Blogueiro altaneirense comemora 4 milhões de acessos em seu blog




O jurista e blogueiro altaneirense Raimundo Soares Filho compartilhou em suas redes sociais e no grupo do WhatsApp do Blog Negro Nicolau na manhã desta quarta-feira, 26, um grande feito. Seu Blog de Altaneira, o BA, atingiu a marca expressiva de 4 milhões de acessos.

Segundo Soares, o BA foi lançado em 21 de fevereiro de 2010 e visava-se apenas o público altaneirense, “mas com o tempo”, destacou, “ganhou o público da região, superou os limites do Estado do Ceará e já foi fonte de informações para veículos de grande circulação. ”

No texto ressaltando o feito dos 4 milhões, o blogueiro descreveu uma síntese do histórico do blog. “Dos 4 milhões de acessos a postagem mais visualizada é Santo do Dia, de 1 de janeiro de 2011 que relaciona todos os santos da Igreja Católica, onde o navegante clica no mês e depois escolhe o santo de cada dia”, disse.

Clique aqui e confira detalhes do texto publicado no Blog de Altaneira.

Ao anunciar parceria para dessalinização de água Bolsonaro esquece de Nádia que ganhou prêmio por dessalinização





Com grande alarde, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou nesta terça-feira (25) parceria com Israel para dessalinizar a água do mar na região Nordeste do país. Na manhã desta quarta-feira (26), Fernando Haddad (PT-SP) lembrou de Nadia Ayad, "brasileira negra, participante do Ciência sem Fronteiras", que ganhou prêmio internacional ao criar sistema de dessalinização de água com grafeno.

Derivado do carbono, o grafeno é tido como uma matéria-prima revolucionária e, por esse motivo, "foi escolhido como tema do Global Graphene Challenge Competition 2016, competição internacional promovida pela empresa sueca Sandvik, que busca soluções sustentáveis e inovadoras ao redor do mundo", conta reportagem da Conexão Planeta, que fala sobre a invenção da brasileira formada em engenharia de materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), do Rio de Janeiro. "Nadia criou um sistema de dessalinização e filtragem de água, usando o grafeno. Com o dispositivo, seria possível garantir o acesso à água potável para milhões de pessoas, além de reduzir os gastos com energia e a pressão sobre as fontes hídricas".

O projeto da brasileira, que concorreu com outros nove trabalhos finalistas, foi o grande vencedor do desafio. Como prêmio, Nadia ganhou uma viagem para a Suécia, onde visitaria e sede da Sandvik e outros centros de pesquisa. Mas esta não seria a primeira experiência internacional de Nadia. "A engenheira brasileira já tinha participado do programa do governo federal Ciências Sem Fronteiras, quando estudou durante um ano na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Agora ela pretende fazer um PhD nos Estados Unidos ou Reino Unido, pois acredita que, infelizmente, terá mais oportunidades para realizar pesquisas no exterior do que no Brasil", contou a reportagem no pós-Golpe de janeiro de 2017. (Com informações do 247).

Rumos 2017-2018: "A Lenda" renova os saberes sobre a pré-história do Cariri


A lenda renova os saberes sobre a pré-história do cariri. (Foto: Divulgação).

Francisco Aécio Gonçalves Diniz conheceu a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, em Nova Olinda, no Ceará, quando criança. Os criadores da instituição – o gestor cultural Alemberg Quindins e a arqueóloga Rosiane Limaverde (1966-2017) – tinham aberto havia pouco o espaço e promoveram um festival de banda de lata. Diniz, nessa idade, já produzia instrumentos com material reutilizado, tinha “a imaginação solta, levada pela musicalidade”, e foi com seu grupo participar do evento.

Desde então, tornou-se prata da casa. Participou do laboratório de música e acabou se agregando, como auxiliar, à produção de A Lenda, show inspirado pelos povoamentos pré-históricos da Chapada do Araripe – na mesma região de Nova Olinda –, isto é, pelo povo Kariri ancestral. É essa experiência que alimenta nele, hoje, a vontade de realizar um projeto homônimo, sendo executado com o apoio do programa Rumos 2017-2018.

Fiquei estimulado”, afirma Aécio, “a dar continuidade ao trabalho iniciado e consolidado por Alemberg e Rosiane, a revisitar, adulto, aquilo que aprendi na infância e, particularmente, a aprofundar os conhecimentos dos saberes, das histórias e dos valores que me determinaram como músico e integrante da Fundação Casa Grande.”

Assim, A Lenda prossegue a pesquisa etno-histórica iniciada pelos fundadores da Casa Grande, em andamento desde a década de 1980 até hoje, entre trabalhos de campo e ações de coleta, preservação e comunicação. O projeto atual propõe uma volta aos locais de onde se extraíram os saberes científicos acumulados no Memorial do Homem Kariri. Com essa atualização arqueológica, paleontológica, espeleológica, ornitológica (estudos dos vestígios materiais, dos fósseis, das cavernas, dos pássaros), pretende-se construir uma série de produtos: uma publicação com registros das investigações, um documentário, uma exposição de fotografias, um show, um vinil encartado e um site.

Como resume o proponente, “A Lenda parte da reafirmação de que o mito e a arte são as bases da função simbólica da Casa Grande. O resgate da memória, a valorização cultural do caboclo e a linguagem artística são vistos como os alicerces da casa, por serem os primeiros processos criativos iniciados nesse espaço”.

De casa mal-assombrada a casa viva

Diniz ressalta “a importância e o valor” da pesquisa de Alemberg e Rosiane. “O legado” que deixam, diz ele, é “o mapeamento do território, dos perfis humanos, dos mitos e das lendas, dos sons e das vozes – a partir dos relatos oníricos e do realismo guardado no inconsciente coletivo dos caboclos do pé da serra.”

Os dois pesquisadores, narra Diniz, “descobriram e desbravaram os caminhos das pedras, aproximaram-se dos sítios arqueológicos e de seus habitantes. Foram brindados com artefatos indígenas, panelas de barro, cachimbos, objetos que não pertenciam a eles, mas sim a um povo, ao coletivo”. A relevância do material coletado parecia exigir uma “destinação pública”. Dessa forma, surgiu a ideia de criar espaço para acolhê-lo.

O avô de Alemberg era dono da primeira casa da Fazenda Tapera, propriedade que, no século XVII, se tornou a cidade de Nova Olinda. Essa residência – que antes era um ponto de passagem das estradas que conectavam o Cariri ao sertão de Inhamus e foi dita mal-assombrada – foi reformada e, em 1992, transformou-se na sede da Fundação Casa Grande. A instituição passou a atuar nos campos da cultura, da arte, da memória, da comunicação e do turismo, “manteve-se”, fala Diniz, “viva e futurizada”.

A Casa Grande comemora 26 anos”, acrescenta ele, “tempo em que sabemos ter acumulado credibilidade e respeito por parte da comunidade. A cada dia ela se faz mais presente. Todos os espaços da casa, desde o seu coração, o parquinho, até a sua origem, o Memorial do Homem Kariri, passando pelos laboratórios de conteúdo e produção – rádio, biblioteca, DVDteca, gibiteca, TV, teatro –, são vivenciados não apenas pelos integrantes da instituição, mas também pela população. Nova Olinda é hoje uma das cidades indutoras do turismo no Ceará.”

Dos Kariri ancestrais aos Kariri atuais

A história que cabe na Casa Grande, como vimos, é bem maior do que as décadas em que foi feita a pesquisa. “Quando falamos de Kariri”, explica Diniz, “falamos de um povo que aqui viveu. Há datação de sua existência de pelo menos 3 mil anos antes de Cristo. Falamos de um território Cariri como lugar encantado, mitológico, que resiste no tempo e dialoga hoje com a modernidade sem perder sua essência; mantém viva, até hoje, as suas tradições.”

Essas raízes não só marcam a instituição como o cotidiano e a filiação de quem vive no Cariri, mas também, conforme expõe o músico, “Alemberg e sua família são remanescentes dos caboclos do pé de serra da Chapada do Araripe. Povo que traz consigo trejeitos, lendas – e que é contador dessa história, ainda hoje!”. Ainda mais, “neste terreiro, o âmago do povo Kariri expresso na dança, no canto, na arte popular, nos brincantes de reisado, nas renovações de fé que dialogam com a contemporaneidade”.

Para além disso, existem os Kariri da atualidade, 50 famílias que moram no Sítio Poço Danta, na cidade de Crato – vizinha de Nova Olinda – no Ceará. Desde 2008, pelo menos, esses indígenas buscam reconhecimento. Segundo Diniz, visitantes dessa etnia foram à fundação, “conheceram o Memorial do Homem Kariri e assim passaram a ter uma melhor compreensão sobre o território”. A Casa Grande e projetos como A Lenda, portanto, seguem reatando, por meio da cultura, o passado, o presente, o futuro. (Por Duanne Ribeiro, no Itaú Cultural).

Altaneira sediará 2ª etapa do Campeonato Cearense de MTB/XCO


(Foto: Reprodução/Blog de Altaneira).

O circuito da Trilha Sítio Poças foi escolhido pela Federação Cearense de Ciclismo para sediar a segunda etapa do Campeonato de MTB na modalidade XCO. É a primeira vez que uma cidade fora do triangulo CraJuBar (Crato, Juazeiro e Barbalha) sedia uma etapa do campeonato cearense.

A direção da Associação dos Ciclistas Altaneirenses (ACICA) já se mobiliza na organização do evento que foi batizado de Desafio Terras Altas e será no último final de semana de janeiro.

O Desafio Terras Altas também será válido pela primeira etapa do Campeonato Municipal de MTB, que a partir deste ano será realizado em apenas seis etapas.

Do Cariri apenas Altaneira e Barbalha sediarão etapas do Campeonato Cearense de ciclismo MTB, as demais sedes serão Caucaia, Guaraciaba do Norte, Aracati, Pedra Branca, Ubajara, Tabuleiro do Norte, Maranguape, Quixeramobim, Palmácia, Itapajé e Sobral.

A expectativa é que Altaneira no dia 27 de janeiro de 2019 recebe quase todos os atletas da elite do ciclismo cearense e de outros estados, pois ainda existe a possibilidade de que a prova também seja válida pelo Campeonato Brasileiro de XC.

As inscrições serão abertas no próximo domingo (23/12) exclusivamente no portal da Cronos Cariri que também será responsável pela cronometragem da Prova. (Com informações do Blog de Altaneira).

Confira o calendário extraoficial das etapas válidas pelo Campeonato Cearense de Ciclismo/MTB:



Natal de Luz em Altaneira é encerrado com prefeito e primeira dama fantasiados de Shrek



Natal de Luz em Altaneira é encerrado com prefeito e primeira dama fantasiados de Shrek. (Foto: Divulgação).

A edição do “Natal de Luz” 2018 em Altaneira, na região do cariri, foi encerrada na noite deste domingo, 23, após três dias de apresentações diversificadas na Praça Manoel Pinheiro de Almeida, no centro da cidade.

Dentre as atrações, destaque para a representação do “Papai Noel”, a construção de um espaço para visitação nos três dias denominado de “a casa do Papai Noel” além de animações trazidas à praça por membros do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo vinculado à Secretaria Municipal de Assistência Social.

No entanto, o que mais chamou a atenção foi a fantasia que usou o prefeito Dariomar Rodrigues (PT) e a primeira dama e secretária de assistência social, Lan Alencar. Eles ousaram na criatividade ao pintarem o corpo de verde para representarem os personagens do filme “Shrek”.

Dariomar foi de Shrek, um ogro irritadiço e nada comunicável que se vê envolvido em um grande problema ao ver todas as criaturas de contos de fadas sendo despejadas no pântano onde vive. Determinado a tirá-las dali e voltar a viver em paz, ele faz um trato com o príncipe do reino, que por sua vez precisa de alguém bruto e forte para resgatar a princesa Fiona. Esta que foi representada por Lan.

Luana elogia a atitude do prefeito Dariomar.
(Foto: Divulgação).
A fantasia dos dois gerou comentários. O Blog de Altaneira (BA) trouxe texto informando que grupos de WhtasApp teriam recebido críticas de algumas pessoas denominando a atitude de “aberração”. No entanto, houve também elogios. Luana Araujo, por exemplo, descreveu o momento como “gratificante”.

Não poderia ter sido melhor do que foi, arrasaram, causaram, o povo todo comentando, isso é prova de que vocês realmente arrasam, as crianças adoraram, Tudo lindo! Último dia de Natal de Luz. Como é gratificante ver nos olhos de uma criança a felicidade”, postou ela em sua rede social facebook.

Robério Sousa foi no mesmo caminho ao classificar a atitude do prefeito como um gesto de “simplicidade”.

“A simplicidade está nas pessoas de bom coração, é este sentimento que retrata a pessoa Dariomar Rodrigues homem simples que está buscando o melhor para o povo Altaneirense e fazendo a alegria das nossas crianças, Parabéns homem de bem pela coragem mesmo sabendo que alguns iriam te criticar, como diz um velho sábio coragem não ficou para todos, Parabéns pelo ótimo trabalho”, escreveu também no facebook.

Quem também se manifestou sobre o caso foi Antonio Raimundo Silva Neto ao comentar postagem do Blog de Altaneira. Para ele, a tentativa do BA foi de ridicularizar. “O foco ali era o ‘mundo imaginário’ das crianças, dr! Não era os ‘grandões’”, disse. O administrador do blog respondeu que se tornou desnecessário fazer qualquer tentativa de crítica, pois, segundo ele, algumas pessoas “perderam o senso do ridículo”.



“A semente do Nicolau – Um conto de Natal”, de Chico Alencar


(Foto: Reprodução).

O livro “A semente do Nicolau – Um conto de Natal”, é de autoria do historiador, escritor e deputado federal Chico Alencar (PSOL). Lançado há mais de duas décadas, conta uma história sobre quem confia na bondade e para quem não perde a esperança nas possibilidades de um ambiente de trabalho, justiça, alegria e paz.

Na sinopse disponível no site Travessa, consta “uma bola mal chutada, um vaso quebrado e a semente de uma grande amizade germinando... O velho Nicolau conta a sua história de dezesseis séculos para Bié e Lulu. E fala de suas dificuldades hoje, quando algumas crianças só querem consumir e outras sequer têm chance de aprender a escrever.

Depois, os três inventam um jeito de presentear todo mundo, ensinando que o melhor brinquedo é o que se constrói com amor e criatividade. No caminho, encontram o presente maior: a presença de um novo ser humano, recém-nascido.”

O livro, de 40 páginas, foi retirada na última sexta-feira (21) do conjunto didático do Colégio Le Petit Galois, em Brasília (DF), depois dos pais dos alunos do 4º ano perceberem que o autor era o deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ).

A história já foi adaptada para peças teatrais e produções televisivas. O livro é bem acessível e chega a custar, na internet, por pouco mais de R$ 30.

Que valores os pais que questionaram esse riquíssimo material didático na escola querem repassar a seus filhos? Que tipo de estudante a escola quer formar ao ter cedido a pressão dos pais?



Branco, do Centro-Sul e masculino, ministério não reflete diversidade do país


Os super ministros: Moro (Justiça) e Guedes (Economia) combinam justiça seletiva e euforia com as privatizações.
(Foto: FABIO POZZEBOM / ABR).

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), chegou a declarar que seu ministério seria formado por no máximo 15 pastas. Em rede social, ainda antes do primeiro turno, em outubro, ele afirmou que seria um ministério enxuto, "que possa representar os interesses da população, não de partidos". Prestes a tomar posse, seu governo terá 22, na verdade, quase 50% a mais do que o prometido. Um número que pode ser enganoso, já que algumas áreas foram anexadas. Além disso, a composição pouco reflete a diversidade do país, na medida em que mostra concentração geográfica e até étnica.

Dos 22 nomes de primeiro escalão do próximo governo (confira quadro), não há nenhum negro, que segundo o IBGE representam a maioria da população brasileira (considerando pretos e pardos, classificação adotada pelo instituto). Mulheres, que também são mais da metade da população, apenas duas. E também não há ninguém da região Nordeste – onde se concentra 28% da população brasileira e onde o adversário de Bolsonaro no segundo turno, Fernando Haddad (PT), foi vitorioso. Apenas sete das 27 unidades da federação estão representadas, todas do Centro-Sul – destaque para os estados do Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com quatro cada.

Entre os nomes, estão dois "super ministros": Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça). Vindo do setor financeiro, representante do pensamento ultraliberal, entusiasta da privatização sem limites, Guedes defende "reformas" e nos últimos dias falou em "meter a faca" no Sistema S.

Durante a campanha eleitoral, Moro liberou trechos de delação do ex-ministro Antonio Palocci sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril após condenação pelo então juiz federal de Curitiba. Posteriormente, encaminhou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) manifestação em que negou ter tentado influenciar o processo eleitoral. Também afirmou não ser "político" e negou qualquer relação entre a prisão de Lula e sua ida ao governo.

Além do perfil restrito, o ministério Bolsonaro também mostra tendência pró-empresarial, como apontam as indicações do próprio Guedes, de Tereza Cristina na Agricultura e Ricardo Salles no Meio Ambiente. Além disso, uma pasta simbólica, a do Trabalho, foi extinta. Suas atribuições serão divididas em pelo menos três áreas.

A equipe ainda sofre arranhões naquilo que foi uma das bandeiras do presidente eleito, o combate à corrupção. Pelo menos nove futuros ministros são investigados ou réus. O próprio Guedes desperta suspeitas de gestão fraudulenta em fundos de pensão. E o deputado Onyx Lorenzoni, próximo titular da Casa Civil, já admitiu ter praticado caixa 2. Como pediu desculpas, foi "perdoado" por Moro. Em São Paulo, o indicado para o Meio Ambiente, Ricardo Salles, sofreu condenação nesta semana por improbidade.

É esse time que começará "agindo de forma efetiva" já no primeiro dia de janeiro, conforme prometeu Bolsonaro em via social, sua fonte preferencial de comunicação. Na quarta-feira (19), ele disse não ter dúvida de que "mudaremos a direção que governos anteriores colocaram o Brasil". (Com informações da RBA).




Game de produção nacional coloca mulher negra e nordestina como heroína


No jogo com elementos de exploração e sobrevivência, a personagem Cícera auxilia os sertanejos a superarem a seca. (Foto: Reprodução/ AOCA).

"Qual o botão que atira?", essa é a pergunta mais frequente dos jogadores que buscam novas experiências por meio de jogos eletrônicos. Na contramão do padrão dessa indústria, o game baiano Árida surge com o objetivo de divertir, mas ao mesmo tempo educar, desconstruir estereótipos e ser uma plataforma de reconhecimento identitário.

Inserido no contexto do sertão nordestino durante o século 19, o jogo é uma aventura com elementos de exploração e sobrevivência. Ele traz a história da jovem Cícera, que auxilia os sertanejos a superar a seca. O protagonismo da mulher negra e nordestina é considerado uma "ocupação" dentro do universo do jogo.

De acordo com Filipe Pereira, game designer e diretor geral da Aoca – produtora responsável pelo jogo –, é difícil sair do clichê dos jogos desenvolvidos no Brasil e no mundo. "Todos os componentes que estão no nosso jogo colocam a gente num percentual bastante diminuído pela indústria, não só pelo local do sertão, mas também pelo viés mais social. Sem falar do protagonismo de uma personagem mulher, negra e nordestina, o que não vemos nos outros jogos", afirma à RBA.

Inicialmente, o jogo seria ambientado na região de Canudos, interior da Bahia, durante o confronto entre o Exército e os integrantes do histórico movimento popular liderado por Antônio Conselheiro, no fim do século 19. Entretanto, após iniciarem as pesquisas, os desenvolvedores decidiram agregar questões simbólicas de outras regiões do sertão baiano. Para isso, o grupo recebeu a colaboração de historiadores e especialistas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

"A gente fez a pesquisa em campo após seis meses de projeto, em Canudos e região, o que foi muito bom. Nós validamos caminhos que já tínhamos traçado. Uma coisa curiosa é que lá encontramos personagens como retratávamos já no game. É algo que vai de encontro com vários paradigmas que a gente tem na nossa história, como não conseguir se organizar socialmente, com um viés de resistência e utopia. Canudos, guardados as devidas proporções, é o socialismo na prática", explica Filipe.

Identidade visual

As visitas ao sertão e o próprio desenvolvimento do projeto permitiram a ampliação de repertório da linguagem visual. Contrastes entre as texturas, a contemplação do horizonte como um elemento de reforço à imensidão do ambiente foram características estratégica adotadas, com o objetivo de oferecer alternância e antecipação à experiência de jogo.

Victor Cardozo, diretor de arte do projeto, explica que há um cuidado especial para o público que não conhece o nordeste, mas que possui uma imagem estereotipada. "A gente contempla o horizonte porque lá é um ambiente muito único. Desde o solo até a flora local, então queríamos passar outra visão, mostrando que há um ambiente duro, mas também bonito."


            


A franquia será dividida em quatro episódios. A data de lançamento do primeiro episódio do game está prevista para o primeiro trimestre de 2019, com o computador como plataforma inicial. Victor explica que haverá um amadurecimento e uma dramatização do ambiente, na qual a arte será transformada ao decorrer da história. "As mecânicas vão evoluir também. Hoje, tem diversos aspectos universais e uma paleta de cores diversa; já no capitulo dois vamos explorar mais os detalhes, terá mais textura. O capitulo três será menos saturado, com mais aspectos de dramas e cores mais frias", conta.

Em 2017, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) selecionou o jogo em seu edital de games. De acordo com o programa, é previsto que Árida receba R$ 250 mil para investir no projeto. O valor deverá ser usado para a elaboração do terceiro e quarto episódio.

"A gente foi o único da Bahia a ganhar. Ao mesmo tempo que estamos orgulhosos, estamos tristes por saber que há outros talentos que poderiam ser contemplados. O fato da Ancine elogiar nosso projeto é um alento, ao mesmo tempo que produzimos socialmente algo forte, também é interessante para o mercado", comemora Victor.

O universo do jogo mistura o cartoon com o realismo. A arte nordestina também faz bastante parte da ambientação do jogo, com a música e o cordel, sendo utilizados para a história. "Dentro da pesquisa nas artes conceituais, pegamos um novo olhar e trouxemos o grafite para dentro do jogo e chamamos o Bigode (Josivaldo Santos Silva), de Salvador, que atua há 20 anos aqui", acrescenta Cardozo.

Reconhecimento identitário

Com o mercado gamer escorado no eixo Rio-São Paulo, os desenvolvedores acreditam que Árida, carregando a identidade nordestina, pode mudar esse cenário. Ao participar de diversos eventos do gênero pelo país, eles enfrentam a xenofobia e o rótulo de "jogo nordestino".

"Porém, ao estarmos nesses ambientes, é uma intervenção não só para consumidores, mas para os desenvolvedores também. Muitas pessoas de São Paulo, por exemplo, são filhos de nordestinos, então tem uma identificação com essa raiz. É uma forma de reconhecimento identitário que as pessoas terão", conta Filipe.

A experiência do jogo pode rever os olhares que tinham para o nordeste, acredita Victor. "Nós vamos levar a informação e cultura para o público, mas de uma forma divertida. Ensinar o que é cacimba ou um caçuá são coisas que fazem parte do Brasil que muitas pessoas não têm contato", explica o diretor de arte.

A ideia é levar a franquia para o mundo dos quadrinhos. Apesar da equipe que conta com sete pessoas, hoje, eles buscam ampliar os colaboradores para tornar o projeto ainda maior, conta o diretor geral. "O jogo tem um universo que permite expandir a narrativa em outras plataformas e até com maior qualidade." (Com informações da RBA).

A ideia de que há gente descartável é a verdadeira violação de direitos, diz Boaventura de Sousa Santos



Dedicando a palestra ao deputado federal eleito Marcelo Freixo (Psol-RJ), que teve um plano de atentado contra sua vida descoberto recentemente, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos fez uma análise pouco convencional sobre os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o futuro da luta por direitos no mundo. Uma luta que, segundo ele, deve ser fundamentada nos ideais anticapitalista, anticolonialista e antipatriarcal. Para o diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, estes três elementos se articulam desde o século 16 contra os direitos do homem. 

Boaventura diz que a Declaração Universal foi usada na Guerra Fria “para mostrar a superioridade do capitalismo”.
(Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL).
O drama da nossa sociedade é que o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado atuam juntos, enquanto nossas lutas estão fragmentadas e desarticuladas”, afirmou Boaventura de Sousa Santos, durante palestra na noite de terça-feira (18), no Sesc Bom Retiro, na região central de São Paulo.

O sociólogo acredita que o colonialismo praticado durante séculos pelos países europeus segue existindo, porém, de outra forma. Assim como defende que o capitalismo em vigor em nada se parece àquele formulado nos séculos 17 e 18, sendo hoje, em sua estrutura financeira e mercadológica, um instrumento de violação de direitos. “Temos negros sub-humanos, mulheres sub-humanas, refugiados que não são tratados verdadeiramente como gente. A ideia de que há gente descartável, para mim, é a verdadeira violação de direitos humanos. Continuamos a viver a dicotomia trágica de quem é verdadeiramente humano e quem é sub-humano”, afirmou. 

Para ele, a compreensão de que o capitalismo se “aproveita” do ideário dos direitos humanos vem desde a própria promulgação da Declaração Universal, em 1948. E neste ponto ele se desvia das análises convencionais sobre o tema, normalmente focadas na influência trágica das duas guerras mundiais em solo europeu para o nascimento da Declaração Universal. Boaventura acredita que o documento passou a ser usado como um instrumento da Guerra Fria, “para mostrar a superioridade do capitalismo sobre o comunismo”, uma narrativa que ao longo dos anos de 1950, 1960 e 1970 tentou mostrar que não havia violações de direitos humanos no mundo capitalista ocidental, apenas no “outro lado do muro de Berlim”.

A Guerra Fria tinha um duplo critério. Do lado comunista, tudo era visto com lupa, mas o que acontecia no Ocidente, não. Até mesmo as ditaduras na América do Sul eram para defender os direitos humanos do comunismo”, pondera. De acordo com o sociólogo, professor da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, estabeleceram-se então no mundo paradigmas complexos: comunismo/socialismo versus capitalismo/direitos humanos.

Um paradigma que desmorona junto com a queda do Muro de Berlim, em 1989, fato histórico interpretado como uma vitória do capitalismo e dos direitos humanos. “O curioso e o trágico é que nesse momento ocorre a crise dos direitos humanos. Começa a narrativa de que o Estado de bem-estar social na Europa é muito caro, é preciso cortar benefícios, privatizar, os direitos passam a ser atacados e usados na estrita medida em que ajudam o capitalismo global. Os direitos humanos viram um instrumento do capitalismo, usado para validar sua vitória”, explica Boaventura de Sousa Santos.

Direitos prioritários e novos

Os direitos humanos são uma grande narrativa da dignidade humana, mas não é a única. Todos os povos têm seus conceitos de dignidade humana”, destacou, citando como exemplo as diferenças que tal conceito tem para índios brasileiros ou povos árabes. “Os direitos humanos têm diferentes leituras em diferentes contextos e, para entender, é preciso conhecer a história.”

O sociólogo português ponderou que ao longo da história sempre houve um “direito prioritário”. Para John Locke, o “pai do liberalismo”, explicou Boaventura, o direito à propriedade era o mais importante. E o fato do filósofo inglês ter enriquecido como sócio de uma empresa que traficava escravos em nada arranhou sua imagem — porque afinal, negros não eram considerados humanos.

Não é a lógica dos direitos humanos que define o que é prioritário, é o poder”, explica Boaventura. O sociólogo exemplifica sua afirmação com algo comum nos dias atuais: a preocupação diária em saber como “o mercado” vai reagir diante de qualquer ação política. Antes de saber se a ação ou política pública irá ou não beneficiar a sociedade, importa primeiro ter a aprovação do “mercado”. “Há sempre um direito prioritário que comanda o outro na lógica do capitalismo, tal como no colonialismo.”

Olhando para o futuro, ele propõe três novos direitos humanos que serão determinantes para a causa: direitos da natureza; direitos à memória e à história; e o direito à diversidade cultural, econômica e política.

Sobre os direitos da natureza, o sociólogo considera uma “omissão” ele não ter sido criado até hoje, pois sem a preservação ambiental, o planeta Terra será inviável para os humanos num futuro próximo. Como exemplo, citou decisão recente do parlamento da Nova Zelândia que declarou como "sagrado" um rio importante para os índios maoris, incluindo a reparação pelos impactos sofridos por contaminação.

Com relação ao direito à memória e à história, Boaventura acredita que a justiça social está atrelada à justiça cognitiva, ou seja, o conhecimento indígena é imprescindível para a preservação da Amazônia e, portanto, esse próprio conhecimento deve ser preservado. Dessa forma, a história e a sabedoria de povos nativos devem ser mantidos e respeitados como direitos humanos.

O direito à diversidade cultural, econômica e política proposto pelo sociólogo português não é menos desafiador. Para ele, é preciso haver outras formas reconhecidas de associações comunitárias e econômicas em paralelo ao direito da propriedade privada.

Há zonas de resistências que não aceitam que haja só uma forma de desenvolvimento. Deve haver outra e para isso é preciso novos direitos e deveres. Se conseguirmos esse equilíbrio, conseguiremos ter os direitos humanos contra essa ótica que devasta a natureza e a diversidade”, finalizou. (Com informações da RBA).

Quem foi Maria Madalena?


Quem foi Maria Madalena? (Foto: Divulgação).

Não só as novelas bíblicas da TV Record estão preocupadas em exumar, com requintes de duvidoso realismo, as figuras nebulosas do Velho e do Novo Testamento.

A missão de entender a natureza, em carne e osso, de criaturas edulcoradas pela narrativa religiosa incorre, na visão dos crentes, no pecado do sacrilégio, mas nem todos os estudos recentes e as últimas encenações têm como objetivo impor uma visão iconoclasta e desmistificadora em relação às Escrituras e à tradição dos cultos.

Esta Maria Madalena que a Netflix está botando no ar, por exemplo, filme de produção própria, trafega por um fio que desmente mentiras e mal-entendidos sem ofender a fé. Pode, portanto, agradar aos crentes dando uma piscadela para os céticos. De todo modo, arrisca-se a sugerir uma intimidade entre o Cristo e sua companheira que o pudor episcopal teima em esconder.

!Maria Madalena é, ela mesma, um enigma tão intrincado, tão polêmico e tão atraente quanto aquele que envolve o Cristo histórico.

Os Evangelhos a citam 14 vezes, ao passo que a própria mãe do Cristo só merece sete menções. É um incontestável atestado de sua presença ao pé do Nazareno numa época em que o papel das mulheres era meramente figurativo – e reprodutivo.

Maria, a que veio de Magdala, não era como as outras. Estava com Jesus na Galileia, onde ele anunciava o reino de Deus e curava os enfermos e os aleijados. Acompanhou Jesus quando ele partiu para Jerusalém, de acordo com a profecia. Quando foi pregado na cruz pelos romanos, abandonado pelos discípulos, a Madalena estava presente.

Ela assistiu ao corpo ser levado para a tumba, fechada com uma pedra. No terceiro dia, Maria Madalena descobriu que o túmulo estava vazio. Ouviu uma voz, ela se virou e viu Jesus. Estendeu a mão para tocá-lo. Devia ter essa prerrogativa. Mas ele disse: “Não me toques”. E pediu a ela para espalhar ao mundo a boa-nova.

“A mulher é em todas as coisas inferior ao homem”, escreveu o historiador judaico-romano Flavius Josephus acerca da lei da Torá. “Deixem-na, portanto, ser submissa, não para sua humilhação, mas para que ela possa ser dirigida; porque a autoridade foi dada por Deus para o homem.”

Não por acaso, a Maria de Magdala ingressara com ressalva maliciosa na narrativa bíblica, via Evangelho de Lucas (8:1-3), já fazendo parte da comitiva devota que acompanha as pregações do Cristo no ministério da Galiléia. Ela “fora de quem saíram sete demônios”.

No melhor dos casos, pode significar que ela tivera sete homens, o que reforça a confusão que se estabelecera, no mesmo Evangelho de Lucas, com aquela “mulher da cidade”, “um pecadora”, a qual, ao saber da presença do pregador por ali “trouxe um vaso de alabastro com bálsamo e colocou-se a seus pés, chorando, e começou a lavar seus pés com lágrimas, e os enxugava com os cabelos, e beijou os seus pés e os ungiu com unguento… E ele disse a ela: ‘Os teus pecados estão perdoados’” (Lucas, 7: 37-50).

Só em 1969 é que o Vaticano se incumbiu de desfazer a confusão, conta o historiador americano Michael Haag, em seu Maria Madalena, que acaba de ser publicado no Brasil. Confusão que foi por séculos e séculos conveniente, diga-se, para o cânone eclesiástico, no qual as mulheres ou tinham de se submeter ao papel mundano, suspeito, secundário da discípula de Magdala ou eram espiritualizadas, divinizadas, destituídas de toda e qualquer condição humana, como a Virgem Maria.

Como atesta o jornalista e pesquisador brasileiro Luiz Cesar Pimentel, em seu Jesus, uma Reportagem, os sucessivos concílios e sínodos desde a Idade Média só trataram de emoldurar a trajetória do Cristo e seus seguidores – e seguidoras – de acordo com a doutrina da Igreja. Em cruas palavras: mulher, tal como Madalena, ou era santa ou era puta.

Revisar historicamente os fatos relatados pelas Escrituras pode pôr em xeque, sim, velhos dogmas e antigos mitos. Os quatro Evangelhos, base para a narrativa cristã, foram escritos décadas depois da morte do Cristo, a partir de relatos orais nem sempre precisos.

Dos evangelistas, só João foi contemporâneo dos fatos. Mas a exegese crítica visa, como anuncia Pimentel, muito mais uma busca, ao estilo jornalístico, da verdade dos fatos do que um desafio à versão proposta pela fé.

Pimentel cita profusamente as investigações de um fórum multidisciplinar e pluriconfessional denominado Jesus Seminar, que, a partir de 1985, reuniu mais de 200 experts para um mergulho isento, mas minucioso em toda a literatura cristã.

Do revisionismo, a nova Madalena vai emergindo, com direito até a certas liberdades, digamos, poéticas. No filme da Netflix, por exemplo, ela aparece ao lado direito do Cristo naquela que seria a Última Ceia. Na antológica versão iconográfica de Leonardo da Vinci (1452-1519), a figura andrógina seria São João, o mais jovem dos discípulos.

Dan Brown, no bombástico O Código da Vinci, insiste que é Madalena, credenciada pela circunstância de ser a consorte do Cristo. Ele a amava como um homem ama uma mulher, defende Brown. Costumava beijá-la na boca, o que era um escândalo. Os outros discípulos tinham ciúme dela e se queixavam abertamente. Casaram-se em Canaã (as tais bodas em que faltou vinho, para desespero de sua mãe Maria, eram do próprio Cristo). Tiveram uma filha, Sara, cuja descendência prossegue no tempo, até hoje.

Após a morte de Jesus, Madalena e Sara, ajudadas por José de Arimateia, refugiaram-se no sul da França – onde a verdade sobre o Cristo foi preservada ao longo dos tempos.

Os hereges cátaros conheciam o segredo. Na igrejinha de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume, na Provença, estariam os ossos da mulher do Cristo. Ou em Vézelay, na Borgonha. A tradição gnóstica, que redimiu Madalena do ostracismo, aceitava Jesus como profeta, mas não como Deus. Descria da ressurreição. Mas esta já é outra história. (Com informações de CartaCapital).