório pauta a importância da preservação do patrimônio cultural, social e histórico da população negra e da história de luta do movimento negro brasileiro frente aos mandos e desmandos de Camargo em prejuízo aos direitos humanos.

No dossiê enviado à Organização das Nações Unidas são relatadas tentativas de Camargo de promover o desmantelamento da proteção institucional do patrimônio histórico e cultural afro-brasileiro, bem como os constantes ataques ao movimento negro e militantes da agenda antirracista.

Entre os ataques mencionados no dossiê está a ameaça de expurgo da maioria das obras que integram o acervo literário do órgão público e narram a história de luta e resistência dos movimentos negros no Brasil.

O atual presidente da Fundação Palmares age de modo impessoal e desonesto, claramente movido por ideologia política pessoal, buscando atingir por meio deles a desvalorização da luta histórica contra o racismo estrutural presente no país até os dias de hoje devido a abolição inconclusa. São graves e constantes os ataques promovidos por Sergio Camargo que tem trilhado uma cruzada ideológica contrária aos direitos humanos e às conquistas de direitos da população negra”, diz o documento, que a Alma Preta Jornalismo teve acesso.

Entre os ataques mencionados no dossiê está a ameaça de expurgo da maioria das obras que integram o acervo literário do órgão público e narram a história de luta e resistência dos movimentos negros no Brasil. Segundo a coalizão, se trata de uma tentativa de censurar, deslegitimar e promover o apagamento histórico da luta negra no país.

O documento traz ainda a alteração da conhecida lista de personalidade negras, que Camargo causou polêmica ao anunciar que a tornaria uma lista póstuma, ou seja, de homenagens a personalidades que já faleceram.

Na avaliação do movimento negro, a lista é relevante para o patrimônio histórico-cultural da população negra, uma vez que se tratava de uma coletânea de diversas lideranças e propagadores da luta por igualdade social, tais como o abolicionista André Rebouças e as escritoras Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo.

Ataques à liberdade de imprensa

O dossiê enviado para a ONU também pauta as agressões de Sérgio Camargo a jornalistas e à imprensa de um modo geral, que estão alinhadas à prática de censura e contrárias à liberdade de expressão.

Em seu perfil pessoal no Twitter, ao comentar a repercussão do caso da Chacina do Jacarezinho, que causou a morte de 29 jovens em sua maioria negros, o presidente da afirmou que “parcela significativa dos jornalistas é usuária cocaína” a fim de desqualificar a cobertura da imprensa.

Segundo o documento, para cercear o acesso à informação, liberdade de expressão e liberdade de imprensa, Camargo também bloqueia o acesso de jornalistas à sua conta oficial em mídias sociais, nas quais realiza constantes ataques à jornalistas e integrantes do movimento negro.

É o que aconteceu com o jornalista Pedro Borges, co-fundador e editor chefe da agência de notícias Alma Preta Jornalismo, em maio de 2020. Após bloquear o profissional, o presidente do órgão público publicou ofensas contra o jornalista, o chamando de “vitimista, segregacionista, antibranco, defende bandidos e cultua Marielle (Franco)”.

Atualmente, também corre na justiça brasileira, um processo movido pelo profissional contra Camargo, além de outras ações que versam sobre a tentativa de destituição do acervo da Palmares. Os processos tratam sobre violações ao direito à memória de documentos históricos da organização e ações de responsabilização por danos morais e tentativas de cercear a liberdade de expressão e exercício de profissão de jornalistas.

A denúncia enviada à ONU é finalizada com uma cobrança de atuação do sistema internacional de proteção para garantir o exercício de direitos da população negra no Brasil e a proteção da memória e patrimônio cultural que estão sob tutela da Fundação Palmares.

Diante do exposto, as organizações requerem aos especialistas das Nações Unidas em direitos humanos nas áreas de enfrentamento ao racismo e liberdade de expressão que notifique o Estado brasileiro acerca das violações de direitos humanos apresentadas neste informe”, conclui o documento.

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Com informações da Alma Preta.

Organizadores trabalham por #24J maior. ‘Quanto mais amplo, melhor’

Movimento social e partidos já confirmaram 200 atos para dia 24 até o momento. (FOTO/ Rafael Smaira/Midia NInja).

 

As manifestações do #24J nas ruas do país no próximo sábado pelo impeachment de Bolsonaro tiveram confirmados, até ontem (21) à noite, 294 atos em 285 cidades de 15 países. Entres os organizadores estão as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, que, juntas, agregam mais de um centena de organizações sociais. A Campanha Nacional Fora Bolsonaro, criada em junho de 2020, reúne ainda as centrais sindicais e diversos partidos, como PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB, PSTU, PCB, PCO e UP.

Além disso, algumas das principais lideranças dessas agremiações e entidades tratam como positiva a adesão aos protestos de representantes de espectros políticos para além da esquerda. “A urgência é remover o atual presidente da República e estancar a destruição que seu governo promove no país”, avaliam pessoas ouvidas pela RBA. Auxílio emergencial de R$ 600 e vacina contra a covid-19 para toda a população são bandeiras do #24J.

Avalio como positivo que setores da direita democrática se incorporem às manifestações. Seja motivados pelos crimes de responsabilidade e contra democracia, seja pela sabotagem do governo Bolsonaro ao combate à covid”, diz Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular. “Se a esquerda saiu na frente, cabe à direita também entrar. As ruas são democráticas”, acrescenta.

Na opinião do deputado federal Ivan Valente (Psol-SP), o mais importante na atual conjuntura é “fazer uma grande manifestação contra o bolsonarismo”. Para ele, se a hegemonia da organização e mobilização é da esquerda, e mesmo que os partidos conservadores, enquanto instituições, não se manifestem oficialmente, serão bem-vindas as pessoas individualmente, figuras públicas, cidadãos e cidadãs, independentemente das cores partidárias. “Não tem problema nenhum. Quanto mais amplo, melhor”, afirma.

“Quem quiser somar, deve ir”

O PSDB, por exemplo, tem baixa capacidade de mobilização. As grandes figuras não estão indo mesmo. Claro que o PSDB esteve envolvido no golpe institucional de 2018. Mas agora o principal é se chegar ao impeachment de Bolsonaro ou a sua derrocada. Quem quiser somar nessa direção, deve ir ao ato”, pondera o parlamentar do Psol. “Não tem sentido querer fazer um ato só do campo de esquerdas. E quem não quer impeachment de Bolsonaro não vai estar lá mesmo.”

Na opinião de Bonfim, embora a presença de figuras da esquerda à direita democrática seja positiva para somar forças contra o mal maior, ainda é “muito tímida” a disposição do PSDB. Em 3 de julho, filiados do partido na cidade de São Paulo participaram das manifestações. Na ocasião, o presidente do diretório municipal, Fernando Alfredo, afirmou que os tucanos foram à rua “para pedir o impeachment do Bolsonaro”.

Alfredo se coloca como oposição ao presidente. O PSDB tem 33 deputados federais e até o momento nenhum deles, a não ser, ironicamente, Alexandre Frota (SP), se posicionou a favor do impeachment, como fez até mesmo o partido Novo, do ex-banqueiro João Amoêdo. “O PSDB tampouco sinaliza nesse sentido”, constata o coordenador da CMP.

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Com informações da RBA. Clique aqui e confira integra do texto.

UNE elege mulher negra como presidente pela 1ª vez na história

 

Bruna Brelaz é amazonense, estudante de Direito e primeira mulher negra a ser eleita presidente da UNE/Imagem: Divulgação/UNE
     

Pela primeira vez em 84 anos de história, a UNE (União Nacional dos Estudantes) elegeu uma mulher negra para ser presidente: Bruna Chaves Brelaz, 26 anos. Natural do Amazonas, a estudante de Direito — sua segunda graduação — é também a primeira representante da Região Norte do Brasil a comandar a entidade.

"Devido à pandemia e a impossibilidade de realizar um evento que chega a reunir 10 mil estudantes, a UNE indicou a nova diretoria respeitando a proporcionalidade eleita na votação do seu 57º Conune, realizado em 2019. A nova composição terá duração de um ano, podendo ser estendida", diz a UNE, em comunicado divulgado em seu site.

O primeiro contato de Bruna com a UNE aconteceu em 2013, por meio de sua amiga Gabriela Cativo, à época uma das coordenadoras da Bienal dos Estudantes, em Recife e Olinda. "Tinha 18 anos, entrando para aquele mundo novo de política, de mobilização, e ter uma mulher das minhas origens já num cargo de coordenação foi uma grande referência", lembra.

Gabriela foi uma das vítimas da covid-19 em meio à crise do oxigênio em Manaus, em janeiro.

Como integrante da UNE, Bruna ajudou a construir, em março, a principal campanha dos estudantes brasileiros na pandemia da covid-19, o movimento "Vida, Pão, Vacina e Educação", que viralizou nas redes sociais como síntese das atuais demandas da população jovem do país.

Recentemente, a nova presidente da UNE também atuou, ao lado dos principais movimentos sociais brasileiros, na retomada das grandes manifestações populares de rua, mais especificamente na coordenação dos protestos de 29 de maio, 19 de junho e 3 de julho que pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Além da saída de Bolsonaro, Bruna também se preocupa com a herança deixada pela crise atual para os próximos anos, principalmente na área da educação. Ela, que teve acesso à universidade como cotista — dentro das políticas públicas de inclusão que promoveram mudanças no ensino superior na última década — acredita que esse legado está sob risco.

"Gritamos 'fora, Bolsonaro' sobretudo para interromper o processo violento de destruição das universidades, das escolas, do sistema educacional no país. A gente precisa reverter o corte de quase R$ 2 bilhões no orçamento da educação, a política desumana do teto de gastos, os ataques à autonomia universitária. Tem estudante que está passando fome, desempregado e a evasão do ensino superior é uma grande realidade", diz.

"Na época do 'fora, [Fernando] Collor', o movimento pelo impeachment teve a participação mais focada nos alunos de escolas particulares, da classe média. Hoje a cor e a origem dos jovens que estão nas ruas mudaram muito." Bruna Brelaz, nova presidente da UNE

"Orgulho"

Nas redes socias, Bruna comemorou a eleição e disse estar "orgulhosa" de assumir a presidência da UNE.

"Trago a força de ser mulher negra e amazonense, pronta para lutar junto aos milhões de estudantes brasileiros por um país digno e potente. Orgulho de fazer parte de uma entidade tão combativa. Seguimos!", escreveu a estudante.

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Com informações do Uol.

Falta postura antirracista na esquerda, diz biógrafa de Sueli Carneiro

 

(FOTO/ Divulgação).

 Entre esquerda e direita, continuo preta”. Dita no começo dos anos 2000, a frase da ativista e intelectual Sueli Carneiro segue atual. A reflexão agora inspirou o título da biografia que a jornalista Bianca Santana lança sobre Carneiro. Resume, segundo a biógrafa, a falta de interesse da direita em ter pessoas negras no poder, e evidencia como a esquerda, que diz ser antirracista, tem poucas posturas de fato antirracistas.

Em entrevista à coluna (assista aqui via YouTube ou ouça aqui pelo Spotify), Santana falou também, baseando-se na história do ativismo e da obra de Carneiro, sobre a conquista de espaço das mulheres negras no feminismo e na luta antirracista. Carneiro questionou a ordem social racista presente também no movimento feminista. Nela, o homem branco vem primeiro, seguido da mulher branca, do homem preto e, aí sim, da mulher negra.

A autora detalhou como foi a busca pelos ancestrais escravizados de Carneiro, o começo de seu ativismo e o momento em que teve que lidar com a misoginia de homens negros.

A jornalista contou ainda que o assassinato de Marielle Franco a fez rever sua própria trajetória de ativista e pesquisadora do tema. O episódio revelou à jornalista, mesmo após tantas conquistas das mulheres negras, uma dureza do racismo e do machismo que ela julgava não mais existir. “Para mim ficou evidente que mulheres negras podiam estudar, fazer mestrado, doutorado, podiam até ser eleitas, mas que, se elas estivessem incomodando muito, mesmo com um cargo de vereadoras, elas podiam levar tiros na cara”, contou.

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Com informações do Metrópole. Clique aqui e assista à íntegra da entrevista.

Apoiadores de Moro sondam PRTB para chapa com Mourão em 2022

 

Moro, Mourão e Bolsonaro (FOTO/ Isaac Amorim/MJSP)

A suposta candidatura do ex-juiz da Lava Jato e ex-superministro da Justiça, Sergio Moro, à Presidência em 2022 ganha, a cada dia, ares tragicômicos.

Abandonado na estrada pelas emissoras de TV e veículos de comunicação que alçaram seu nome às alturas, Moro agora reúne em torno de si um grupo de apoiadores que pode ser comparado aos bolsonaristas que frequentam diariamente o cercadinho do Palácio da Alvorada.

Segundo a revista Veja, um grupo desses apoiadores procurou o PRTB para “uma nova e surpreendente alternativa para a chamada terceira via presidencial em 2022”: lançar a chapa “Moro-Mourão”.

De acordo com a nota, publicada na coluna Maquiavel da revista, Moro ficaria com a cabeça de chapa e manteria o militar como vice na disputa contra o próprio governo do qual faz parte atualmente.

A Veja diz ainda que “dirigentes do PRTB evitam se manifestar” e que Mourão deixou o assunto “em banho-Maria” enquanto busca uma reaproximação de Bolsonaro.

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Com informações da Revista Fórum.

Os equipamentos culturais de base comunitária

 

Os equipamentos culturais de base comunitária. (FOTO/ Fanpage do Coletivo Camaradas).


Por Alexandre Lucas, Colunista

O desenho da cidade é uma construção diária, essencialmente ele se caracteriza pela relação do espaço e a interação dos sujeitos. É nesta relação de significação que a cidade vai sendo desenhada a partir das memórias, dos afetos e das condições objetivas das estruturas urbanísticas e arquitetónicas.  É um desenho que escapa das estruturas do planejamento urbano, apesar de ser essencialmente necessário e vital para a construção de uma cidade inclusiva e que enxergue a sensibilidade que existe na espacialidade urbana. Quando pensamos em equipamentos culturais espalhados pela cidade, de imediato nos vem a ideia de estruturas arquitetônicas e urbanísticas gestadas pelo poder público, o que nos coloca diante de desafios para pensar a partir e para além dessas estruturas, tendo como norte o viés das formas de exclusão e participação.

A partir de cada lugar, a cidade é reinventada numa unidade contraditória. A urbanização e a construção arquitetônica das cidades, tendem a se concentrar nas áreas centrais, criando uma espécie de cidade submersa a partir de suas margens. Desesconder as cidades não é uma tarefa fácil e exige mais que um olhar técnico, requer comprometimento e sensibilidade política, a partir de uma determinada compreensão de sociedade que se busca constituir.

Tirar a cidade dos seus esconderijos é ao mesmo tempo evidenciar as suas contradições e expor as fraturas socioeconômicas que se apresentam nos desenhos das cidades. Quais os equipamentos culturais que recheiam as cidades a partir de suas margens? Essa é uma resposta complexa se considerarmos, o que podemos eleger como equipamento cultural.

Na escassez dos tradicionais equipamentos tidos como culturais nas margens das cidades, como é o caso de cinemas, bibliotecas, teatros e galerias vai se definindo também um imaginário equivocado de que os processos de difusão estética, artística, literária e cultural estão necessariamente vinculados a esses equipamentos, o que não é verdadeiro. Entretanto, a edificação, manutenção e expansão destes equipamentos é uma reivindicação necessária e vital para democratização da produção simbólica desenvolvida pela humanidade de forma histórica e social e ao mesmo tempo compõe o repertório pelo direito à cidade. 

Por outro lado, as unidades escolares, estão presentes nas margens das cidades, porém, não são percebidas como equipamentos culturais, tanto pela ausência da discussão da transversalidade e centralidade da cultura, como também pelo norteamento da política pública. O formato arquitetônico das escolas demonstra esse caráter, quando não são construídas estruturas que contemplem os cinemas, teatros, bibliotecas e galerias e outros espaços para formação e fruição estética. Colocar essa dimensão pedagógica para as escolas, é ampliar a sua capacidade de difusão e de ampliação da visão social de mundo dos sujeitos, é constituir uma escola para além da sua comunidade escolar e potencializar lugares e compreensões da realidade. É alicerçar a escola a partir da prática social conjugada com a socialização e apropriação da produção universal. O que é papel imprescindível para a escola destinada à classe trabalhadora.

As praças, quadras e espaços de convivência comunitária são outros importantes instrumentos que possibilitam esse olhar enquanto equipamentos culturais. Predominantemente seu uso é baseado na monocultura das ações, o que acarreta um prejuízo, no que diz respeito a uma dimensão ampla e o uso plural dessas estruturas. Na maioria das vezes, esses equipamentos são abandonados na sua manutenção e gestão, enquanto estruturas públicas. O que abre brecha para o espontaneismo, uso privado e a degradação. O que não é um parâmetro republicado para a gestão dos equipamentos públicos. É preciso pensar formas de gerir essas estruturas de forma compartilhada com a sociedade civil para que exista planejamento e caráter pedagógico que possibilite ampliar a sua diversidade e pluralidade de uso social e apropriação cultural.

Se saímos do âmbito das estruturas do Poder Público, às margens das cidades ainda têm uma série de corredores de equipamentos culturais que precisam ser reconhecidos como tal, como as oficinas de ofícios, os terreiros dos brincantes e das brincadeiras, os espaços verdes e os cantos que vão juntando pessoas as para as práticas comunitárias, sejam os oratórios ou os troncos de árvores que servem como bancos para integração dos moradores.  

Quando a cidade vai sendo reafirmada a partir de suas margens, os equipamentos culturais vão ganhando forma, conteúdo e suas margens começam a se tornar centros de atenção e de ampliação da noção de poder.